Para registrar a Semana Internacional da Tireóide, acontece nesta quarta (23-05) das 14h às 16h, no anfiteatro do Hospital das Clínicas da Unicamp, uma palestra aberta ao público sobre as doenças que afetam a glândula tireoide, os principais sintomas e maneiras de diagnosticar o hipotireoidismo, hipertireoidismo e câncer de tireoide. A palestra será ministrada pela professora Laura Sterian Ward (foto), docente do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e presidente do departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
onsiderada uma doença silenciosa, estima-se que aproximadamente 300 milhões de pessoas sofram de disfunções da tireoide no mundo, destas mais de 50% desconhecem esta condição.No HC, cerca de 120 pessoas são atendidas por semana nos três ambulatórios voltados para o tratamento de doenças da tireóide. Só no ambulatório de câncer de tireóide são mais de 150 atendimentos por mês, sendo que 7% são casos novos de câncer. Após a palestra, alguns médicos ficarão a disposição do público para responder perguntas.
O dia 25 de maio foi adotado como o Dia Internacional da Tireoide e desde 2008, a Federação Internacional de Tireoide, em parceria com organizações de pacientes, desenvolvem campanhas educacionais em todo mundo durante a “Semana Internacional de Conscientização sobre a Tireoide” (21/05 à 25/05). Segundo Laura, no Brasil, o Departamento de Tireoide da SBEM promove uma série de ações educacionais em todo território nacional, destinadas a profissionais da saúde e ao público geral que tem como objetivo a conscientização sobre a importância da glândula tireoide e seus distúrbios.
A tireoide está localizada na região anterior do pescoço e tem forma de borboleta. Os hormônios tireoidianos (T4 e T3) são responsáveis pela regulação do metabolismo, agindo nas funções de órgãos importantes como o coração, cérebro, rins e fígado. O hipotireoidismo e o hipertireoidismo podem causar uma séria de sinais e manifestações clínicas que afetam a qualidade de vida dos pacientes. Para Laura os sintomas podem ser leves ou não específicos, por isso o diagnóstico torna-se muitas vezes difícil.
Estima-se que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide em algum momento da vida, mas apenas 5% desses nódulos são cancerosos. Para prevenir complicações, é importante procurar atendimento médico para o diagnóstico precoce de alterações na tireoide e quando é atestada a existência de um nódulo, o médico solicita exames complementares para avaliar se o nódulo é cancerígeno.
Os principais sintomas são fadiga, intolerância ao frio, desânimo, pele seca, ganho de peso ou contrários como, perda de peso, pele úmida e agitação. Esses são indicadores de alterações na tireóide, mas o único exame capaz de diagnosticar com certeza as disfunções da glândula é o exame de TSH, que avalia os níveis do hormônio estimulador da tireoide. O teste é simples, de baixo custo e disponível pelo SUS. O tratamento é indicado de acordo com o tamanho do nódulo e pela quantidade de hormônio produzida. “Aqui no HC nós usamos as dosagens de hormônios, em particular o TSH para avaliar as doenças de função tireoidiana, o ultrassom para avaliar os nódulos e a biópsia guiada por US para diagnosticar se o tumor é maligno ou benigno”, explica a médica.
Algumas crianças podem nascer com hipotireoidismo. A detecção dessa alteração é feita através do chamado teste do pezinho, feito entre o terceiro e o quinto dia de vida do bebê. Em idosos a incidência da doença aumenta conforme a idade, já nas mulheres a chance de desenvolver disfunções na tireoide é de três a cinco vezes maior do que nos homens. “Um estudo realizado em Bauru, interior de São Paulo, em 2010, estudou 1.110 pessoas de ambos os sexos e constatou que 9,9% apresentavam níveis elevados de TSH, sendo que nas mulheres este número aumentava para 11,1%”, afirma Laura.
Uma enquete realizada pelo site da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) apontou que a maioria das pessoas não conhece ou faz o autoexame da tireoide. De acordo com a pesquisa, cerca de 40% dos entrevistados não faz o exame e mais de 35% desconhecem o método preventivo.
Em 2012, no Brasil, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) estima o aparecimento de 10.590 novos casos de câncer da tireóide, com um risco estimado de 11 entre 100 mil mulheres. Só na região sudeste do país, esse é o quarto tipo de câncer com maior incidência na população, com uma taxa de 15 casos por 100 mil habitantes.
O câncer de tireóide se desenvolve a partir de um tumor maligno, que cresce dentro da glândula da tireóide. Embora seja um tipo raro de câncer, sua incidência aumentou 10% na última década. O tipo mais comum da doença é o carcinoma papilifero, mais freqüente em pessoas com idade entre 30 e 50 anos. Há também o carcinoma folicular, mais agressivo do que o papilífero e que atinge pessoas com mais de 40 anos. O carcinoma medular, cujo tratamento é mais difícil e o carcinoma anaplásico (inmedular), o tipo mais raro e responsável por dois terços dos óbitos de câncer da tireóide.
Segundo as informações do último volume da publicação Cancer Incidence in Five Continents, as taxas de mortalidade tem apresentado queda continua em diversos países. Essa redução é atribuída à melhoria do tratamento e o aumento do uso de ultrassom e biópsia guiada por imagem para detecção de doença.
A radiação ionizante, ainda é o principal fator de risco comprovado para o desenvolvimento do câncer da tireoide. Após as explosões atômicas no Japão e o acidente em Chernobyl, vários estudos confirmaram essa relação. O componente genético é considerado outro fator de risco, assim como uma dieta com alto consumo de peixes e frutos do mar, ricos em iodo.
Palestra sobre tireóide
Dia: 23 de maio de 2012
Horário: 14h
Local: Anfiteatro do Hospital de Clínicas da Unicamp
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp