Alteração do esquema de vacinas na rede pública


A mudança no calendário de vacinação infantil preconizada pelo Ministério da Saúde, já faz parte do currículo dos alunos do curso de medicina da Faculdade de Ciências Médicas. A principal mudança inclui a aplicação da tetravalente junto a tríplice bacteriana DTP (difteria, tétano e coqueluche), Hib (Haemophilus influenzae tipo b) e Hepatite B, formando a pentavalente, e a vacina inativada poliomielite (VIP), também conhecida como SALK, todas até então ofertadas apenas em consultórios particulares.

Na última campanha organizada pelo Ministério da Saúde em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde, foram distribuídas mais de 380 mil doses no estado de São Paulo. O objetivo principal é combater o abandono do esquema vacinal e conseqüentemente reduzir as taxas de incidência das principais doenças que acometem as crianças até cinco anos.

Segundo a pediatra Maria Ângela Reis de Góes Monteiro Antonio a mudança para a vacina injetável era uma reivindicação antiga já que os países de primeiro mundo há muitos anos tem um calendário que oferece a opção de fazer o injetável na primeira dose. “A vacina injetável tem muitas vantagens. Embora a vacina de gotinha seja bastante segura, ela apresenta raros efeitos colaterais, como o surgimento de sintomas parecidos com a poliomelite, o que não ocorre com a versão injetável”, comenta Maria Ângela.

Ela explica ainda que o governo mantêm as doses orais da vacina após os seis meses. porque há países nos quais a doença não foi erradicada. “As duas tem igual eficácia, mas a versão oral (SABIN), faz com que a pessoa elimine o vírus vacinal na natureza. Se uma criança que não foi vacinada se expõe a ele, seu organismo consegue se defender sem desenvolver a doença. Ou seja, a vacina não protege apenas o indivíduo imunizado, mas a população descoberta”, conta a pediatra Angélica Maria Bicudo Zeferino.

Para a professora Angélica, a substituição da DPT (difteria, tétano e coqueluche) pela DPT acelular também é um tópico que merece atenção. “A DPT acelular tem como principal vantagem a diminuição dos efeitos colaterais da vacina contra a coqueluche”, acrescenta a médica.

No total, o calendário de vacinação básica a qual todas as crianças brasileiras até cinco anos devem ter acesso são: BCG, pentavalente – composta pela DTP (difteria, tétano e coqueluche), Hib (Haemophilus influenzae tipo b) e Hepatite B, Vacina Inativada Poliomielite (VIP/SALK), Vacina Oral Poliomielite (VOP/SABIN), rotavírus, pneumocócica 10 valente, meningocócica C conjugada, febre amarela e tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba).

Quando questionada se o acréscimo de mais uma vacina no calendário pode inibir os pais, Angélica Maria esclarece: “Para resolver uma parte do problema com as picadas, são feitas combinações e associações de vacinas. A mudança no calendário não aumenta o número de picadas. A criança continua recebendo duas injeções em cada vez”.

As crianças que não foram vacinadas no período recomendado devem ser levadas ao posto de saúde mais próximo, para atualizar o registro de vacinação. “É preciso buscar todos os registros anteriores de vacinação e o profissional de saúde irá avaliar quais as vacinas disponíveis para a faixa etária da criança”, ressalta Maria Ângela.

Investimento

A inclusão da vacina contra varicela (catapora) no calendário a partir de 2013, que até então era distribuída apenas em casos de surto da doença. Com eficácia de 97%, estima-se que ela possa reduzir em até 80% as internações pela doença na rede de saúde. “Com essa iniciativa, podemos esperar uma melhora nos índices de incidência e mortalidade dessas doenças. Os surtos de catapora podem ser erradicados e a difteria mantida sob controle”, explica a pediatra Maria Ângela Reis de Góes Monteiro Antonio. A vacina será incluída no esquema de imunização da tetravalente (tríplice viral), que já é distribuída gratuitamente e previne contra o sarampo, caxumba e rubéola.

Segundo dados do Ministério, atualmente, cada dose da vacina tríplice viral (caxumba, rubéola e sarampo) e catapora, custa cerca de 150 reais na rede privada. Com a parceria estabelecida, ela custará 28 reais para o SUS. O plano é investir 127 milhões de reais no próximo ano para aquisição de 4,5 milhões de doses da vacina. O novo formato reduz os custos com armazenagem e aplicação, determinantes para a efetividade das campanhas nas regiões carentes do país.

A última alteração no calendário vacinal ocorreu em 2006. Como explica Angélica Bicudo, a inclusão de novas vacinas na rede pública segue alguns critérios. A taxa de prevalência da doença na população, a imunogenicidade da vacina, ou seja, a eficácia da vacina. Assim como os aspectos logísticos, como sistema de transporte e armazenamento e o custo benefício. “O Ministério avalia quanto custa tratar e quanto custa fornecer imunização para toda a rede. Um exemplo é a vacina contra catapora que será incorporada, pois traz uma economia grande”.

Em tempo/Hepatite B

Maria Ângela alerta sobre a importância da vacina contra a hepatite B, disponível gratuitamente na rede de saúde. “As vacinas são associadas à infância, mas a hepatite B é um bom exemplo de que não apenas crianças precisam de prevenção”, lembra a pediatra. Ela informa que jovens com menos de 29 anos devem procurar um posto de saúde e atualizar as vacinas do calendário. Segundo ela, persistem os casos clínicos de pessoas com doenças graves encaminhadas ao atendimento médico, cuja situação seria evitada com a correta prevenção através das vacinas. “Um dia durante uma aula sobre imunização descobri um aluno nosso do 5º ano que não havia tomado todas as doses contra a hepatite B”, disse Ângela.

 

Assessoria de Imprensa do HC Unicamp