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A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou um alerta para o risco de acidente vascular cerebral (AVC) entre crianças com até 14 anos de idade. A divulgação veio após 266 casos serem registrados em 2008 e 177 em 2009. Na maioria das vezes, esse tipo de doença está diretamente relacionado a adultos, entretanto, a atenção, também, deve ser voltada às crianças, já que o risco está comprovado. O HC da Unicamp registra em média cinco ocorrências de AVC em crianças por ano.

De acordo com a neuro-pediatra Maria Augusta Montenegro (foto), o fato não é algo recente, porém o diagnostico atual é muito mais preciso graças a tecnologia dos novos tomógrafos (multislice) em todo país. A docente da Faculdade de Ciências Médicas do HC esclarece que não existe prevenção para o AVC na população infantil. Algumas crianças fazem parte do grupo de risco como portadores de anemia falciforme, cardiopatias congênita, hipercolesterolêmia e diabetes.

Após o primeiro episodio, alerta Maria Augusta, é necessário uma extensa investigação (laboratorial e neurorradiológica) para determinar a causa. O principal grande objetivo é descobrir a causa e assim, evitar a repetição do evento AVC. “A investigação sobre as causa do AVC na infância é fundamental”, explica Montenegro. Os fatores de risco da doença na infância são diferentes dos casos em adultos (hipertensão arterial, obesidade, infarto).

O AVC é resultado de uma deficiência na irrigação sanguínea do cérebro provocando um infarto ou hemorragia, e há dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre pela obstrução de uma das artérias do cérebro, que provoca a lesão do tecido cerebral devido à ausência do suporte sangüíneo adequado. Já, o AVC hemorrágico ocorre por sangramento de uma das artérias do cérebro. Em 90% dos casos de AVC algum membro do corpo pára de funcionar.

A causa é o principal diferencial do AVC entre crianças e adultos. Com as crianças ocorre decorrente da má formação vascular, de disfunções no sistema imunológico e infecções. Ao contrário dos adultos, que sofrem esse tipo de doença devido a fatores modificáveis e não-modificáveis, ou seja, pressão alta, idade, diabetes, tabagismo ou utilização de drogas. Montenegro ainda explica: “Fica mais evidente uma hemiparesia nos adultos, ou seja, uma diminuição da movimentação da metade do corpo, do que nas crianças que, principalmente, no primeiro ano de vida, parte da movimentação ainda é reflexa”.

Durante o procedimento de suporte, a medicação trombolítica, a qual tem a função de quebrar o trombo, só pode ser utilizada nos adultos e em caso de AVC isquêmico. Para as crianças, ainda não há autorização para o uso desta substância. Contudo, o professor da FCM da Unicamp e coordenador do grupo de neurocirurgia do HC, Li Li Min, afirma que o atendimento precoce ainda é o principal fator para minimizar as lesões, tanto em crianças quanto em adultos. “A pessoa deve procurar imediatamente um centro especializado em AVC. Não importa a idade, o principal é distinguir o caso e gerar o encaminhamento necessário para que sejam evitadas as seqüelas”, explica Li Li Min.

Já o processo de recuperação das crianças é mais eficiente do que nos adultos, pois na infância há a possibilidade de adaptar os neurônios que não foram atingidos pela doença a assumirem funções que não são designadas a eles. Os principais sintomas do AVC são: um dos lados do corpo paralisado, dificuldades na fala, diminuição da visão, dor de cabeça forte e tontura. Nesse caso é necessário que o paciente vá urgente a um hospital ou ligue para o serviço de urgência (192).

De acordo com Li Li Mim é necessário alertar sobre a necessidade de redução dos fatores de risco que geralmente estão presentes durante longos anos antes do aparecimento do AVC. Sendo asssim, diz, é fundamental a mudança de estilo de vida como parar de fumar, fazer atividade física diária, privilegiar frutas e vegetais na dieta, manter peso adequado, controlar a ingestão de sal, gordura e açúcar, evitar consumo excessivo de álcool, manter a pressão arterial em níveis normais.

Dados da Organização Mundial da Saúde – OMS mostram que cerca de 15 milhões de pessoas são acometidas de AVC anualmente. Desse total, 5 milhões morrem anualmente (3 milhões de mulheres e 2,5 milhões de homens) e outras 5 milhões são acometidas de seqüelas permanentes, com grande impacto na família e na sociedade. O AVC é pouco comum em pessoas abaixo de 40 anos, quando isso ocorre a causa mais comum é a hipertensão arterial.

Caius Lucilius com Paula da Conceição e Assessoria SES
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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