Benefício da natação é comprovado para o tratamento e controle da asma


O trabalho “Avaliação espirométrica e da hiperresponsividade brônquica de crianças e adolescentes com asma” apresentado pelos pesquisadores do Centro de Investigação em Pediatria (CIPED) da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, ficou entre os finalistas do VI Prêmio Saúde 2011, promovido pela revista SAÚDE! É Vital da Editora Abril. O grupo, liderado pelo professor José Dirceu Ribeiro, foi destaque na categoria Saúde da Criança. O estudo foi apresentado em um congresso da European Respiratory Society, em Viena.
 
“Ficar entre os finalistas de um prêmio como esse nos deixa orgulhosos”, conta Dirceu Ribeiro. O trabalho do CIPED ganhou destaque ao tratar sobre asma, uma das doenças respiratórias mais comuns na infância, e comprovar os efeitos da prática de natação para os asmáticos. “Cerca de 15 a 20% da população brasileira sofre de asma, ou seja, é uma doença de prevalência grande”, esclarece Ribeiro.
 
Esse é o primeiro estudo brasileiro sobre os benefícios da natação para o tratamento e controle da doença. “Poucos tem comprovado a eficácia dos exercícios físicos nesses tratamentos e a prática de exercícios é fundamental nos casos de doenças crônicas, cuja maioria se trata de doenças inflamatórias”, afirma o médico da Unicamp.
 
A autora da pesquisa realizada no CIPED, Ivonne Bernardo Wicher, enfatiza que o diferencial de seus estudos é que foram realizados testes de broncoprovocação (pré e pós). O objetivo deste teste, diz, é detectar uma alteração chamada “hiperresponsividade brônquica”, uma das características da asma presente entre 85 a 98% dos portadores da doença. “Antes os testes eram muito empíricos sem base científica”, assegura a fisioterapeuta.
 
A pesquisa levou pouco mais de cinco anos para ser concluída, com a participação de 60 pacientes, crianças e adolescentes com idade entre sete e catorze anos e com asma de nível moderado e grave. “O grupo total era homogêneo, mas, o grupo que fez o tratamento e praticou natação durante os três meses de observação, obteve melhores resultados”, salienta Dirceu. Para avaliar os resultados obtidos, foram considerados três elementos: função pulmonar, mecanismo inflamatório e qualidade de vida.
 
A comprovação dos benefícios dessa prática é importante para que a adoção dessas atividades nos tratamentos seja maior. “Através de exames realizados no pré e pós-tratamento, comprovamos que os pacientes que praticaram atividade física tiveram um menor índice de irritação, tomaram uma quantidade menor de remédios, tiveram diminuição no número de sintomas e dormiram melhor, consequência da diminuição do desconforto causado pela doença”, afirma a fisioterapeuta do CIPED, Maria Ângela O. Gonçalves Ribeiro.
 
Ela destaca também a possibilidade de praticar medicina baseada em evidências, “Nós criamos uma situação de campo e comprovamos o que até então era tido como opinião popular, sobre os benefícios da prática dessas atividades por quem tem doenças respiratórias”.
 
Asma na infância 
 
Segundo a professora Adyleia Contrera Toro (Foto), pneumo pediatra, a asma é uma das doenças crônicas mais freqüentes nas crianças em todo o mundo. No ambulatório do HC da Unicamp são atendidas em média, 200 casos graves/mês. “Estudos internacionais revelam que a freqüência da asma declarada dobrou nos últimos vinte anos globalmente, em parte pelo aumento real do número de casos, bem como pelo melhor reconhecimento da doença pela comunidade médica”, esclarece Adyleia Toro.
 
Dados de literatura indicam que nos EUA existam mais de 5.000.000 crianças acometidas pela doença, que é a responsável por mais de 200.000 hospitalizações e 3 milhões de consultas médicas ambulatoriais a cada ano. O impacto da doença pode ser avaliado pelos dias de aula anualmente perdidos, o que alcança cerca de 10 milhões, representando em média 23% das faltas escolares.
 
Levantamentos da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, apontam para uma prevalência média da asma no Brasil de 20%. Entre as doenças, ela é a quarta maior causadora de hospitalização no País. Diversos agentes, tais como poluição, cigarro, alérgenos, entre outros, contribuem com a doença. “Esse tipo de divulgação realizada pela Revista Saúde é importante para incentivar outros pesquisadores na FCM e para esclarecimento da comunidade leiga”, ressalta Adyleia Toro.
 
Congresso 
 
A fisioterapeuta e mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, Ivonne Bernardo Wicher, cuja tese está relacionada a essa pesquisa, deverá apresentar o resultado do trabalho no congresso anual da ERS (European Respiratory Society) em setembro deste ano, na Áustria. Participaram da pesquisa Maria Ângela G. de Oliveira Ribeiro, Denise Barbieri Marmo, Camila Isabel da Silva Santos, Adyleia Contrera Toro, Roberto Teixeira Mendes e José Dirceu Ribeiro.
 
Segundo José Dirceu os resultados levaram a busca por pesquisas que integrem outras áreas, como os efeitos da pratica de atividade física em crianças com asma e que também são obesas, combinando conhecimentos de outras áreas. Na seqüência, a equipe do CIPED estudará os efeitos da pratica de outra modalidade de atividade física, a caminhada.
 
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp