O Hospital de Clínicas da Unicamp, através da através da disciplina de Otorrinolaringologia da FCM, realizou nesta quinta-feira (28-02), a doação de 15 unidades de laringes eletrônicas viabilizadas pela Associação de Câncer de Boca e Garganta – ACBG. As unidades foram destinadas para a reabilitação vocal de pacientes submetidos à cirurgia de retirada da laringe acometidos por câncer (laringectomia total).
O superintendente do HC, professor Antonio Gonçalves Filho, abriu a cerimônia agradecendo a equipe multidisciplinar responsável pela ação junto a Associação de Câncer de Boca e Garganta. “Estou feliz de saber que fizemos parte desse movimento nacional tão importante para as pessoas acometidas por essa doença e que a ACBG foi decisiva para a incluir a laringe eletrônica para pacientes com neoplasia maligna no SUS”, destacou Filho.
O professor Agrício Crespo lembrou ao falar no evento, que é um momento histórico, pois há 30 anos haviam tentado junto à uma multinacional europeia, um empréstimo de uma laringe artificial para ser usada nos pacientes internados na enfermaria e a resposta foi negativa. “Hoje é um dia especial, pois só pode ter ideia real do que é perder uma voz e poder recuperá-la da maneira que for, quem já passou por isso”, disse Crespo aos pacientes e familiares.
Carlos Chone, docente da FCM, destacou que outra ação importante junto a população é o diagnóstico precoce do câncer antes da evolução para uma neoplasia avançada. “Vamos continuar batalhando para a reabilitação de nossos pacientes, viabilizando mais laringes eletrônicas, agora através do Ministério da Saúde, que publicou a portaria em setembro do ano passado”.
A fonoaudioóloga Vanelli Rossi, responsável pelos tratamento dos laringectomizados no HC, explica que após a retirada da laringe existem três formas de comunicação e uma delas é a laringe eletrônica. “Em agosto do ano passado recebemos a visita de membros dessa associação, que avaliou os serviços da área de cabeça e pescoço do ambulatório de otorrino do HC e decidiu pela doação”, recorda Rossi que esteve à frente para a organização das doações.
O aparelho de laringe eletrônica é posicionado externamente próximo à garganta da pessoa operada, que tem um buraco na traqueia por onde passou a respirar, e produz uma voz metalizada, sem variação de entonação, mas perfeitamente compreensível. O aparelho é um amplificador movido a bateria ou pilha que emite uma onda sonora contínua que vai permitir a reinserção do paciente no convívio social.
De acordo ACBG todas as doações serão registradas por meio de documentos específicos, tanto para o paciente como para a instituição responsável. O objetivo do projeto é beneficiar 350 pessoas com as laringes eletrônicas em todo país. O projeto foi submetido ao PRONON (Programa Nacional de Apoio e à Atenção Oncológica), sua submissão ocorreu em dezembro de 2016 e a aprovação veio no dia 09 de novembro de 2017 pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC).
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que anualmente são acometidos por câncer de laringe cerca de 7.350 cidadãos, sendo 6.360 homens e 990 mulheres. O consumo de tabaco e de bebida alcoólica são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe, considerado de grande prevalência nos centros urbanos.
Além dos fatores de risco mais conhecidos – o tabaco e o consumo excessivo de álcool -, a má alimentação, estresse e exposição excessiva a produtos químicos são outros fatores de risco associados à doença. Vale lembrar que as frutas e as hortaliças têm assumido posição de destaque nos estudos que envolvem a prevenção do câncer. O câncer de laringe compreende cerca de 25% dos tumores malignos que acometem a área de cabeça e pescoço.
Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC