Pressão alta atinge crianças e adolescentes


Ao contrário do que a maioria da população imagina, crianças e jovens também apresentam quadro de pressão arterial elevada. Uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Estado da Saúde, revelou que 25% das crianças e jovens atendidos pela Casa do Adolescente de Pinheiros, foram diagnosticados com o quadro. No Hospital de Clínicas da Unicamp a média fica em torno de 15%.

“Pesquisas como essa ilustram a inversão no quadro de causa da hipertensão em crianças e adolescentes”, comenta a cardiologista Ana Paula Damiano. O estudo divulgado aponta uma associação entre o alto consumo de sódio e o aumento da pressão arterial. Se antes as alterações de pressão eram resultado de problemas de origem renal, agora o sedentarismo e a obesidade são os principais responsáveis pela doença.

No HC são atendidas cerca de 60 crianças por mês no ambulatório de Pediatria com problemas relacionados a obesidade e pressão alta. Entre as crianças hipertensas, cerca de 30% estão acima do peso. “O consumo de refrigerante, salgadinhos e outros alimentos com taxa de sódio muito alta contribui diretamente para o aumento da pressão”, afirma Ana Paula.

As crianças que desenvolvem na infância a hipertensão comuns aos adultos, tem um risco maior de desenvolver diabetes e doenças cardíacas. “Por isso nós enfatizamos tanto o cuidado com a alimentação, a prática regular de atividade física e também o controle da pressão nas consultas de rotina”, alerta a médica.

O tratamento da obesidade é multidisciplinar e envolve profissionais das áreas de pediatria, nutrição, psicologia e educação física. Sem o acompanhamento de todas essas áreas, não é possível fazer o controle adequado da reeducação alimentar. “Se a criança está inserida num ambiente doméstico de pessoas com sobrepeso, por exemplo, ela não vai considerar o ganho de peso algo nocivo a sua saúde”, informa Ana Paula. Desta forma, a família do paciente deve adotar uma dieta saudável junto com o jovem.

Para combater a pressão alta, os médicos recomendam o corte no consumo excessivo de sal, a substituição de refrigerantes – que possuem nível elevado de sódio – por sucos e a redução do consumo de produtos industrializados. Incentivar a ingestão de frutas e água também colabora com a mudança no estilo de vida. Assim como a prática de atividades físicas.

Saúde Coletiva

Em abril do ano passado, o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou um termo de compromisso com associações de produtores de alimentos processados. O termo prevê a redução gradual na quantidade de sódio presente em 16 categorias de alimentos. Segundo dados da POF (Pesquisas de Orçamentos Familiares), o consumo de sal nos domicílios brasileiros é quase o dobro da quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

 

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner e Assessoria da SES

Assessoria de Imprensa do HC Unicamp