A Unidade de Emergência Referenciada (UER) do Hospital de Clínicas da Unicamp registrou aumento de 60% no número de pacientes recebidos pelo Águia – serviço de resgate área da Polícia Militar – todo mês. Além desse aumento, o índice de pacientes atendidos na unidade cresceu significativamente nos três primeiros meses do ano. Em janeiro, foram registrados 8.190 atendimentos e em março subiu para 8.756, um aumento de quase 7%. A tendência para os próximos meses é um crescimento de 40% nos atendimentos da UER.
“O HC atende hoje uma área com seis milhões de habitantes e tem absorvido a demanda das unidades básicas de saúde de Campinas”, afirma Mirela Povinelli, supervisora da UER. Ela explica que o aumento no número de atendimentos do hospital é resultado de um grupo de fatores. A estrutura de saúde básica de Campinas está num momento de mudança e a falta de profissionais nos postos de pronto atendimento acaba levando os pacientes de atenção primária, ou seja, os casos mais simples, ao HC.
“Embora seja um hospital de alta complexidade, nós não deixamos de atender aos casos crônicos e que devem ser encaminhados à rede básica de saúde”, conta. Outro ponto levantado pela médica é o aumento das doenças respiratórias no inverno. Nos próximos meses a unidade estima um aumento de até 40% no número de atendimentos, a maioria ligados à doenças respiratórias. “Como nós trabalhamos com um número de leitos fixo, não é possível abrir novas vagas apenas para suprir a demanda no inverno”. A expectativa é que a partir de setembro a demanda comece a diminuir gradualmente, considerando apenas os casos ligados ao trato respiratório.
Para Povinelli uma diminuição real do volume de atendimento depende da reestruturação da saúde na cidade e a manutenção da demanda interna do hospital. “Nós também atendemos pacientes que fazem tratamentos em toda a área de saúde da Unicamp”, acrescenta. Isso gera uma demanda muito extensa que a equipe médica procura atender da melhor maneira possível, sempre respeitando a hierarquia de atendimento, que prioriza os casos mais graves.
O pronto atendimento do HC trabalha com uma equipe fixa de profissionais formada por quatro médicos assistentes da clínica médica, três cirurgiões, um ortopedista e três pediatras, além da equipe de enfermagem. De acordo com a demanda, profissionais de outras especialidades são convocados para avaliar os pacientes, como as equipes de neurologia, neurocirurgia e cardiologia.
Águia
Em relação ao 2º semestre do ano passado – com registro mensal de cinco resgates pelo Águia enviados ao hospital – o primeiro trimestre deste ano já indica aumento de 60% no número de pacientes trazidos pelo resgate aéreo – com média de oito atendimentos por mês. Na maioria dos casos, os pacientes trazidos pelo Águia são vítimas de acidentes no trânsito e apresentam politraumatismo. A multiplicidade e gravidade das lesões mobilizam uma equipe grande, composta por especialidades como cirurgia do trauma e ortopedia. Mas que por vezes requer o atendimento de profissionais da neurologia e cirurgia vascular.
“O HC é o único hospital da região com heliponto e estrutura para receber pacientes do Águia, isso faz com que a unidade concentre os pacientes mais graves”, explica a médica. Os casos encaminhados pelo resgate são sempre prioritários, com lesões de alta complexidade em que a agilidade no atendimento é determinante para o sucesso do atendimento.
Superlotação
Em nota divulgada no último dia 27 de março a Superintendência do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) informou que a UER do hospital estava trabalhando 70% acima de sua capacidade máxima. No dia 26 de abril a unidade registrou 400 pacientes atendidos, superando a média diária de 280 atendimentos. Nos primeiros três meses do ano, 288 pacientes/dia foram atendidos e até o dia 21 deste mês, a unidade atende em média 321 pacientes por dia.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner – Assessoria de Imprensa HC