Gastrocentro celebra 50 anos de cirurgias do aparelho digestivo


O Gastrocentro promoveu neste final de semana, (sábado, 18) a celebração de 50 anos de Cirurgias do Aparelho Digestivo. O evento reuniu docentes, docentes aposentados, médicos, ex-residentes e convidados de várias regiões do país. Entre os palestrantes os docentes aposentados João José Fagundes, Antônio Frederico Novaes de Magalhães e Luiz Sérgio Leonardi que apresentaram uma trajetória do serviço desde a Santa Casa até os anos 2000. A condução do evento foi do professor Nelson Andreolo.

A história foi relatada com muita precisão pelos antigos professores e precursores do serviço na Unicamp. Como lembrou o professor Fagundes, o primeiro a discursar, uma das primeiras enfermarias da FCM foi a gastroclínica/gastrocirurgia, em 1967, em um andar da Maternidade. Entre os primeiros procedimentos estavam as peritoneostomia rigida. “Na época fomos taxados como um serviço de gastrocirurgia progressista”, recordou Fagundes em sua apresentação com muitas fotos antigas.

Com a primeira turma de alunos chegando ao terceiro ano, disse, houve a necessidade de crescer e formalizou-se o convênio com a Santa Casa de Campinas. Pouco depois em 1972, a gastrocirurgia passou a integrar o recém criado departamento de cirurgia da FCM e as suturas do aparelho digestivo resultaram nos primeiro trabalhos científicos da área ainda nos anos 70, a endoscopia do aparelho digestivo ganhava espaço nos serviços da FCM na Santa Casa. “A endoscopia em Campinas começou conosco na Santa Casa”, informou.

O colopractologista encerrou sua apresentação com três fatos marcantes: em 1979, quando o ambulatório de gastroclínica/gastrocirurgia foi o primeiro transferido da Santa Casa para o HC, que começou a funcionar com a área dos ambulatórios. E no mesmo ano a liberação de cinco vagas para departamento de cirurgia, uma delas para a gastrocirurgia.

Outro fato importante aconteceu em 1980. A cirurgia de emergência de um aneurisma de aorta roto realizada no reitor da Unicamp, Zeferino Vaz. A equipe era composta pelos professores Mário Mantovani, Renato Giuseppe Giovanni Terzi e Nelson Andreolo. A cirurgia foi bem sucedida, porém, evoluindo para uma insuficiência renal aguda. “Como não havia hemodiálise em Campinas o reitor foi transferido para SP e veio a falecer”, disse Fagundes.

A trajetória dos anos 80 até o início dos anos 90 foi recordada pelo professor Andreolo, entre elas a 1ª cirurgia realizada no centro cirúrgico do HC, que aconteceu em dezembro de 1985 sob os cuidados do professor Mantovani, Leonardi e com apoio do então residente (R3) e hoje docente, Luiz Roberto Lopes.

“Foi início de uma época áurea da cirurgia no HC da Unicamp que começou a funcionar em plena carga”, comentou Andreolo. A importância da gastrocirurgia após a inauguração do HC no campus teve reflexos na residência. Em 1988, Unicamp, USP, USP Ribeirão e EPM juntas criaram as primeiras residências em gastrocirurgia e o primeiro residente foi Claudio Coy, hoje diretor associado da FCM.

Mas para a gastroclínica/gastrocirurgia da Unicamp, a maior conquista foi a inauguração do Centro de Diagnóstico de Doenças do Aparelho Digestivo (Gastrocentro) da Unicamp no início dos anos 90. O evento foi determinante para logo em seguida a instituição ser escolhida pela Japan International Cooperation Agency (Jica) para projetos assistenciais e de pesquisa na América Latina. Os outros locais foram Recife e Santiago (Chile).

A parceria com a Jica proporcionou inúmeros benefícios ao Gastrocentro, como capacitação médica e equipamentos, o que contribuiu significativamente para aprimorar o diagnóstico precoce de tumores gástrico, intestinal e hepático por meio de técnicas pioneiras no Brasil, colaborando para ampliar a expectativa de vida dos pacientes atendidos pela Unicamp.

Após as palestras, todos participaram do descerramento de uma placa comemorativa com o nomes dos ex-residentes. Desde 1990, 68 médicos fizeram residência em gastrocirurgia, 13 em proctologia e sete em transplante hepático. Desde 2016, a FCM disponibiliza cinco vagas para residência: 4 em cirurgia do aparelho e 1 para coloproctologia. “É um orgulho imenso ter feito parte dessa história de sucesso e hoje reencontrar velhor amigos, ex-alunos e ex-residentes”, encerrou Leonardi.

Caius Lucilius com Beatriz Bittencourt – Assessoria de Imprensa HC