História

A história do HC está intimamente ligada à Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, autorizada a funcionar em 1963 e a 5ª faculdade pública do Estado.

Provisoriamente, permaneceu instalada nas dependências da Maternidade de Campinas até 1966, quando o primeiro diretor da FCM, o oftalmologista Antônio Augusto de Almeida, acertou a transferência das especialidades médicas para o prédio da Santa Casa de Misericórdia de Campinas.

Na época, eram cerca de 200 médicos, enfermeiros, alunos e residentes que atendiam uma média de 5.000 pessoas/mês. Lá funcionou por quase 20 anos, inclusive no casarão onde hoje fica a choperia Giovanetti V, que abrigava as atividades ambulatoriais de clínica médica e cirurgia.

Alinhados ao esforço de firmar a universidade como importante pólo de produção de pesquisas e de cultura, conduzida pelo reitor Zeferino Vaz, muitos professores e pesquisadores renomados passaram pelo anfiteatro “Paulistão” na Santa Casa, palco de aulas magistrais e de memoráveis defesas de teses. Entre eles Parolari, Hadler, Busamara, Silvio Carvalhal, Vital Brasil, Negreiros, Bernado Beiguelmann, Paiva, Mário Mantovani, Lopes de Faria, David Rosenberg, Carlos Frazato, Gabriel Porto, António de Almeida, Osvaldo Freitas Julião, Raimundo de Castro, Vicente Amato, Frederico Magalhães e muitos outros.

Com a expansão da universidade no início dos anos 70, ficou definido a construção do Hospital das Clínicas da Unicamp e em 1975 é lançada a pedra fundamental do hospital (foto abaixo). Através da Concorrência Pública 01/70, foi constituído um consórcio formado pela Siemens S/A (incorporadora da Casa Lohner S/A Médico Técnica), Hospitalia Internacional GmBh, Artur D’little (equipamentos), Companhia de Planejamentos Técnicos Intarco e pelo escritório de Construção e Engenharia Ecel S/A, que começaram as obras em 1980.

A construção do hospital foi fiscalizada por grupos de trabalhos constituídos pela Unicamp e as obras civis fiscalizadas pelo ESTEC. Os projetos arquitetônicos foram elaborados pelos profissionais Bross, dos Santos e Leitner. Em 1979, o consórcio conclui a primeira etapa do hospital, destinada aos ambulatórios. Estava aberta a contratação dos primeiros 195 servidores do HC. Em fevereiro de 1979 foram inaugurados os 53 consultórios dos ambulatórios. Em meio a avenidas desertas, com poeira ou lama e cercado por canaviais, foram chegando os primeiros ônibus para o atendimento ambulatorial.

As obras de conclusão do HC foram reiniciadas em 1982, pelo ESTEC, após rompimento do contrato com o consórcio, mantendo sempre o mesmo padrão de qualidade construtiva inicial. Em 1983, um contrato de empréstimo impulsiona o término das obras do Hospital das Clínicas (HC) previstas para o primeiro semestre de 1985.

Em 10 de outubro de 1985, o convênio mantido com a Santa Casa de Misericórdia foi cancelado. Era o nascimento das atividades no HC com a inauguração do primeiro leito do Hospital das Clínicas na Enfermaria Geral de Adultos. Poucos meses depois (dezembro), era realizada a primeira cirurgia HC: de úlcera péptica conduzida pelos professores Luiz Sérgio Leonardi e Mário Mantovanni. Já a transferência das enfermarias, se deu ao longo dos primeiros meses de 1986, terminando com a inauguração do Pronto Socorro em 6 de junho de 1986.

Com o passar dos anos, a estrutura proposta adquiriu uma forma mais complexa. A planta do hospital, que tem uma área de 56 mil metros quadrados, sofreu uma série de modificações, no sentido de adequar-se às novas necessidades originadas por uma demanda crescente, e à própria diversificação de atividades de ensino e pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas.

A partir  2004, a Unicamp iniciou a implantação de um plano para readequar o Hospital de Clínicas (HC) à sua verdadeira vocação junto ao Ministério da Saúde, que é a de hospital terciário. A proposta, amplamente discutida com todos segmentos internos e externos de usuários do hospital, estabeleceu, entre outras medidas, a reorganização do atendimento no pronto-socorro – referenciamento –  e nos ambulatórios, que passaram a dar prioridade aos casos referenciados de maior complexidade.

Dias de hoje – Três décadas e meia depois de instalado no campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Hospital de Clínicas continua sendo um dos pilares de excelência da saúde pública do Estado de São Paulo. Considerado um dos maiores hospitais universitários do país e um centro de referência nacional em serviços terciários, o Hospital de Clínicas da Unicamp já atendeu mais de 7 milhões de pacientes desde 1985.

Sua capilaridade assistencial de alta complexidade é referência para o município de Campinas e para a macrorregião de 86 municípios, com cerca de 6,5 milhões de habitantes. Ao longo de sua história, o HC da Unicamp estruturou serviços e procedimentos que se tornaram referência nacional para outras instituições públicas e privadas da área da Saúde.

Contudo, pacientes de quase todos municípios de São Paulo e vários estados são atendidos nos ambulatórios do hospital, em praticamente todas as especialidades (44) e subespecialidades clínicas e cirúrgicas, inclusive as mais raras e complexas. Levantamentos do hospital demonstram que os estados que mais utilizaram os serviços nesse período foram MG, PR, BA, RJ, e MT.

O hospital ocupa quase 104.000 metros quadrados no distrito de Barão Geraldo, a 12 quilômetros do centro de Campinas, e possui uma área construída de aproximadamente 65.000 m2, distribuídos em sete blocos interligados, de seis andares cada. Por aqui circulam diariamente mais de 10 mil pessoas.

Integram este complexo os prédios do Hospital Dia (1.551 m²), destinado ao atendimento de pacientes soropositivos para HIV/Aids, e o Centro Integrado de Nefrologia (1.388 m2), para pacientes que necessitam de diálise, compreendendo mais 2.939 m2..

O orçamento atual é constituído por recursos da Universidade, num percentual de 70%, destinados principalmente ao pagamento de recursos humanos (custeio), e verbas do Ministério da Saúde, através do repasse SUS, que representam 30%. No hospital, 69% são funcionários de carreira Unicamp e 31% colaboradores contratados pela Fundação de Desenvolvimento da Unicamp – Funcamp.

O agendamento das consultas eletivas para os novos pacientes é realizado pelas centrais de regulação de consultas das Diretorias Regionais de Saúde da macrorregião de Campinas (DRS VII Campinas, DRS X Piracicaba, DRS XIV São João da Boa Vista), que dispõem de uma cota percentual de vagas para o atendimento das especialidades no hospital.

Mas em um hospital com foco principal em os procedimentos de alta complexidade, outros números impressionam. Com atendimentos integralmente através do SUS, anualmente são realizados 2,6 milhões de consultas e procedimentos ambulatoriais, mais de 3,3 milhões de exames, 15 mil internações eletivas e de urgência e ceca de 15 mil cirurgias, o que equivale, em média, a 40 cirurgias diárias.

Em 2011, O HC da Unicamp foi o hospital no Estado de São Paulo que mais realizou transplantes cardíacos em adultos, totalizando 13 procedimentos. HC de São Paulo e Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, ambos da capital, apareceram na sequência. É importante ressaltar o papel da Organização de Procura de Órgãos (OPO-Unicamp) do Hospital de Clínicas, que lidera as notificações no interior do Estado.

Nessa área de alta complexidade, o HC vem conseguindo excelentes resultados. Em neurocirurgias, a instituição é uma das poucas no país que realizam cirurgias de epilepsia, cirurgias para ressecção (extração) de tumor cerebral com paciente acordado e cirurgias oncológicas.

Em 2015, por exemplo, o HC comemorou a realização de 500 cirurgias de epilepsia. Outro marco, foram os 1000 implantes cocleares realizados no hospital. Em 2021, a instituição deve atingir a marca de meio milhão de cirurgias. 

A Unidade de Urgência e Emergência Referenciada (UER) atende à regulação regional e municipal de Urgência e Emergência, bem como à procura espontânea com classificação de risco do Protocolo de Manchester. São atendidos diariamente, em média, 280 pacientes. Aproximadamente 70% deles são de baixa e média complexidade, classificadas como azul e amarelo. A capacidade física é para 40 leitos.

O atendimento multiprofissional está presente em todo o hospital, com equipes capacitadas para a assistência integral ao nosso usuário, especialmente em especialidades que cuidam de problemas como transplantes, oncologia, reabilitação etc. Integram ainda essas áreas a Fisioterapia, a Nutrição, a Odontologia, a Psicologia e a Terapia Ocupacional.

O HC também é credenciado como CACON (Centro de Alta Complexidade em Oncologia), que atende em média 1.500 consultas/mês, realizadas por uma equipe multiprofissional, incluindo 80 casos novos. No ambulatório de Oncologia Clínica são realizadas cerca de 1.000 quimioterapias/mês. Já o serviço de Radioterapia produz uma média de 20 mil sessões por ano, com o acelerador linear. Um novo acelerador foi adquirido e deverá estar em pleno funcionamento em 2021, inclusive com a tecnologia de radio-cirurgia.

Como hospital universitário, o HC da Unicamp também tem um tripé de obrigações acadêmicas: ensino, pesquisa e extensão. Circulam pelo hospital 1.100 alunos de graduação, cerca de 400 médicos residentes, bem como mais da metade dos pós-graduandos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade

Para aprimorar o processo de engajamento das especialidades e responder às demandas da assistência, a direção do HC realiza anualmente diversas discussões com os chefes das disciplinas e dos departamentos da FCM, afim de consolidar listas de equipamentos para aquisição. Em conjunto com as especialidades, a superintendência investe na construção de soluções para o desenvolvimento das áreas assistenciais da unidade.

A perspectiva para o futuro está consolidada pelo planejamento estratégico do HC da Unicamp, que tem atuado junto a Secretaria de Estado da Saúde e ao Ministério da Saúde, para correção financeira do teto da instituição, sem reajustes desde 2012. Entre outras metas, estão o credenciamento de novos leitos na UTI Coronariana, a reforma e climatização das enfermarias e readequação da UER.

Saiba mais sobre essas duas décadas de história do hospital nas reportagens no Jornal da Unicamp – JU assinadas por Caius Lucilius: