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O dia 24 de março é marcado pela realização da campanha mundial de combate a tuberculose. Essa data foi escolhida em homenagem a descoberta, em 1882, do bacilo causador da doença pelo médico Robert Koch. O Brasil figura na lista dos países que concentram 80% dos casos da doença no mundo, sendo ela a quarta causa de mortes por doenças infecciosas no país e a primeira em pacientes com AIDS. A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa transmitida pelo ar e afeta o pulmão na maioria dos casos. Portadores da doença podem infectar facilmente outras pessoas ao falar, tossir ou espirrar, o que torna o combate e tratamento da moléstia, um desafio para os agentes de saúde de todo planeta.

Segundo o infectologista Marcelo Ramos, pessoas que apresentam um ou mais sintomas como tosse seca ou com catarro por mais de três semanas, febre, perda de apetite, emagrecimento, cansaço crônico, desânimo e dor no peito devem procurar atendimento médico imediatamente. O risco de transmissão da TB é reduzido gradativamente após o início do tratamento, mas estima-se que uma pessoa possa infectar entre dez e quinze pessoas no período de um ano. “Mesmo antes do surgimento dos primeiros sintomas, existe a possibilidade do paciente infectar outras pessoas”, afirma o médico.

O tratamento da tuberculose é feito com medicamentos distribuídos gratuitamente pelo SUS, que devem ser ministrados diariamente durante no mínimo seis meses. “O tratamento pode chegar a um ano em alguns casos. Trata-se por um período extenso, porque a bactéria é forte e se multiplica de forma lenta e dentro das células”. Por isso, asseguram os especialistas, é importante que o paciente siga as orientações do médico e não abandone o tratamento. “Existem casos em que os pacientes deixam de tomar os medicamentos após o desaparecimento dos sintomas, achando que a doença já foi curada”, alerta Ramos. Nesses casos, os sintomas retornam e a bactéria pode se tornar mais resistente às drogas ministradas.

Desde 2010 o Ministério da Saúde reforçou a medicação utilizada com a associação de uma quarta droga, ao protocolo já existente para o tratamento da TB. Antes, a medicação era composta por isoniazida, rifampicina e pirazinamida. Agora a nova forma de tratamento é chamada de DFC (Dose Fixa Combinada). “Um dos objetivos de associar drogas num tratamento é prevenir a resistência da bactéria, se ela for resistente a um ou dois componentes da fórmula, você ainda tem outros dois tipos de medicação para combate-la”, ressalta Marcelo Ramos.

Outra novidade foi a redução do número de cápsulas ministradas, pois as quatro drogas são agora concentradas num único remédio, “antes o paciente tinha que tomar três qualidades do remédio, hoje ele toma uma única pílula que contêm os quatro princípios ativos, isso facilita a adesão de pacientes ao tratamento”. Marcelo ainda enfatiza: “quanto mais próximo e mais fácil o acesso ao tratamento, maior a adesão”.

Por isso muitos casos atendidos no hospital tem a continuidade do tratamento direcionada para as unidades de saúde do local de origem do paciente. Assim é possível fazer o Tratamento Diretamente Observado (TDO), recomendado pela OMS. Esse método garante o acompanhamento do paciente visando a redução no percentual de abandono do tratamento. Atualmente a taxa de abandono chega a 8%.

No HC são atendidos cerca de 150 pacientes por mês, desse número, em média 40 pessoas tem o tratamento acompanhado aqui. Esse número pode sofrer variações de 5% a 10 % para mais ou menos. Segundo a enfermeira do ambulatório de Pneumologia, Adriana Marchiori, “essa alteração no índice de casos não está diretamente relacionada à determinada época do ano, como algumas pessoas pensam”.

Quem apresenta os sintomas, principalmente a tosse por mais de três semanas e procura o serviço de pronto-atendimento é isolado ao chegar na unidade de saúde, para evitar a contaminação de outros pacientes. “O paciente fica em uma área isolada até o resultado do exame”, para diagnosticar a presença da bactéria no organismo, o escarro do paciente é colhido e enviado ao laboratório para baciloscopia ou cultura do material. Com o resultado em mãos, o médico direciona o paciente para o tratamento adequado.

Outros órgãos

A TB também pode afetar outros órgãos, a chamada tuberculose extrapulmonar. Os locais mais comuns são a pleura (membrana que reveste os pulmões) e os gânglios linfáticos. As crianças contam com a vacina BCG intradérmica, aplicada nos primeiros 30 dias após o nascimento. A BCG, distribuída gratuitamente pelo SUS, não protege contra a tuberculose pulmonar mas protege contra as outras formas graves da doença na infância.

A TB extrapulmonar atinge, geralmente, pacientes que já sofrem com outras doenças, como AIDS e câncer, ou seja, são pacientes mais vulneráveis, cuja infecção é mais difícil de diagnosticar. Outro exemplo são os portadores do vírus HIV, estima-se que a tuberculose seja responsável pela morte de 1,1 mi de pacientes desse grupo por ano (PNCT).

Plano Mundial de Combate

Com 9 milhões de casos da doença e 2 milhões de mortes registrados todos os anos, a OMS (Organização Mundial de Saúde) fixou o combate a tuberculose como uma das metas do milênio. Para isso é necessário interromper a cadeia de transmissão do bacilo curando pelo menos 85% dos pacientes. A aliança mundial STOP – TB fixou também uma meta de reduzir pela metade as taxas de incidência e mortalidade da doença num período de 10 anos (2006-2015). Por isso a importância da articulação de uma campanha que acontece simultaneamente em vários países no dia 24 de Março.

Novo exame para diagnóstico da TB no Brasil

Os postos de saúde em Manaus e no Rio de Janeiro, áreas com alto índice da doença, já contam com um método mais moderno para diagnosticar a doença, o GenExpert, indicado pela OMS e já usado em países como a África do Sul. Com esse método, o exame é feito por biologia molecular, com reagentes químicos e sondas que chegam ao bacilo da TB. O resultado sai em duas horas e tem precisão de 99%. Após 10 meses de testes, o método será aplicado em outros estados do país.

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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