Dia Mundial da Saúde no HC tem como tema as doenças vetoriais


As doenças transmitidas por vetores são responsáveis pela alta morbidade e mortalidade nos países mais pobres. Como resultado, trazem aumento da pobreza, sobrecarregam os sistemas de saúde e diminuem a produtividade econômica. Considerando esse cenário, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, promoveu no dia 7 de abril, o Dia Mundial da Saúde, cujo tema é “Pequenas criaturas. Grandes ameaças”. Foram realizadas sete palestras durante toda a manhã no anfiteatro do 3º andar do HC, com a presença do superintendente do hospital, Manoel Barros Bertolo. Os temas abordaram as causas, impactos e prevenção das doenças de transmissão vetorial.

O infectologista do HC, Rodrigo Nogeira Angerami, que ministrou a palestra “Doenças transmitidas por carrapato e seu impacto no estado de São Paulo”, ressaltou a importância das discussões que aconteceram durante a manhã. “O evento retifica o papel do HC, como centro de referência em tratamento das doenças transmitidas por vetores. Além de ter transcendido as fronteiras da universidade com a participação de profissionais de fora do hospital”, afirma.

O HC recebe ações em alusão ao Dia Mundial da Saúde há 8 anos, sob coordenação da equipe de enfermagem do hospital. “Mediante o tema deste ano, convidamos profissionais especialistas nos assuntos. O GGBS/Unicamp foi um grande parceiro e patrocinador do evento. Nossas expectativas foram correspondidas”, completa a diretora do departamento de enfermagem, Flora Marta Giglio Bueno.

Outras palestras foram “Leishmaniose Visceral – situação epidemiológica na região de Campinas”, ministrada pela médica – veterinária sanitarista, da Prefeitura Municipal de Campinas, Andrea Paula Bruno Von Zuben; “Medicina da conservação – buscando um ambiente saudável para as pessoas e os animais”, com o médico veterinário da Unicamp, Paulo de Tarso Gerace da Rocha e Silva.
 
Ainda durante a manhã aconteceram “Prevenção de doenças transmitidas por vetores – orientações para viajantes”, exposta pela enfermeira do CECOM-Unicamp, Meire Celeste Cardoso Del Monte; “A importância da enfermagem na assistência ao paciente com Dengue”, com o médico da Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Campinas (COVISA), André Ricardo Ribas de Freitas; “Vacina de Febre Amarela – Dúvidas e controvérsias”, tratada pela médica coordenadora do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais do HC (CRIE), Eliane de Oliveira Morais; “Assistência de Enfermagem ao paciente com doenças de transmissão vetorial”, com a enfermeira da Unidade de Moléstias Infecto-contagiosas do HC, Viviane Sayemi Ito.

Vetores são seres vivos, que servem como intermediários para a transmissão de doenças. Cães, gatos, roedores, pombos, mosquitos e moscas são exemplos de vetores. Esses animais e insetos carregam vírus, bactérias ou parasitas que em contato com o ser humano, podem desencadear patologias que levam até a morte. Na Região das Américas, as doenças transmitidas por vetores de maior importância epidemiológica são a malária, dengue, doença de Chagas, leishmaniose, filariases linfáticas, esquistossomose e tracoma. São as chamadas Doenças Tropicais, pois os vetores encontram nos trópicos seu habitat ideal. Com exceção à febre amarela, não existem vacinas para essas doenças, mas há o tratamento indicado para cada uma.

A cidade de Campinas está em alerta quanto ao elevado número de casos de dengue registrados nos primeiros meses do ano. Os números já confirmados estão acima do esperado para o período, no mês de janeiro e fevereiro já foram confirmados 199 e 507 casos respectivamente, sendo que existem 139 casos em janeiro e 1.087 em fevereiro sob investigação, portanto, estes números devem aumentar significativamente, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. As áreas com o maior índice de transmissão são as áreas de abrangência das Unidades Básicas de Florence Barão Geraldo, Faria Lima, Aurélia, Ipaussurama, Pedro Aquino, Rossin, São Cristóvão, e Vista Alegre.

Como forma de se prevenir essas doenças é importante levar em consideração algumas medidas de proteção como: uso de roupas e repelentes que protejam pernas e braços contra a picada de insetos, instalação de telas em portas e janelas das residências, cobrir os recipientes onde é armazenada a água e não deixar água parada ou acumular lixo, manter a vacinação em dia, os viajantes precisam obter informações especificas sobre a região de destino e se existem medidas de proteção, como as vacinas, que podem ser tomadas antes do embarque e durante a estada no local contra as doenças vetoriais.

Doenças Tropicais

Dengue
Contágio: Através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti
Prevenção: Combater os focos de criação do mosquito transmissor da doença, principalmente a água que fica parada em recipientes como copos plásticos, pneus velhos, vasos de plantas etc. 
Tratamento: O tratamento é sintomático, principalmente com remédios à base de dipirona e paracetamol. Não devem ser utilizados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico. Deve-se ingerir bastante líquido. Não existem vacinas contra a dengue.
 
Doença de Chagas
Contágio: Através do contato das fezes do Trypanossoma Cruzi (ou “barbeiro”) com a pele ferida ou com a mucosa do olho. Ou, ainda, pela ingestão de alimentos contaminados. A transmissão pode ocorrer também pela transfusão de sangue ou transplante de órgãos de portadores da doença. 
Prevenção: Usar telas, repelentes e mosquiteiros nas residências. Lavar bem os alimentos antes de consumi-los. 
Tratamento: O remédio Benzonidazol é fornecido gratuitamente pelas Secretarias Estaduais de Saúde. O tratamento dura em média 60 dias.
 
Esquistossomose 
Contágio: Os ovos do verme são eliminados pelas fezes humanas. Em contato com a água, os ovos liberam larvas que infectam caramujos hospedeiros de água doce. Após quatro semanas, as larvas ficam livres nas águas. O contágio se dá quando o ser humano consome a água contaminada. 
Prevenção: Evitar o contato com águas contaminadas pelos caramujos hospedeiros. Não existem vacinas contra a esquistossomose. 
Tratamento: Remédios à base de Praziquantel e Oxamniquine. Em casos mais graves, o tratamento requer internação hospitalar e intervenção cirúrgica.
 
Febre amarela 
Contágio: Através da picada dos mosquitos transmissores infectados. 
Prevenção: A vacinação é gratuita e está disponível nos postos de saúde. É administrada em dose única a partir dos nove meses de idade e tem validade de 10 anos. Em casos de viagens para áreas de risco de transmissão da doença, a vacina deve ser aplicada com 10 dias de antecedência. 
Tratamento: 10 dias de antecedência. 
O tratamento é sintomático. O paciente deve permanecer em repouso e, quando necessário, repor líquidos. Não existe remédio.
 
Leishmaniose 
Contágio: Através da picada das fêmeas de Flebotomíneos infectadas. 
Prevenção: Usar mosquiteiros e repelentes, evitar a exposição nos horários de maior atividade do vetor, como noite e crepúsculo, e limpar quintais e terrenos, eventuais criadouros do mosquito. 
Tratamento: Os postos de saúde oferecem tratamento gratuito para a doença. Os remédios indicados são à base de antimônio, além de repouso e boa alimentação.
 
Malária 
Contágio: Através da picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada por Plasmodium.
Prevenção: Usar repelentes, mosquiteiros e telas em portas e janelas. Eliminar eventuais focos de reprodução doAnopheles por meio de inseticidas. 
Tratamento: Remédios à base de quinina. Nos últimos anos, algumas cepas de parasitas se tornaram resistentes a essa droga. Não existem vacinas contra a malária.

Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp