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Urofisioterapia é um livro concebido para servir como referência no tratamento das disfunções miccionais e do assoalho pélvico por meio de técnicas fisioterapêuticas. Editada por Paulo Cesar Rodrigues Palma, urologista e chefe desta disciplina na Unicamp, a obra terá lançamento prévio na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), às 9 horas do dia 4 de novembro, antes de ser divulgada nacionalmente durante o 32º Congresso Brasileiro de Urologia, entre os dias 7 e 11 de novembro, em Goiânia. A publicação é da Legnar Editora.

“A Unicamp é pioneira no tratamento fisioterápico de disfunções como incontinência urinária, prolapsos genitais e bexiga hiperativa. Mais do que divulgar nossas experiências, o objetivo foi produzir um texto de referência, com a colaboração de expoentes da urologia e da fisioterapia não apenas do Brasil, mas também de países como Itália, Holanda e Noruega. A ideia é introduzir definitivamente – e com sólidas bases científicas – o uso da urofisioterapia nas disfunções miccionais e de assoalho pélvico”, afirma Paulo Palma. [VÍDEO]

Segundo o professor, trata-se de um livro bastante atualizado, abordando desde conceitos e diagnósticos a respeito das disfunções até as técnicas mais modernas de fisioterapia. “Estamos falando de diagnósticos do século 21, a exemplo da bexiga hiperativa, descrita apenas em 2001. É importante informar aos profissionais formados há mais de dez anos sobre novas síndromes e tratamentos, como meio de estender para toda a população avanços aplicados no ambiente universitário”.

Paulo Palma informa que as disfunções do assoalho pélvico atingem pelo menos 25% das mulheres após a menopausa, sobretudo a incontinência urinária e os prolapsos genitais. A bexiga hiperativa a incide em 16% de ambos os sexos. “As disfunções representam um problema de saúde pública. Dentre as mulheres, 10% vão requerer cirurgia até os 70 anos de idade. Quanto ao homem, sua anatomia favorece o assoalho pélvico; porém, existem as complicações na próstata, sendo a incontinência urinária uma das sequelas do procedimento cirúrgico”.

De acordo com o editor do livro, a necessidade imperiosa de urinar se deve à diminuição da capacidade funcional da bexiga. “Em média, o reservatório é de 400 mililitros no homem e de 500 mililitros na mulher – tanto é que algumas urinam apenas duas ou três vezes ao dia, embora não seja correto. Quando esse intervalo é reduzido para 30 ou 45 minutos, a vida social já está comprometida: a pessoa não pode ir ao cinema ou igreja e acorda frequentemente à noite, o que implica cansaço crônico, alteração de humor e problemas conjugais, especialmente quanto à sexualidade”.

Palma explica que a cirurgia é um procedimento adequado, mas não desejável em (e por) pessoas com idade muito avançada. Já o tratamento medicamentoso provoca vários efeitos colaterais, desde boca seca e constipação até confusão mental nos mais idosos. “Um idoso que toma remédio para bexiga hiperativa não deve dirigir, já que sua estrutura cognitiva está prejudicada, como se ele tivesse dez anos a mais. No paciente geriátrico, a fisioterapia cumpre um papel importantíssimo por não provocar efeitos colaterais, ainda que os resultados demorem um pouco mais”.

O docente da Unicamp alimenta a expectativa de que a urofisioterapia seja tão disseminada quanto a fisioterapia complementar à ortopedia – associação cuja importância não é questionada. “Na bexiga hiperativa, o índice de sucesso da urosifioterapia é de 60%, contra 50% do tratamento medicamentoso. Também é fato que o tratamento multimodal, associando fisioterapia e medicamento, geralmente traz resultado final superior do que quando usados isoladamente. A fisioterapia na preparação para a cirurgia, ou em seu complemento, ainda é objeto de estudo”.

Estímulo muscular

Uma das técnicas mencionadas por Paulo Palma é a cinesioterapia, aplicada em mulheres com incontinência urinária, que apresentam fragilidade na musculatura do assoalho pélvico. “A paciente perde urina ao simples espirro. A cinesioterapia implica justamente exercitar, contrair a musculatura. No processo de avaliação recorremos a métodos de biofeedback, com a colocação de eletrodos no interior da vagina; quando a paciente contrai o músculo correto há emissão de luz ou som”.

Palma ressalta que o livro aborda desde técnicas de fisioterapia conservadoras, como o uso de pessários intravaginais (dispositivos feitos geralmente de silicone) ou perda involuntária de urina, até recursos dos mais modernos, tal como a estimulação do nervo tibial posterior, que fica próximo ao tornozelo. “Essa medida pode causar estranhamento, mas é possível estimular o tornozelo para tratar de bexiga hiperativa, sem qualquer desconforto, pois se utiliza apenas um eletrodo de superfície”.

A urofisioterapia vem beneficiando também as crianças com enurese noturna (aquelas que ainda fazem xixi na cama), com medidas induzindo à micção programada e promovendo exercício vesical. “Além da mudança de hábitos como o de tomar muito líquido a partir do jantar, procuramos aumentar a capacidade vesical da criança, estimulando-a a urinar em intervalos gradativamente maiores. Havendo algum grau de bexiga hiperativa, o ato miccional é ensinado desde o relaxamento da musculatura até o momento certo da contração”.

Quando buscar ajuda

O professor Paulo Palma lembra que prevalece no país o mito de que a urgência miccional e a perda de urina mediante esforço fazem parte do envelhecimento feminino. “As mulheres precisam saber que isso não é normal e que existe tratamento. Havendo sintomas suficientes para incomodar sua qualidade de vida, elas devem procurar ajuda, ao invés de esperar até serem obrigadas ao uso de fraldas e forros. O sofrimento pode ser abreviado”.

Luiz Sugimoto (texto), Antonio Scarpinetti (fotos), Everaldo Silva e RTV Unicamp (edição das imagens)
ASCOM

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