A resistência aos antimicrobianos e a sua disseminação global é o tema proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para Dia Mundial da Saúde, comemorado nesta quinta-feira (7) em todo o mundo. Na Unicamp, a data foi marcada por um evento organizado pelos Departamentos de Enfermagem, Serviço de Farmácia e Seção de Epidemiologia e Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas (HC); Divisão de Enfermagem Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Caism), Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) e Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. “Desde 2008 realizamos o Dia Mundial da Saúde na Unicamp. Este ano tivemos 350 inscritos. Conseguimos reunir médicos, enfermeiros, farmacêuticos, alunos e pessoas da sociedade campineira e região”, disse a enfermeira do HC e coordenadora-geral do evento na Unicamp, Flora Marta Giglio Bueno.
Segundo OMS, a resistência aos antimicrobianos é um obstáculo importante para o êxito no controle do HIV, da malária e da tuberculose – três das principais causas de mortalidade por doenças infecciosas no mundo. Este grave problema também faz com que se torne mais difícil tratar as infecções adquiridas nos hospitais, facilita o aparecimento de superbactérias resistentes aos principais antibióticos. Isto cria a necessidade de novos tratamentos, mais caros e complexos. Estima-se, por exemplo, que 440 mil novos casos de tuberculose resistente apareçam por ano no mundo. Mais de 64 países já relataram este problema à OMS.
“A resistência antimicrobiana mata pessoas. Se nós não agirmos agora para contornar o problema, chegaremos ao ponto dos antibióticos disponíveis não matarem as bactérias causadoras de processos infecciosos, tuberculose, malária e HIV. Vamos ficar com os fármacos na mão, mas não poderemos utilizá-los. Vamos retroceder à Era pré-antibiótica antes da década de 1930 e isso colocará em risco todo o avanço da medicina”, disse o médico infectologista da FCM da Unicamp Plínio Trabasso, na conferência de abertura ocorrida na manhã desta quinta-feira (7) no auditório da faculdade.
Para combater esse problema é necessário a esterilização de equipamentos e materiais hospitalares, a higienização das mãos por parte dos profissionais da área da saúde e uma vigilância constante sobre a dosagem e uso indiscriminado de medicamentos. “Pela primeira vez o Ministério da Saúde faz valer a lei da obrigatoriedade de receituário para a venda de antibióticos. Isto já é um grande passo”, comentou o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, que participou da mesa de abertura.
Em seu discurso, o secretário aproveitou o Dia Mundial da Saúde para alertar que o município de Campinas se encontra em franca epidemia de dengue. De janeiro a abril foram registrados 480 casos da doença, segundo o secretário. Em alguns municípios da região metropolitana de Campinas este número chega a mil. De acordo com Saraiva, estes índices estão relacionados com a degradação ambiental e com o acúmulo de água. “Para resolver este problema, precisamos de ações integradas e da participação da população”, comentou.
O impacto deste problema é sentido no Pronto-Socorro do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. Por meio de uma parceria entre a Unicamp e a Secretaria de Estado da Saúde, o HC inaugura esta semana mais 40 leitos – 20 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 20 na Enfermaria Geral do pronto-atendimento. “Ainda neste mês, teremos uma reunião em Brasília com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para apresentarmos o projeto de ampliação do Pronto-Socorro do HC”, revelou o médico Manoel Bértolo, superintendente do HC.
A diretora-associada da FCM, Rosa Inês Costa Pereira, disse que na Universidade, as instituições que promovem a formação de profissionais e cuidam da saúde tem a obrigação de proporcionar debates como estes não somente no Dia Mundial da Saúde, mas sempre que necessário para disseminar conhecimento e atitudes adequadas de atendimento e atenção à saúde para garantir o futuro do País. “É importante fazer uma pausa no nosso cotidiano e debater questões pertinentes à saúde da população e do mundo”, disse Rosa Inês.
Participaram ainda da abertura do evento a assistente técnica de direção da diretoria-executiva do Caism, Roseli Calil e Edison Lins, coordenador do GGBS.