Laboratório de Anatomia Patológica de cara nova


O Hospital de Clínicas da Unicamp entregou na última sexta-feira, a nova área do Laboratório de Anatomia Patológica (LAP), que passou por uma reforma e modernização de suas estruturas. O setor foi priorizado pela atual gestão e vai agilizar o processamento de biópsias e secreções (espécimes cirúrgicos) com a conclusão mais rápida dos laudos diagnósticos. O investimento entre reformas e equipamentos foi de cerca de R$ 450.000,00.
 
Com a obra, os laboratórios de macroscopia e de técnicas histológicas de rotina receberam novas bancadas, capela de fluxo, sistemas de exaustão e impermeabilização de pisos e paredes. Também houve reforma do blocário, onde foram instaladas novas estantes deslizantes para arquivos de bloco de parafina e laudos. Os laboratórios também foram climatizados e houve ainda a modernização da rede elétrica, hidráulica e de TI.
 
No blocário, as novas estantes permitem otimizar o atual espaço físico disponível e fornecem melhores condições para o arquivamento de laudos diagnósticos e dos blocos de parafina que contem fragmentos dos espécimes biológicos analisados. São mais de 1 milhão de lâminas arquivadas. “A reforma destes laboratórios também permitirá melhores condições de trabalho aos médicos patologistas e técnicos, principalmente, devido à modernização do sistema de exaustão das salas e readequação das condições ergonômicas”, explica o diretor do serviço, professor Fábio Rogério.
 
No LAP são realizados em média 17 mil exames/ano, sendo mais de 50% biópsias e peças cirúrgicas. No HC, a área campeã em volume de diagnósticos gerados pelo LAP é a dermatologia. A área é responsável por mais de 10 tipos de exames para pacientes internados ou dos ambulatórios do HC, CAISM, Gastrocentro e Hemocentro da Unicamp.
 
No local estão equipamentos como criostatos, processador histológico de tecidos e micrótomo, que possibilitam melhorar não só a qualidade técnica dos exames, mas também reduzir o tempo de liberação dos laudos diagnósticos.
 
Anatomia Patológica é a área de apoio que possibilita diagnósticos rápidos e precisos na análise de todas as peças cirúrgicas, biópsias e autópsias, inclusive de neoplasias. Alinhado ao serviço prestado por um hospital terciário, além das técnicas de rotina, realiza também exames de natureza mais sofisticada, que não são executados pela maioria dos laboratórios de anatomia patológica da região de Campinas, tais como imunoistoquímico (incluindo receptores hormonais), imunofluorescência e microscopia eletrônica.
 
As etapas do diagnóstico de uma neoplasia (crescimento celular não controlado, ou “tumor”) se iniciam com o histórico clínico do paciente, em que há a hipótese de uma metástase devido à desconfiança ou antecedentes. Dessa forma começa a investigação, que envolve áreas da imagenologia (radiologia) e laboratoriais (patologia clínica, com o colhimento de exames e a anatomia patológica, com biópsias).
 
A anatomia patológica é a responsável pelo estudo do material biológico retirado, para confirmar ou não uma metástase. Com o material em mãos,  são realizadas técnicas histológicas de rotina (fixação dos tecidos, desidratação, inclusão, corte em fatias finas, coloração e montagem de lâminas) e a imunoistoquímica, técnica de identificação de lesões no tecido da amostra.
 
O material retirado é colocado em uma fixador (geralmente formol), e fica ao menos 48h em período de fixação para não interferir na análise do mesmo. Habitualmente, o material é processado em parafina na seqüência, para ser submetido a cortes histológicos nas lâminas.
 
Procedimentos como corte e coloração, são realizados manualmente por técnicos laboratoriais (biólogos, biomédicos e outros que dominam técnicas histológicas). O médico patologista entra em ação quando lâminas com as amostras estão prontas. Ele faz a leitura do material juntamente com o histórico clínico do paciente.
 
Com a identificação do tipo da lesão e confirmada ou não da neoplasia, um laudo é gerado pelo médico patologista, que encaminha ao médico assistente, que faz o acompanhamento do caso e será o responsável por definir a conduta de tratamento mediante o resultado.
 
Com o avanço da tecnologia, técnicas realizadas em laboratórios de anatomia patológica, muitas vezes se tornam automatizados. De acordo com professor Fábio Rogério, o crescimento da tecnologia laboratorial não vai substituir a presença e o trabalho de um médico patologista. “O patologista considera todo o contexto para chegar ao resultado, é o responsável por integrar as informações clínicas com a análise e observação do material”, enfatiza Rogério.

Caius Lucilius com Caroline Roque

Assessoria de Imprensa do HC Unicamp