Na véspera do Dia Nacional de Conscientização sobre Alzheimer, o fórum “Neurociências para Todos”, organizado pelo neurologista do Hospital de Clínicas, Li Li Min discutiu os métodos de prevenção, identificação e tratamento da doença. A mesa “Demências, como prevenir?” foi composta pelos médicos, Prof. Benito Damasceno, Márcio Luiz Figueiredo Balthazar e a presidente da ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) Regional, Elisandra Vilela Sé.
O mal de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que atinge pessoas idosas, com incidência de 23% em pessoas com mais de 85 anos, segundo um levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). A doença é caracterizada pela perda progressiva da memória, compreensão e linguagem do paciente, que tem sua capacidade de trabalho e convívio social diretamente afetada. Embora algumas pessoas associem o aparecimento do Alzheimer a hereditariedade, não há comprovação da existência de predisposição genética para o desenvolvimento da doença.
A perda de memória é um dos primeiros sintomas e com o agravo do quadro clínico, o paciente pode apresentar irritabilidade, falhas na linguagem e dificuldade para se orientar. O neurologista Benito Damasceno explica que a função cognitiva muda naturalmente com o envelhecimento, e essas alterações não são necessariamente deficitárias. “Dois fatores diferenciam a situação normal da doença: o quanto os sintomas atrapalham a vida cotidiana do paciente e qual a frequência e persistência desses sintomas”, completa.
Para identificação dos sintomas e procura por atendimento médico, a família ou pessoas próximas ao idoso, tem papel importante. Os familiares demoram em média seis meses para notar a anormalidade no comportamento. Segundo Elisandra Sé da ABRAZ, muitas vezes as pessoas atribuem as falhas de memória apenas ao avanço da idade e a falta de informação pode dificultar o acesso ao atendimento médico adequado.
Dados divulgados pela Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo apontam que a mortalidade de idosos caiu 9% na última década. Mas em contrapartida, houve crescimento do índice de óbitos causados por doenças do sistema nervoso, entre elas, o mal de Alzheimer.
O encargo sócio-econômico elevado que essas doenças representam ao país, considerando o envelhecimento da população e o aumento da incidência, foi abordado durante o debate. O fórum propõe a discussão sobre as formas de prevenção, tratamento e reabilitação existentes hoje. Para o neurologista Márcio Balthazar, o uso do questionário de mudança cognitiva para diagnosticar doenças neurológicas é um exemplo de novas práticas que melhoram a qualidade da assistência médica.
Estima-se que, atualmente, 18 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de mal de Alzheimer. A previsão da OMS é que até 2025 esse número dobre. Nos países em desenvolvimento, que hoje concentram 50% da população com a doença, esse índice pode chegar a 70% nos próximos anos. A incidência é maior na população feminina, mas Balthazar explica que essa diferença se deve também a maior longevidade das mulheres em relação aos homens.
Os pesquisadores ainda não encontraram a cura para o Alzheimer, mas existem medicamentos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que atenuam os sintomas e retardam o desenvolvimento da doença. As orientações para prevenção e melhora da qualidade de vida dos pacientes são a prática regular de atividades físicas e o consumo de alimentos saudáveis, numa dieta rica em vegetais e pobre em gordura. Frutas, verduras, carnes brancas e cereais são alguns dos itens recomendados.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp