O professor e ortopedista João Batista de Miranda tomou posse como novo superintendente do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp na manhã desta terça-feira, em concorrida cerimônia presidida pelo reitor José Tadeu Jorge, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Miranda sucede o professor Manoel Barros Bértolo, de quem foi coordenador de Administração, depois de vencer a consulta feita em maio à comunidade do HC e da FCM, obtendo 53,6% dos votos contra 46,4% atribuídos ao professor Marcelo de Carvalho Ramos.
O novo superintendente disse que seu programa de campanha foi baseado no Planejamento Estratégico elaborado em 2010 e que considera bastante atual. “Este plano de trabalho traz algumas prioridades, como a expansão da área de Saúde da Unicamp e incremento nos procedimentos. O HC atende cerca de seis milhões de pessoas e o número de leitos é pequeno para tanta demanda. Possuímos um total de 400 leitos e precisamos, no mínimo, dobrar essa quantidade nos próximos anos. A USP de Ribeirão Preto, por exemplo, que atende menos da metade de pessoas, vai alcançar 1.100 leitos com a inauguração do Hospital da Criança.”
Segundo João Batista de Miranda, uma segunda prioridade é a busca de fontes de financiamento para esta expansão e incremento de procedimentos e para que o HC não sofra com problemas financeiros. “Também vamos dar prosseguimento à política de infraestrutura. Nosso hospital tem mais de 30 anos, o que exige reformas constantes para sua manutenção, e o parque tecnológico não pode ficar defasado diante dos avanços na medicina, agregando novos procedimentos, exames e tecnologias. E, continuando o que fez a gestão anterior, vamos trabalhar fortemente na humanização do atendimento e na melhoria das condições de trabalho; os recursos humanos são nosso maior capital.”
De acordo com Miranda a gestão que sai consolidou o maior plano de modernização de equipamentos desde a inauguração do HC em 1985. Entre os grandes, destaca, SPECT-CT, PET CT, tomógrafo multislice, ressonância magnética 1,5T (Tesla), arcos cirúrgicos, camas elétricas e equipamentos a laser. “Já recebemos o novo angiógrafo digital e estamos em fase de compra de mais um para ser instalado no centro cirúrgico”, comemora Miranda.
Para o representante do secretário de Estado da Saúde, David Uip, Sérgio Swain Muller foi uma imensa satisfação rever velhos amigos como o novo superintendente do HC. Atualmente à frente da Coordenadoria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos de Saúde da SES, Muller elogiou a gestão do professor Manoel por ter combinado investimentos e saneamento das dívidas sem comprometimento da assistência e ensino. “Como fui superintendente do Hospital de Botucatu confesso que estou surpreso com essas notícias que merecem cada vez mais apoio da Secretaria. Estarei lutando por isso em São Paulo”, enfatizou Muller.
Manoel Barros Bértolo, por sua vez, orgulha-se de deixar a superintendência com a situação financeira do Hospital de Clínicas completamente sanada: as dívidas, que eram de quase R$ 7 milhões em setembro de 2010, caíram para zero em junho deste ano. “Conseguimos financiamentos da Secretaria de Estado e do Ministério da Saúde, e junto aos parlamentares em Brasília e à Reitoria, atendendo ao que a comunidade queria. Seguindo o Planejamento Estratégico, promovemos reformas e adequações de espaços, compra de equipamentos e mudanças de processos de trabalho, com capacitação profissional. O total de investimentos foi de mais de R$ 50 milhões em quatro anos.”
Somente em emendas parlamentares do orçamento federal foram 115 milhões no quadriênio – R$ 100 milhões de uma emenda de bancada para reforma de todas as enfermarias do hospital apresentada pelo senador Eduardo Suplicy e que ainda está na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. “Essa emenda, que ainda não está liberada foi a primeira na estória do hospital. Um marco histórico para o HC”, comemora Bértolo. Normalmente ocorrem cortes nessas emendas de maiores valores.
A dívida zerada foi o aspecto destacado pelo reitor José Tadeu Jorge na gestão de Bértolo e equipe. “Poder deixar o cargo dizendo que ‘hoje o HC não tem dívida’ é algo inédito em solenidades de posse do hospital. Isso é marcante, ainda mais porque não foi um ajuste financeiro feito com o sacrifício de ações importantes para o cumprimento da missão do HC. Muito pelo contrário, houve ampliação significativa nos atendimentos e atualização do parque tecnológico. Mas este é sempre um momento de renovação e propostas de um novo plano. O professor Miranda tem enormes desafios, apesar de tudo o que foi feito. Há dois segmentos no Brasil onde o déficit para com a população é muito grande: educação e saúde. E nossa instituição trabalha nas duas áreas.”
Atualmente, João Batista de Miranda é professor MS-3 da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade Estadual de Campinas. Ortopedista formado pela Unicamp, em 1974 (7ª turma), fez residência no Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP com Especialização em Reumatologia. Em 1982, iniciou treinamento em ortopedia e traumatologia, concluído em 1985, sendo seis meses na Campbell Clinic, Memphis, Tennesse, USA.
No retorno ao Brasil voltou à carreira docente no Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FCM/UNICAMP, atuando principalmente em pesquisa com regeneração de tecido ósseo utilizando-se enxertos homólogos de banco de ossos, o que resultou com o trabalho de doutorado em Cirurgia FCM em 1996. Atuou ainda, como chefe do Departamento de Ortopedia, preceptor dos residentes, coordenador da Graduação e do Internato e Coordenador do Grupo de Cirurgia do Joelho e Doenças Inflamatórias.
Caius Lucilius com Luiz Sugimoto