O Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15) formalizaram nesta terça-feira (29/08), no Fórum Trabalhista de Paulínia, o repasse de recursos oriundos de uma decisão judicial, para aquisição de um microscópio de fluorescência de última geração para avaliação de amostras de tecidos tumorais no Laboratório de Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas da Unicamp. Será o primeiro microscópio dessa categoria na Região e o valor destinado para o HC da Unicamp foi de R$ 800.000,00.
O projeto foi escolhido pelo MPT, entre outras entidades, com a participação do juízo trabalhista de Paulínia. Promoveram a entrega simbólica, o presidente do TRT-15, desembargador Samuel Hugo Lima e o procurador do MPT Eduardo Luís Amgarten, representando o procurador-chefe do MPT Dimas Moreira da Silva. Prestigiaram a cerimônia o desembargador Fábio Bueno de Aguiar e a desembargadora aposentada Maria Inês Corrêa de Cerqueira César Targa, a juíza diretora do FT de Paulínia, Claudia Cunha Marchetti, o juiz Oseias Pereira Lopes Junior, titular da 1ª Vara do Trabalho de Paulínia e os juízes fixados no FT local Sofia Lima Dutra e Gustavo Zabeu Vasen.
As docentes Albina M. A. Altemani, Fernanda Viviane Mariano Brum Corrêa do Departamento de Anatomia Patológica da FCM e o ex-superintendente do hospital, Antonio Gonçalves de Oliveira Filho, representaram a UNICAMP no evento no Fórum Trabalhista de Paulínia. O repasse de recursos são oriundos da decisão judicial que condenou a Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás e a Techint S/A ao pagamento de indenização por dano moral coletivo.
O juiz Oséas Pereira Lopes Junior, responsável pela homologação dos valores a serem entregues, abriu a cerimônia e afirmou que essas foram “indicações seguras” por parte do MPT, principalmente pelo histórico de trabalho em prol da sociedade realizado pela Unicamp, pelo Grupo Primavera e pelo Seareiros. “Nunca vão sobrar elogios suficientes para o trabalho dessas instituições”, concluiu.
Na sequência, o procurador Eduardo Amgarten afirmou que o momento requer uma reflexão sobre o papel da Justiça do Trabalho, que com decisões como essa podem ajudar muito a sociedade civil. O procurador enalteceu o TRT-15 pela “coragem” habitual de julgar buscando o “caminho mais excelente, que é o do amor”, como diz Paulo em 1 Coríntios 13.1-13.
O presidente Samuel afirmou que a entrega de valores às três instituições tem um propósito significativo que “reflete a força da justiça e o compromisso com o bem-estar da nossa sociedade” e simboliza “não apenas a retificação de um equívoco, mas também a construção de um futuro mais promissor para nossa comunidade”.
O magistrado agradeceu às autoridades que lideraram o processo, especialmente o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho, “pelo incansável empenho em promover a justiça e o bem-estar de nossa comunidade” e ressaltou que esses “gestos de generosidade e justiça refletem a força da colaboração entre o Judiciário, a sociedade e instituições dedicadas ao bem comum”.
O presidente também fez uma homenagem especial à desembargadora Maria Inês Targa, a quem chamou de “ícone da magistratura do trabalho” por sua “coragem” no julgamento do caso Shell/Basf. O processo foi julgado na 2ª VT de Paulínia pela então juíza Maria Inês, e se tornou emblemático na história dos processos trabalhistas brasileiros.
O microscópio permitirá, por exemplo, a análise da reação de FISH (Hibridização in situ por fluorescência), que permite a detecção de mutações genéticas em tumores, que corrobora para o médico da especialidade analisar a terapia mais indicada para o tipo de tumor. O valor destinado para o HC da Unicamp inclui ainda um contrato de manutenção por cinco anos e um computador específico com softwares de análise de imagens das amostras biológicas.
A diretora do Serviço de Anatomia Patológica do HC assegura que a incorporação do novo equipamento representa um salto tecnológico na área. “Esta conquista é resultado de sete anos de várias tentativas e a inclusão da investigação por FISH na rotina diagnóstica e na pesquisa, possibilitará diagnósticos mais precisos determinando um tratamento mais apropriado aos pacientes portadores de tumores, além de avançar a linha de pesquisa em Patologia Molecular de nosso Laboratório”, detalhou Fernanda Mariano.
Fernanda que é patologista oral esclarece que genes específicos e já conhecidos relacionados às mutações são investigados na reação. Seqüências de DNA (sondas) são conjugadas com substâncias fluorescentes e incubadas com o tecido em investigação. O resultado da marcação definirá a presença ou ausência da mutação genética no tumor alvo, norteando sua classificação e nomenclatura. “Hoje a nomenclatura e classificação dos tumores são baseadas nos aspectos morfológicos, imunohistoquímicos e moleculares, que por usa vez, pode direcionar uma terapia mais específica e individualizada com possibilidades prognósticas diferenciadas”, diz a professora.
Segundo Fernanda Mariano na microscopia de fluorescência a amostra incubada com as sondas marcadas com fluoróforos, emite luz após ser excitada por uma fonte (filtros de fluorescência), criando uma imagem de alta resolução. “A técnica de FISH será complementar aos processos já existentes no laboratório como a análise da morfologia [aparência do tumor] feita pela coloração de hematoxilina e eosina [H&E], colorações especiais e a técnica de imuno-histoquímica [reação de antígeno-anticorpo], as quais são visualizadas através microscopia óptica de luz em microscópio convencional”.
Totalmente motorizado, flexível e fácil de usar, o microscópio inclui um porta-objetiva para focalizar a amostra, permitindo a fixação da platina para proporcionar estabilidade adicional. Os interruptores no controlador permitem que se alterne diferentes métodos de observação, objetivas e unidades de espelho enquanto realiza os ajustes de intensidade ou a captura de imagem.
Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC com assessoria TRT-15
