A equipe do Serviço de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (SFTO) que cuida de pacientes internados com covid-19 do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp ganhará o reforço de dois profissionais de Fonoaudiologia. Eles atuarão na reabilitação da fala e deglutição dos pacientes internados e no gerenciamento dos riscos de broncoaspiração – aspiração de vias aéreas superiores. A contratação, de caráter emergencial, será pelo período de seis meses, conforme parceria firmada com a Secretaria Estadual de Saúde.
“Esse era um anseio antigo da equipe de reabilitação e será muito útil para a recuperação da saúde dos pacientes com covid-19. O trabalho em equipe irá corroborar com a proposta do cuidado integral e seguro, centrado no paciente atendido no HC da Unicamp”, revela Plínio Trabasso, coordenador de assistência do HC Unicamp.
Pacientes que evoluem para o quadro mais grave da covid-19 apresentam necessidade de intubação orotraqueal e chegam a ficar entre 10 e 14 dias intubados, respirando por meio de ventilação mecânica. Com a recuperação e retirada do tubo orotraqueal, alguns pacientes podem evoluir para um distúrbio da deglutição e da fala. A incoordenação entre a deglutição e a respiração é fator de alto risco para broncoaspiração.
De acordo com a fisioterapeuta e coordenadora SFTO do HC Unicamp, Luciana Castilho de Figueiredo, o SFTO está com 106 profissionais fisioterapeutas para realização de atendimentos de pacientes covid e não covid-19. Recentemente, foi implantado o atendimento de fisioterapia 24 horas para pacientes covid nas Unidades de Internação de Adultos e Unidade de Emergência Referenciada (UER).
A equipe do SFTO faz parte do Time de Alta Segura do HC Unicamp, auxiliando as equipes da saúde quanto à indicação de oxigenoterapia domiciliar e integrando ações de reabilitação hospitalar com o objetivo de proporcionar uma melhor funcionalidade e mobilidade, no momento de alta hospitalar.
“A inclusão de fonoaudiólogos às equipes representa um avanço frente às características atuais dos pacientes que recebemos, pela necessidade de implementação e manejo quanto à oxigenoterapia segura, diminuir a taxa de intubação orotraqueal e, consequentemente, diminuir a taxa de utilização de leitos de UTI, escassos em todo território nacional”, diz Luciana.
Para a fonoudióloga e professora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Lucia Mourão, a participação do fonoaudiólogo vai permitir a atuação integrada com a equipe médica e multiprofissional por sua expertise na identificação dos riscos de broncoaspiração, avaliação especializada do processo da deglutição, contribuindo para a redução da ocorrência de broncoaspiração, minimizando os agravos à saúde devido à pneumonia aspirativa e, principalmente, auxiliando na reintrodução de alimentação oral e redução do tempo de permanência em unidade hospitalar.
“Assim, a atuação conjunta do fonoaudiólogo com o fisioterapeuta vai propiciar um cuidado mais especializado e integrado que, certamente, contribuirá para os cuidados no pós-alta. Integrar o time de alta segura será fundamental para minimizar as sequelas apresentadas pelos pacientes, beneficiando a funcionalidade e a qualidade de vida”, explica Lucia, que assessora e colabora com a equipe da SFTO.
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