A Unidade de Transplante de Medula Óssea (TMO) da Unicamp comemorou 25 anos de atividades com quase 1400 transplantes realizados. O Serviço fez o primeiro transplante em 15 de setembro de 1993 e é um dos serviços mais importantes no país. O evento, promovido pelo Hemocentro da Unicamp, aconteceu no anfiteatro da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e contou com a participação de autoridades, funcionários, médicos e pacientes transplantados.
A coordenadora do Hemocentro da Unicamp, Margareth Ozelo, abriu o evento parabenizando todos que fizeram parte da história do TMO na Unicamp e ressaltou a larga experiência de capacitação promovida pela Unidade, ontem e hoje. “A expertise de nossa equipe é uma marca que está presente entre médicos, enfermeiros, psicólogos etc, treinados no Brasil e no exterior, o que situa nosso centro entre os melhores da América da Latina em pesquisa científica e formação profissional”, destacou.
“É um casamento indissolúvel pelo resto da vida”, diz Afonso Vigorito coordenador do serviço de transplantes de medula óssea, se referindo ao transplantado que precisa de um acompanhamento constante da equipe médica. O transplante de medula e de células-tronco sanguíneas aumentou a taxa de sobrevivência para alguns tipos de câncer hematológico para 90%. Antes, as chances de cura beiravam zero.
O médico hematologista Cármino Antônio de Souza, responsável pela criação da unidade na Unicamp, agradeceu a todas as pessoas que trabalharam efetivamente para que o sistema atingisse os números que apresenta hoje. Em 25 anos, o serviço nunca sofreu paralisação e desenvolveu vários programas como o transplante de medula alogêncio, autólogo e mais recentemente o haploidêntico.
Segundo ele, a estruturação da unidade na Universidade custou na época, cerca de U$S 250 mil financiados pela Secretaria de Estado da Saúde. “Esse valor correspondia a um transplante realizado nos Estados Unidos”, recorda Cármino.
O professor Manoel Bertolo, da DEAS, endossou a importância do HC no interior do Estado no volume de transplantes de órgãos e tecidos, inclusive a medula óssea. “Estamos entre os maiores centros transplantadores do Brasil, e todas nossas avaliações pré e pós transplantes, são classificadas como excelentes pelo Ministério da Saúde”, assegurou Bertolo.
Bertolo, que já foi superintendente do HC, ainda parabenizou o professor Cármino pelo incessante apoio à área da Saúde da Unicamp, já que atualmente é o secretário municipal de Saúde. “A equipe de transplante de medula óssea é um motivo de muito orgulho para nossa área da Saúde e de toda a Universidade”. O professor Plínio Trabasso, representou o superintendente do HC e compôs a mesa.
Existem no país mais de 40 centros concentrados principalmente nas regiões Sul e Sudeste, que de janeiro a junho deste ano realizaram 1335 transplantes de medula. São Paulo é o Estado com o maior número de procedimentos nesse período (675) e responde por cerca de 45% do total do país. No mundo todo são cerca de 60 mil transplantes efetivados todos os anos.
A presidente da Associação dos Pacientes Transplantados de Medula Óssea, Marilia Brasil Rocha Navarro elogiou o atendimento da Unidade no Hospital de Clínicas durante o difícil processo, “O caminho em que os pacientes atravessam é com muito sofrimento, é um misto de sentimentos conflituosos. E durante esse processo, encontramos aqui um apoio suficiente, com segurança no tratamento e confiança no atendimento”.
A coordenadora geral da Universidade, Teresa Dib Zambon Atvars, representou o reitor Marcelo Knobel, em viagem oficial à China e finalizou a cerimônia. “Como a Unicamp, esse centro é uma marca de inovação, que foi o embrião para a criação de outros serviços Brasil afora, com o diferencial de recursos humanos qualificados e multiplicadores de conhecimento. Uma idéia que deu muito certo”, comemorou.
Ao final da cerimônia houve uma homenagem ao fundador da Unidade, Cármino de Souza, conduzida pela coordenadora do Hemocentro, pelo diretor da DEAS e pelo diretor da FCM. Logo após, foi realizado um culto ecumênico com o capelão geral e o capelão evangélico do HC, o Padre Norberto Tortelo Bomfim e o Pastor João Sílvio Rocha.
Medula óssea – Um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por ‘tutano’. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
As hemácias transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo
O médico E. Donnall Thomas, pioneiro no uso de transplante de medula óssea para tratar pacientes com leucemia e ganhador do Nobel de medicina em 1990, fez os primeiros transplantes na década de 60 e, em 1970, publicou o primeiro trabalho relatando um grande número de transplantes. Ele morreu em Seattle, nos EUA, aos 92 anos, em 2012.
No transplante autólogo, utiliza-se a célula-tronco do próprio paciente, que é retirada após um processo de mobilização, para ser recolocada depois de uma quimioterapia de alta dose. Com este processo, espera-se destruir o tumor alvo do procedimento e restaurar o sistema imunológico e sanguíneo do paciente.
Caius Lucilius com Beatriz Bittencourt – Assessoria de Imprensa HC