Estudo com células-tronco assegura prêmio em congresso de medicina do esporte


A pesquisa de terapia regenerativa com células-tronco do tecido adiposo na cartilagem articular do joelho, apresentado pelo médico Alessando Zorzi, do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FCM-Unicamp foi escolhido como o melhor trabalho científico do 28º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte, realizado de 12 a 15 de outubro, em Florianópolis. A pesquisa demonstrou uma melhora na cicatrização de lesões na cartilagem articular em ovelhas que receberam o implante de células-tronco.
 
O trabalho da Unicamp foi o melhor entre 103 inscritos avaliados pela comissão organizadora do Congresso e um dos seis escolhidos para apresentação oral. Participaram da pesquisa o professor João Batista de Miranda e a hematologista Ângela Cristina Malheiros Luzo, uma das fundadoras do Grupo Multidisciplinar de Terapia Celular da Unicamp. Segundo Zorzi, após experimentos bem sucedidos com os coelhos, a intenção nesta fase da pesquisa foi avaliar se os resultados confirmavam a eficácia da técnica, usando ovelhas com peso aproximado de um ser humano (cerca de 70 Kg).
 
“Este é o primeiro trabalho pré-clínico para regeneração da cartilagem articular em animais de grande porte com células da gordura, pré-requisito para a realização de estudos clínicos em humanos nos próximos anos”, comenta Zorzi. Na pesquisa, 30 ovelhas adultas foram submetidas a cirurgia nos joelhos (foto) bilateralmente, para criação de uma lesão condral e divididas em três grupos.
 
Angela Luzo destaca que as células-tronco do tecido adiposo são mais abundantes, mais facilmente acessadas e apresentam menor senescência (processo de envelhecimento natural) em cultura, do que as células-tronco da medula óssea ou de fluído sinovial. “Também apresentam concentrações 300 vezes maior além da facilidade de acesso subcutâneo”, esclarece Luzo que também é diretora do Serviço de Transfusão do HC e do Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário  (BSCUP) do Hemocentro da Unicamp.
 
De acordo com o professor Miranda, o interesse pela linha de pesquisa foi devido ao baixo potencial de regeneração do tecido cartilaginoso articular e ao aumento da incidência de lesões condrais em atletas jovens. “A disponibilidade de novas tecnologias e os avanços sobre as células-tronco implicam na necessidade do aprimoramento dos métodos de tratamento existentes, a fim de possibilitar o retorno ao esporte e prevenir o desenvolvimento da osteoartrite”, destaca.
 
O 28º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e do Esporte reuniu cerca de 700 participantes do Brasil e da América do Sul em mais de 80 cursos, palestras, simpósios e mesas-redondas. Entre os temas apresentados o papel da Medicina do Esporte no emagrecimento; Estratégias de prevenção de lesões em esportes específicos; efeitos do treinamento aeróbico de grande volume sobre o sistema cardiovascular; Manejo das lesões musculoesqueléticas em atletas; Medicina do exercício e do esporte no processo de envelhecimento ativo; problemas bucais e sua influência no desempenho do atleta de alto rendimento; Reabilitação cardiovascular; Aspectos fisiológicos e neuromusculares no exercício de alta intensidade, entre outros.

Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC