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Um estudo do Centro de Controle de Intoxicação – CCI do Hospital de Clínicas da Unicamp apresentado durante o 15° Congresso Brasileiro de Toxicologia, que aconteceu de 18 a 21 de novembro, em Búzios, revela que na região de Campinas tem aumentado nos últimos 10 anos, o número de acidentes com maior gravidade em crianças causados por pelo escorpião amarelo (Tityus serrulatus). A pesquisa considerou os dados atendidos no CCI-HC entre janeiro 1994 a dezembro de 2005, que totalizaram 2.419 casos de acidentes escorpiônicos, sendo 922 presenciais e os demais atendidos por telefone. Dentre os 29 casos graves, 28 eram de crianças com menos de 14 anos.

Segundo o coordenador do CCI, o pediatra Fábio Bucaretchi, estes dados revelam a alta prevalência do escorpionismo na Região, entre as mais elevadas do país. O estudo retrospectivo utilizou como fonte de informações a revisão do banco de dados de atendimentos do CCI e os prontuários dos pacientes internados no HC/UNICAMP. “Foram transcritos para uma ficha específica englobando variáveis demográficas, clínicas e terapêuticas, sendo posteriormente transferidas para uma planilha informatizada”, explica Luciane Fernandes uma das autoras do trabalho.

No Brasil, o escorpionismo – acidentes ocasionados por picadas de escorpiões – já é considerado um problema de saúde pública. Em 2005, foi a 1ª causa de acidentes por animais peçonhentos notificados ao Ministério da Saúde. Foram notificados 35.696 casos, 1,4% de casos graves. Dentre os 922 atendimentos no HC, 66,3% eram procedentes de Campinas e 7,3% de Sumaré. A maioria dos acidentes ocorreu entre outubro e janeiro (47,2%), no gênero masculino (62,7%) e na faixa etária entre 20 e 49 anos (48,3%).

Os casos foram classificados quanto à gravidade de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (1998): Leves, dor local e/ou taquicardia e/ou agitação; Moderados, além da dor local, sudorese e/ou vômitos ocasionais e/ou agitação e/ou hipertensão arterial e Graves, vômitos profusos e freqüentes, alternância entre agitação psico-motora e torpor, sudorese profusa, sialorréia, hipertonia muscular, priapismo, choque e/ou edema pulmonar agudo.

A maioria dos pacientes foi picada no período diurno, entre as 6 e 18 horas. Eles receberam atendimento até 3 horas depois da picada. Em 393 casos (42,6% do total), o animal foi trazido para a identificação (Tityus bahiensis, 67,7% e T. serrulatus 32,3%). Considerando o local da picada, estas foram mais freqüentes nas extremidades (mãos, 39,8%; pés, 23,3%). Em relação à gravidade os casos, foram classificados como: assintomáticos (2,9%), leves (83%), moderados (11%) e graves (3,1%). Dentre os 29 casos graves, 28 eram crianças com menos de 14 anos.

Para o professor Bucaretchi é fundamental que as autoridades de Saúde patrocinem medidas de prevenção desse agravo, bem como treinamentos de educação continuada dos recursos humanos dos serviços de emergência da Região. “O diagnóstico precoce da síndrome de envenenamento grave e o adequado encaminhamento para as unidades de emergência referenciadas ainda é falho em alguns municípios da RMC, podendo interferir substancialmente no prognóstico do paciente”, explica Bucaretchi.

Caius Lucilius
Assessoria de Imprensa do HC UNICAMP

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