Cerca de 2000 pessoas de toda região compareceram no último dia 21 de março, no ginásio de esportes da Unicamp, para cadastramento de cirurgia bariátrica no HC da Unicamp. A organização do evento, que ocorre três vezes ao ano, foi grupo multidisciplinar de pré-operatório no HC sob a coordenação do gastrocirurgião Elinton Adami Chaim. O evento durou toda a manhã e realizou a triagem para os casos novos. O superintendente do HC acompanhou o evento.
O Hospital de Clínicas da Unicamp realiza entre 16 e 20 procedimentos por mês, desde 1998, quando foi criado o ambulatório. A maioria dos pacientes (85%) são mulheres e 92 por cento delas tem entre 20 e 40 anos. De cada dez obesos mórbidos cadastrados, nove são mulheres. Aproximadamente 50% deles são diabéticos e quase 90% têm hipertensão. A faixa etária média é de 35 anos. O HC realiza em média, quatro cirurgias por semana e a fila atual é de cerca de 5 mil pessoas.
De acordo com o coordenador do programa no HC da Unicamp, professor Elinton Chain, as mulheres são maioria na fila por diversos motivos, entre eles disfunções hormonais, metabólicas, neurológicas, genéticas e até ambientais. “Outro motivo, não determinante, é a gravidez, onde o ideal seria ganhar até 12 quilos”, destaca Chain. Mais de 1000 pacientes já foram beneficiados pelo programa no HC da Unicamp, um dos serviços que mais produz no país.
O Ambulatório de Cirurgia Bariátrica do Hospital de Clínicas atende uma média de 150 pessoas por mês com excesso de peso (IMC entre 25 e 35) ou obesidade. Os pacientes fazem uma entrevista inicial e são encaminhados para um tratamento que implique na cirurgia ou não. “A obesidade é um problema de saúde pública que precisa ser ampliado. É importante mostrar o quanto o sedentarismo pode agravar problemas de saúde relacionados ao excesso de peso”, alerta Chaim.
Antes da definição da cirurgia, os pacientes são obrigados a passarem por um programa disciplinar pré-operatório multidisciplinar formado por psicólogo, psiquiatra, nutricionista, assistente social, fisioterapeuta e enfermeira além dos médicos, que acontece semanalmente no HC. Quem entra no programa da Unicamp tem que perder 20 % do peso. “o trabalho possibilita que o obeso chegue em condições mais favoráveis à sala de cirurgia, o que contribui para a redução de eventuais complicações”, enfatizou.
Conforme o também gastrocirurgião José Carlos Pareja, nos dias de hoje, a epidemia de obesidade é responsável por cerca de 30% de todo o gasto com saúde pública no mundo, em razão dos problemas que causa. “Ou seja, se combatermos a obesidade, certamente estaremos economizando dinheiro e oferecendo maior qualidade de vida à população”, considerou.
Aproximadamente 70 milhões de brasileiros – o equivalente a 40% da população – estão acima do peso segundo o IBGE. O número quase triplicou nos últimos vinte anos. Quase 18 milhões de brasileiros são obesos, ou seja, têm um IMC* – índice de massa corpórea maior que 35. Destes, em torno de 5 milhões são considerados “obesos mórbidos”. De acordo com estudos do MS, cerca de 1,2 bilhão de reais são gastos anualmente no Brasil com o excesso de peso e as doenças ligadas a ele.
Estudos realizados nos EUA mostraram que a doença aumenta em até 12 vezes o risco de morte. “A obesidade é uma doença que precisa ser tratada como uma das prioridades pelas autoridades de saúde do país. Precisamos de mais programas de prevenção, para que as pessoas não cheguem a uma situação de nem poderem sair de casa”, diz Chain que acrescenta “A cirurgia bariátrica não pode ser vista como modismo da estética, já que apresenta risco de mortalidade no operatório e pós-operatório”, conclui Chain.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp