“Realizar cirurgias especializadas, caras, de grande porte e que, dificilmente a população carente teria acesso, tornou-se a principal vocação da disciplina de Moléstias Vasculares no Hospital de Clínicas da Unicamp”, afirma Guillaumon. Além da assistência, nestes 45 anos, a disciplina já orientou mais de 40 teses de mestrado e doutorado, produziu e publicou mais de 400 trabalhos científicos, recebeu mais de 30 prêmios e comendas e apresentou mais de mil trabalhos em congressos nacionais e internacionais.
Segundo a professora Ana Terezinha Guillaumon no HC são atendidos em média, 4 mil pacientes por ano no ambulatório da especialidade, incluindo casos novos e eletivos. São realizadas em média, 1.300 cirurgias vasculares ao ano, sendo que entre 1972 e 2013, foram feitas 13.744 cirurgias arteriais. É uma das especialidades cirúrgicas que mais realiza atendimento ambulatorial.
Desde 2001, o serviço está organizado como o Centro de Referência em Cirurgia Endovascular da Unicamp, com o reconhecimento do Ministério da Saúde. É a única unidade para procedimentos vasculares minimamente invasivos por cateterismo, disponibilizado aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Campinas e região.
O centro passou a oferecer, desde então, o que há de mais atual no atendimento ao paciente vascular, diminuindo o tempo dos procedimentos e permitindo cirurgias minimamente invasivas, que passaram de 400 ao ano para 1.300. Cerca de 45% das cirurgias realizadas são de urgência e emergência, em casos de trauma vascular e aneurismas, por exemplo.
O Serviço, que atua na prevenção, diagnóstico e tratamento de doentes que apresentam problemas na circulação arterial, venosa e ou linfática, também é referência nacional no tratamento da hipertensão arterial em consequência de estenose (estreitamento) da artéria renal. “Muito desse crescimento, é fruto do trabalho árduo e persistente de todos aqueles que passaram por essa casa”, ressalta Guillaumon.
Seguindo a tendência de crescimento, o próximo passo, diz, é inaugurar uma sala cirúrgica com todos os equipamentos, entre eles um angiógrafo, voltados exclusivamente à técnica suíte endovascular, com procedimentos minimamente invasivos guiados por imagem. O investimento – já aprovado pelo Ministério da Saúde – é de 3 milhões de reais. A previsão é que a reforma e a instalação do equipamento estejam concluídos em 2016.
A médica destaca ainda que cortes menores e procedimentos menos agressivos, significam menor tempo de internação e retorno mais rápido ao trabalho e às atividades sociais. “A população brasileira está envelhecendo e crescerá o número de pacientes com problemas vasculares de todas as complexidades. Estamos nos preparando com as melhores tecnologias para atendê-los”, completa Guillaumon.
Cirurgia endovascular
A cirurgia endovascular é uma subespecialidade da cirurgia vascular em que são utilizados cateteres e guias, manipulados à distância e monitorados por equipamento denominado um arco cirúrgico (veja matéria www.hc.unicamp.br/?q=node/823), no tratamento das doenças circulatórias. Desenvolvida em 1990, pelo médico argentino Juan Carlos Parodi, passou a ser feita a partir de 2001 pela equipe do HC, coordenada por Guillaumon.
Enquanto na cirurgia aberta – com grandes incisões – de um aneurisma de aorta abdominal, por exemplo, o médico leva quatro horas para realizar todos os procedimentos, na cirurgia endovascular com videocirurgia (fechada) ele leva no máximo duas horas, além de evitar grandes incisões, cicatrizes e diminuir o tempo da intervenção, da internação e dos custos hospitalares.
A aorta é o principal e maior vaso sanguíneo do corpo humano. Ela sai do seu coração, passa pelo região torácica e vai até o abdômen, onde se divide para fornecer sangue para as pernas. Um aneurisma de aorta abdominal é uma protuberância ou dilatação preenchida de sangue na parte da aorta que corre através do abdômen.
A técnica consiste na realização de dois cortes de cinco centímetros na virilha do paciente, onde é introduzido um cateter com uma prótese que é implantada no local do aneurisma. Em seguida, o cateter é retirado e a prótese permanece fixada por redes metálicas, formando um novo duto à circulação do sangue. No método convencional, é feito um corte de 20 centímetros no abdômen e a prótese é costurada no local. Atualmente o procedimento pode ser realizado com incisão pequena unilateral na virilha.
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp