No Hospital de Clínicas da Unicamp já foram notificados 64 casos de janeiro até julho, pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Seção de Epidemiologia Hospitalar do HC. Destes, seis foram descartados e 58 casos de meningites foram confirmados sendo 30 virais, 12 outras bactérias, 08 pneumococos, 04 meningocócicas, 04 outras etiologias e 07 não especificadas.
No hospital, os exames iniciais (cultura de liquor, de sangue e de biópsia de pele) são realizados pelo Laboratório de Patologia Clínica (LPC) que confirma a suspeita entre 24 e 48 horas. Mesmo assim, todas as amostras também são enviadas ao Instituto Adolfo Lutz, para confirmação com exames de PCR, que é um indicador de inflamação na corrente sanguínea, inclusive para outras doenças.
Para a coordenadora da Seção de Epidemiologia Hospitalar do HC da Unicamp, professora Luiza Moretti, o fato de uma amostra ter resultado como “não determinada” não compromete o tratamento, já que os exames preliminares identificaram um tipo de bactéria no caso investigado. “Em questão de poucos anos, os exames cada vez mais precisos em tecnologia molecular conseguirão resultados muito próximos a 100 por cento”, comenta a infectologista do HC.
Segundo a médica patologista, Angela Von Nowakonski (foto), os testes de biologia molecular são muitos úteis quando os pacientes em uso de antibióticos apresentam culturas de sangue e líquor negativas. “Os exames executados pelo Instituto Adolfo Lutz complementam os resultados das culturas realizadas no Laboratório de Microbiologia do HC”, afirma Nowakonski. A amplificação do material genético através do exame de PCR também aumenta a confiabilidade por riscos de contaminação.
Em 2007, um ano antes da implantação do método no Instituto Adolfo Lutz, 43% dos casos de meningite bacteriana notificados no Estado e avaliados pelo laboratório paulista foram classificados como de origem “não determinada”. Já em 2010 esse índice caiu para 23%, e no primeiro semestre deste ano, para 13,6%.
Meningite é uma infecção que se instala principalmente quando uma bactéria ou vírus, por alguma razão, consegue vencer as defesas do organismo e ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso central.
As meningites bacterianas são mais graves e devem ser tratadas imediatamente. Os principais agentes causadores da doença são as bactérias meningococos, pneumococos e hemófilos, transmitidas pelas vias respiratórias ou associadas a quadros infecciosos de ouvido, por exemplo.
Em pouco tempo, os sintomas aparecem: febre alta, mal-estar, vômitos, dor forte de cabeça e no pescoço, dificuldade para encostar o queixo no peito e, às vezes, manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Esse é um sinal de que a infecção está se alastrando rapidamente pelo sangue e o risco de septicemia aumenta muito. Em bebês, a moleira fica elevada.
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp