O auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp é o espaço onde acontecem grandes eventos da Universidade. Nesta segunda-feira a comunidade do complexo hospitalar e de outras unidades da Unicamp foram comemorar os 30 anos de existência do Hospital de Clínicas (HC), em solenidade que reuniu autoridades institucionais, parlamentares, professores, funcionários, alunos e convidados. O HC da Unicamp é o segundo maior hospital público do interior do Estado e soma uma mostra notável de feitos anualmente: 2,6 milhões de consultas e procedimentos ambulatoriais, mais de 3,3 milhões de exames, 15 mil internações eletivas e de urgência e quase 15 mil cirurgias, o que equivale, em média, a 40 cirurgias diárias.
Compuseram a mesa diretiva dos trabalhos o reitor José Tadeu Jorge (que presidiu o evento), o coordenador geral da Universidade Alvaro Crósta, o secretário estadual de saúde Cármino Antonio de Souza, o diretor da FCM Ivan Toro, o superintendente do HC João Batista de Miranda, os deputados federais Sinval Malheiros e Roberto Alves, e o deputado estadual Barros Munhoz.
Ivan Toro, que foi superintendente do Hospital de Clínicas da Unicamp, salientou que o HC foi concebido para ser um hospital-escola. Em sua opinião, isto fez a diferença, porque ele não foi adaptado. O HC formou bem mais que 15 mil profissionais de saúde, que hoje estão espalhados por todo o Brasil e em muitos países.
O secretário municipal de Saúde, Cármino Antonio de Souza, que foi aluno da oitava turma do curso de Medicina, disse que acompanhou a história do HC desde à época em que o hospital funcionava na Santa Casa e que a transferência para o campus universitário trouxe a possibilidade de instalação do Hemocentro (ao lado do Gastrocentro), órgão ao qual é ligado como médico e que até aqui já realizou mais de 1.300 transplantes de medula óssea.
O deputado Barros Munhoz saudou o HC e enfatizou que o seu sentimento é de muita gratidão pelo trabalho que o hospital da Unicamp promove na macrorregião de Campinas e em outros EStados. O deputado Sinval Malheiros lembrou o fundador da Unicamp, professor Zeferino Vaz, que deixou o HC como legado à comunidade de Campinas. “É como todos os que trabalham aqui continuassem seguindo os passos do seu criador.” O deputado Roberto Alves exaltou o HC e salientou que daqui a 20 anos o hospital terá como desafio a colocação de novos profissionais de excelência e novas tecnologias para serem oferecidas em prol da sociedade. “O dinheiro aqui investido tem sido muito bem-empregado”, disse.
Com a palavra o superintendente do HC, que também é médico, ele frisou que essa celebração do HC consagra três décadas de ações de cuidados à saúde da população. “Certamente os pioneiros não tinham ideia da extensão do que seria realizado”, ressaltou, “mas foram eles que deram a partida a um sonho que é um orgulho de todos nós”.
De acordo com João Batista, os desafios foram (e são) importantes e ajudaram (e ajudam) a sedimentar essa caminhada. Hoje o HC está completamente inserido na vida da comunidade. Foram atendidos nesses 30 anos sete milhões de pacientes, realizados 6.500 transplantes e 450 mil cirurgias nesses 30 anos. “Temos confiança na competência dos quadros do HC e no seu desenvolvimento sustentável nas próximas décadas”, comentou. “Nossa tarefa será a de não permitir retrocessos.”
O reitor Tadeu Jorge abordou o orgulho de ter uma unidade como o Hospital de Clínicas, a maior unidade da Universidade. Fez uma apreciação à sua atuação que, segundo ele, está em sintonia com o projeto de implantação da Unicamp: de formar pessoas e prepará-las para o exercício profissional. “Formar os profissionais é apenas uma parte. Preparar RH qualificados é outra”, sublinhou. “Mas isso também não basta. É preciso fazer extensão.”
Na opinião do professor Tadeu Jorge, o HC tem cumprido o seu papel com altíssima competência e muito além do que Zeferino Vaz pensava. “Vocês fizeram muito mais do que a simples tarefa, extrapolando em muito as atividades propostas”, realçou. “Este atendimento é inestimável para a população atendida pelo SUS.” O reitor prosseguiu dizendo que o posicionamento do HC o leva a ter um alto grau de reconhecimento e inclusive isso faz com que o seu esforço seja premiado. Por outro lado, entende que esse hospital, que faz um atendimento de nível terciário, deve contar com apoio e financiamento, características que permitirão o seu crescimento e aplicação de tecnologia compatível com seus avanços. “É impossível imaginar, por exemplo, uma situação de catástrofe na região de Campinas sem que haja a presença do HC, para fazer todo atendimento.”
Depois da fala do reitor, os médicos João Batista, Antonia Teresinha Tresoldi e Mariana Zambom descerraram, com o reitor, uma placa alusiva a uma ala da Pediatria do HC que foi reformada nos últimos três meses com financiamento no valor de R$263 mil. Em uma segunda etapa, está previsto um aumento de área física na UTI Pediátrica, com a disponibilização de 20 leitos. Os recursos são da reitoria e as obras devem durar dois anos. A seguir, a Reitoria e o HC homenagearam o funcionário mais idoso em exercício profissional no HC, Onofre Matheus, 86 anos, que é técnico em radiologia, conferindo-lhe uma placa honrosa pelos serviços prestados.
A comunidade do HC seguiu a pé para um jardim próximo à Superintendência do HC, onde foi depositada uma “cápsula do tempo” contendo cerca de 500 mensagens do público que esteve na solenidade da FCM, que serão abertas no ano de 2035, quando o Hospital de Clínicas comemorará o seu Jubileu de Ouro. Durante o evento, o estúdio móvel da CBN fez a transmissão da programação da manhã ao vivo no local da cerimônia do HC, entrevistando profissionais do HC e da FCM.
Isabel Gardernal
Fotos evento: Antoninho Perri
Fotos cápsula do tempo: João Marques