Os equipamentos permitem a visualização das fossas nasais, nasofaringe, laringe, traquéia e brônquios e são utilizados para diagnosticar doenças (tumores, infecções, estenoses etc), fazer biópsias, coleta de secreção ou para aspiração de um corpo estranho, acidente muito comum e freqüente em crianças. O investimento foi de R$ 122.109,00.
Segundo o médico José Cláudio Teixeira Seabra (foto), responsável pelo Serviço de Broncoscopia, são realizados em média mil exames ambulatoriais por ano e, com o incremento dos novos equipamentos, a expectativa é chegar a um aumento de 30% nesses procedimentos.
O HC também adquiriu um broncoscópio flexível para uso pediátrico. Pela primeira vez, desde que começou a funcionar, área dispõe de cinco equipamentos – um já havia sido comprado em 2013. “Estamos com um plano de modernização de todo o hospital que vem ocorrendo ao longo dos últimos quatro anos e inclui recursos extra-orçamentários captados em Brasília”, destaca João Batista de Miranda, coordenador de administração.
Também conhecida como endoscopia respiratória, o exame de broncoscopia permite a visualização interna do sistema respiratório e é sempre realizado por um médico especialista, auxiliado por uma equipe de enfermagem. Alguns casos podem necessitar de uma sedação leve, que será realizada pelo médico anestesista.
Os equipamentos de broncofibroscopia funcionam com fibras óticas e são acompanhados de pinças, cateteres e agulhas de punção. É o procedimento diagnóstico mais comumente utilizado para diagnosticar e estadiar o câncer de pulmão. A anestesia local é imprescindível, tanto para evitar dor como para inibir os reflexos de ânsia de vômito e de tosse.
Nova área – Há 10 meses foi entregue a nova área de Broncoscopia do HC, com investimento próximo de R$ 200 mil. Totalmente reformulada, houve ampliação e modernização do local, além da instalação de um novo sistema de climatização e de um acesso direto ao centro cirúrgico ambulatorial.
“A reforma possibilita a ampliação do número de exames realizados e melhora a organização da rotina da área”, destaca Seabra. Ele explica que, com a nova área, a limpeza e o armazenamento dos endoscópios do hospital ficaram centralizados. A ampliação do espaço físico também possibilitou a criação de um posto de enfermagem, que deve agilizar o atendimento aos pacientes, assim como a sala de recuperação, que agora dispõe de duas macas, para maior conforto e espaço.
O ambiente físico foi reformulado com a troca de revestimentos, e uma preocupação da equipe responsável pela reforma foi a adequação da área às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em especial o setor destinado à higienização dos endoscópios, aparelho usado na realização dos exames.
O sistema de climatização foi igualmente readequado e agora conta com a pressão negativa, importante para o atendimento seguro pelos profissionais e para os pacientes com tuberculose, além do conforto térmico e melhora na qualidade do ar, benefícios da reforma.
Além dos exames de broncoscopia, há exames da mesma modalidade, como a laringoscopia, que se restringe à laringe. Também é possível a traqueoscopia, quando o exame inclui a visibilização da traquéia. Os exames, neste caso, duram no máximo meia hora.
Objetos aspirados – Tem crescido no HC da Unicamp o número de diagnóstico de objetos aspirados, principalmente em crianças. Um dos problemas, segundo os especialistas, é que somente 10% dos objetos aspirados aparecem nos exames de raios-X. Em casos mais graves é necessário realizar uma broncoscopia rígida, no centro cirúrgico, com anestesia geral para retirar o objeto.
Segundo coordenador do Serviço de Endoscopia Respiratória do HC, professor Ivan Toro, a aspiração de um corpo estranho é um acidente muito comum e frequente em crianças menores de sete anos. Até os três anos, ressalta, a criança não controla totalmente a mastigação e a deglutição, por isso a oferta de alimentos como feijão, amendoim, pipoca e milho pode apresentar risco para a aspiração. “Nesta faixa etária é muito comum a criança ter o hábito de levar objetos à boca por curiosidade, como pequenos brinquedos de plástico ou metal”, explica Toro.
“É importante que os pais estejam atentos a qualquer alteração, tosse, chiado. São indícios de que a criança pode ter aspirado algo”, enfatiza Seabra. Segundo ele, é possível prevenir este tipo de acidente, mantendo longe das crianças peças pequenas e eliminando o hábito de estar com coisas na boca o tempo todo. “Comer em frente à TV, correndo, andando ou falado também podem gerar riscos para a aspiração tanto em crianças quanto em adultos”, revela Seabra.
No Brasil, os grãos são mais comumente aspirados na faixa etária pediátrica. No entanto, materiais sintéticos estão mais relacionados a óbito imediato, como balões de borracha, estruturas esféricas, como bola de vidro e brinquedos. 98% dos casos de broncoaspiração são resolvidos com o procedimento endoscópico e somente 2% tem necessidade de cirurgia pela forma como estão alojados no pulmão ou nas vias aéreas.
Tipos de exames de broncofibroscopia
Inspeção das vias aéreas
1. – Tosse persistente apesar de tratamento adequado
2. – Hemoptise (sangramentos) tosse com sangue, escarro com sangue
3. – Atelectasia persistente
4. – Falta de ar persistente
5. – Estridor laríngeo (respiração ruidosa)
6. – Rouquidão
7. – Suspeita de comunicações patológicas entre a via respiratória e a via digestiva (fístula traqueo-esofágica)
8. – Trauma de tórax
9. – Suspeita de aspiração de corpo estranho
Avaliação funcional da laringe
1. – Pesquisa de problemas na movimentação das pregas vocais
2. – Teste de deglutição e pesquisa de aspiração
3. – Ronco e apnéia do sono
Coleta de material (biópsia e lavado broncoalveolar)
1. – Tumores (Nódulos ou massas no pulmão)
2. – Doença intersticial pulmonar
3. – Avaliação de pacientes com transplante pulmonar
4. – Pneumonia recorrente
5. – Pneumonia hospitalar
6. – Pneumonia em pacientes com baixa imunidade
Unidade de terapia intensiva
1. – Auxílio à intubação
2. – Posicionamento de cânula de traqueostomia ou orotraqueal
3. – Pneumonia em pacientes intubados
4. – Auxílio a traqueostomia
5. – Avaliação de pacientes que sofreram queimaduras
6. – Extubação (via aérea difícil / reintubação recorrente)
Terapêuticas
1. – Aplicação de laser e eletrocautério
2. – Drenagem de abscessos
4. – Dilatação de estenoses
5. – Remoção de corpos estranhos
6. – Tratamento de sangramentos
7. – Fístulas
8. – Aplicação de órteses
9. – Higienização
10. – Remoção de rolhas de secreção
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp