Na semana em que é celebrado o Dia Mundial e Nacional da Osteoporose (20), dados divulgados pela Fundação Internacional da Osteoporose (IOF, na sigla em inglês), alertam quanto a ocorrência da doença em homens, que no Brasil, é ignorada por 90% deles. O Hospital de Clínicas da Unicamp realiza o atendimento a cerca de 200 pessoas, entre mulheres e homens, nos ambulatórios do serviço especializado de assistência à osteoporose e doenças ósseas metabólicas.
Conhecida como uma doença de maior incidência em mulheres, no período pós-menopausa, a osteoporose atinge 20 milhões de pessoas no Brasil, seguramente a maioria com mais de 50 anos de idade. Porém, muitas vezes o homem nem pensa que possa desenvolver a doença e os médicos perguntam 30% menos sobre a saúde óssea ao paciente do sexo masculino.
A osteoporose é caracterizada pela diminuição progressiva da densidade óssea e o aumento do risco de fraturas, consequência da fragilidade dos ossos. Com o tempo é uma tendência que a formação de novas células ósseas diminua, tornando os ossos mais porosos e menos resistentes.
“É uma doença negligenciada e mal tratada por pacientes e médicos, embora hoje o arsenal terapêutico seja bom para trata-la”, explica o professor da disciplina de reumatologia João Francisco Marques Neto. Segundo ele, é necessário analisar o cenário brasileiro quanto ao envelhecimento e educar tanto a população, para reconhecer a importância da doença, quanto os médicos, para realizarem um diagnóstico precoce.
A mulher é a mais afetada devido à perda de estrogênio, hormônio que naturalmente realiza a proteção de perda da massa óssea. Em média, uma mulher perde 1g de cálcio por dia. Para repor o que foi perdido, seria necessário tomar três copos de 300ml de leite ao dia ou comer 100g de queijo parmesão, por exemplo. No homem, a doença é secundária a outras condições como o tabagismo, etilismo e doenças intestinais, por exemplo, que diminuem a absorção de cálcio pelo organismo.
A maior complicação da doença são as fraturas decorrentes dela, que são três: a de punho, mais frequente com idade menos avançada, uma vez que ao cair, a pessoa ainda consegue reduzir o impacto ao apoiar as mãos no chão. A fratura de vértebra, mais comum se não tratada na 1ª vez, as chances de sofrer uma segunda vez aumentam em 22% em 1 ano. E a de fêmur, mais complicada, uma vez que 25% das pessoas morrem no primeiro ano pós a fratura por problemas associados, a outra parcela nunca mais volta ao que era antes em capacidade física e qualidade de vida.
Dessa forma, a osteoporose afeta a condição social e a produtividade do indivíduo. “Pessoas que sofrem da doença perdem a independência física e a qualidade de vida. É uma doença que leva à deformidade óssea, da postura, diminuição da massa muscular, problemas respiratórios, digestivos e até à depressão”, ressalta Neto.
Por ser uma doença crônica, sem cura, é controlada por medicamentos que evitam a perda de massa óssea, ou que aumentem o volume do osso. Hábitos de vida também são determinantes no tratamento da doença. “A população está envelhecendo, e esse é um dos principais fatores de risco para o aparecimento da doença”, alerta João Francisco Marques Neto.
Quanto mais grave está a condição do paciente, maior será o gasto com o tratamento da osteoporose. Por isso é importante reconhecer e tratar a primeira fratura, para que uma segunda possa ser evitada, uma vez que as consequências são danosas à saúde e questão sócio econômica. “Temos que andar mais rápido do que a doença”, conclui.
No HC, existe o serviço especializado de assistência à osteoporose e doenças ósseas metabólicas, parte da especialidade de reumatologia. Por semana, cerca de 200 pacientes com osteoporose são atendidos em dois ambulatórios. Aberto em 1973, na antiga Santa Casa de Campinas, o serviço possui atualmente um arsenal terapêutico adequado e equilibrado para o atendimento desses pacientes.
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp