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O câncer de boca ou câncer da cavidade oral é caracterizado pela presença de um tumor maligno na região oral e que se manifesta principalmente pela presença de feridas na borda da língua, que podem muitas vezes ser confundidas com aftas, sendo diagnosticadas tardiamente. O Hospital de Clínicas da Unicamp recebe cerca de 10 novos casos da doença todo mês e atende em média 30 pacientes que fazem tratamento no ambulatório. Mais de 70% dos pacientes atendidos no hospital chegam com a doença em estágio avançado. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que no ano passado, quase 10 mil novos casos da doença foram identificados em todo país.

“Esse tipo de câncer acomete geralmente homens acima dos 50 anos, fumantes e que bebem de maneira abusiva”, explica Alfio José Tincani (foto), cirurgião de cabeça e pescoço do Departamento de Cirurgia do HC. Ele indica outros fatores de risco, além do consumo de bebidas alcoólicas e fumo em quantidade excessiva, como a má higiene bucal, exposição ao sol prolongada e o sexo oral sem proteção que também podem desencadear este tipo de tumor. Mas o médico esclarece que os fatores de risco estão ligados a tipos diferentes da doença.

O câncer de cavidade oral que se manifesta no lábio, parte integrante da boca, é mais comum em pessoas que se expõem a luz solar por muito tempo e sem proteção, como é o caso dos trabalhadores rurais. Já o câncer que se manifesta na parte interna da boca (foto 2), na língua chamada móvel, está atrelado ao grupo de risco de homens acima dos 50 anos etilistas e tabagistas. Por fim, diz, o câncer relacionado ao risco do sexo sem proteção é na verdade o câncer de orofaringe, na região entre a boca e a faringe.

Nesse último, pesquisas relacionam a presença do vírus do papiloma VÍRUS humano (HPV) a incidência do câncer de orofaringe, resultando também no surgimento da doença em mulheres e jovens, dois grupos que até então, não eram considerados de risco. “Hoje, mais de 90% dos casos desse tipo de câncer em pessoas jovens sem outras causas de risco podem apresentar a presença do HPV nas biópsias”, explica Tincani.

“O que se discute ainda e apresenta um risco controverso, ou seja, ainda não muito comprovado é o uso de dentaduras mal ajustadas por longos períodos. Com o uso incorreto, pode haver trauma na mucosa da boca e o aparecimento do câncer na gengiva ou no chamado assoalho da boca”, comenta o professor. Ele alerta para o risco do diagnóstico tardio, muito comum nos pacientes atendidos no HC. “Muitas pessoas acham que é uma ferida simples e tratam por conta própria”, conta e acrescenta que se a lesão ou ferida persistir por mais de quatro semanas, a pessoa deve procurar um médico. Para a realização do diagnóstico é necessário fazer uma biópsia no local.

A partir da identificação da doença e seu estágio, o paciente pode fazer o tratamento através de cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Segundo Tincani, o método utilizado depende do tamanho da lesão e também da escolha do paciente ao discutir com o médico as opções disponíveis. “Nos tumores iniciais, pode ser feita uma cirurgia para retirada do tumor ou o tratamento com radioterapia e nos casos avançados, cirurgias mais radicais, com a retirada das ínguas – linfonodos – em conjunto com o tumor e tratamento posterior com radioterapia”. Depois do procedimento, o paciente faz acompanhamento a cada três meses com o médico e em alguns casos pode haver seqüelas na fala e deglutição.

Nos pacientes com a doença e que possuem o HPV, geralmente o tratamento apresenta uma melhor evolução com o uso de radioterapia e quimioterapia combinadas. No Hospital de Clínicas da Unicamp são realizadas cerca de 70 cirurgias para retirada de tumores na boca todo ano e na divisão de radioterapia do hospital, em média 14 pacientes/mês realizam o tratamento, composto em sua maioria por 35 sessões. Com os cuidados preventivos e a observação de possíveis feridas na boca, a doença pode ser identificada precocemente, facilitando o tratamento e aumentando as chances de cura.

HC na mídia

Rádio CBN Campinas – “HC mapeia dois novos grupos de risco para câncer bucal”

Jornal Correio Braziliense – “Câncer de boca tem diagnóstico tardio”

Agência Brasil – “Sete em cada dez pacientes com câncer de boca começam tratamento com doença em estágio avançado”

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner – Assessoria de Imprensa HC

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