O Hospital de Clínicas da Unicamp promoveu nesta quarta-feira (16/04) a campanha do Dia Mundial da Voz. Médicos, docentes e residentes da disciplina de otorrinolaringologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), realizaram um mutirão de atendimentos com pacientes de distúrbios na voz e na garganta. Nesta 12ª edição foi usado um equipamento inédito de laringoscopia por autofluorecência que está disponível no ambulatório.
O equipamento da fabricante alemã Storz está sendo usado pela primeira vez no Brasil, para o diagnóstico de doenças na laringe. Ao emitir uma luz específica é capaz de colorir lesões no local analisado, facilitando o diagnóstico. Ficará no ambulatório de otorrino por seis meses, em regime de empréstimo. “A importação é temporária, mas o equipamento de alta tecnologia vai nos auxiliar muito em diagnósticos e pesquisas”, afirma o chefe da disciplina de otorrinolaringologia, Agrício Crespo.
Todos os exames feitos em pacientes, que passaram pelo mutirão, serão analisados e encaminhados para os devidos tratamentos, de acordo com o tipo de lesão diagnosticada. Ao todo foram atendidos 78 pacientes, desses, 10 foram diagnosticados com lesões benignas e dois com suspeita de lesões malignas.
As pessoas mais afetadas por problemas de voz são os profissionais que dependem dela para trabalhar, como os professores, vendedores e também aqueles que fumam e bebem. “As cordas vocais são responsáveis pela vibração que produz a voz e ficam sobrecarregadas quando são mal utilizadas”, explica Agrício.
Existem alguns sintomas que podem ser indicativos de desgastes na voz, como rouquidão persistente por mais de duas semanas, pigarro, dores constantes na garganta, sensação de incômodo ao engolir alimentos e perda da voz. Laringites, o surgimento de pequenos cistos, nódulos ou pólipos também são alguns dos problemas mais comuns que podem causar distúrbios vocais.
Apesar de apresentar um significativo aumento no nível de consciência das pessoas sobre os problemas relacionados à voz, o Brasil ainda está entre os países que têm as maiores incidências de câncer de laringe. No total são 15 mil casos diagnosticados por ano, mais da metade deles fatais.
Segundo Agrício Crespo, o número de mortes pode diminuir com a conscientização da população. “Se as pessoas ficarem mais atentas às alterações na voz e procurarem avaliação médica na fase inicial, as chances de resolver seus problemas serão maiores”, comenta. Ele alerta que nos casos de rouquidão persistente por mais de 15 dias, os fumantes são grupo de risco, é necessário procurar um especialista.
O consumo abusivo de álcool, fumo e poluição são fatores que prejudicam a saúde de modo geral, mas também tem efeitos na voz. O médico aponta o uso excessivo da voz como um agravante. “Gritar muito e falar alto constantemente podem trazer problemas”. Mudanças bruscas de temperatura e exposição a ambientes com poeira e mofo atingem principalmente pessoas alérgicas. Evitando as práticas nocivas, Crespo indica o consumo de pelo menos oito copos de água por dia e a procura de atendimento médico especializado quando algum sintoma surgir.
Campanha – A Campanha da Voz foi reconhecida internacionalmente em 2003, quando o dia 16 de abril passou a ser o Dia Mundial da Voz. A Unicamp participou da criação da campanha em 1999 e coordenou as ações de 2001 e 2002 em todo o país.
Caius Lucilius com Caroline Roque
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp