Falta de informação ainda é desafio no combate ao glaucoma


Nesse sábado (26/5), a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) realiza a campanha do Dia Nacional de Combate ao Glaucoma. O principal objetivo é informar a população sobre a doença e a importância dos exames preventivos para o diagnóstico precoce, evitando assim a cegueira causada pelo glaucoma. “Por ser uma doença assintomática, as pessoas só percebem algo errado no estágio avançado e a cegueira é irreversível”, afirma o oftalmologista Vital Paulino Costa (foto), presidente da SBG e chefe do setor de glaucoma do Hospital de Clínicas da Unicamp.
 
O glaucoma é uma doença ocular hereditária e progressiva causada pela alteração da pressão intraocular, que resulta na lesão do nervo óptico. Em 80% dos casos, se não tratado, o glaucoma pode resultar na perda gradativa da visão, característica do glaucoma crônico de ângulo aberto. Há também o glaucoma de tipo agudo ou de ângulo fechado, quando um dos olhos sofre aumento repentino da pressão intraocular, causando dor intensa. O glaucoma de pressão normal, quando ocorre dano ao nervo óptico em pessoas com pressão intraocular normal. O glaucoma secundário, decorrente de outras doenças e o glaucoma congênito.
 
Um dos desafios é o diagnóstico precoce da doença e o correto tratamento. O HC atende cerca de 1.200 pacientes por mês no ambulatório de glaucoma, que funciona todos os dias das 8h às 16h. Segundo o oftalmologista, mais de 30% dos pacientes que chegam ao hospital já estão com a visão comprometida. A doença não tem cura, mas o controle pode ser feito com o uso de colírios, laser ou procedimento cirúrgico. O diagnóstico é feito através de exames simples e indolores, como o exame de campo visual, tonometria, acuidade visual e fotografia do nervo óptico.
 
Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), apontam o glaucoma como a segunda maior causa de cegueira no mundo e a primeira causa de cegueira irreversível. Ele atinge mais de 1 milhão de brasileiros e mais de 60 milhões de pessoas no mundo. O ideal é que todas as pessoas acima de 40 anos de idade façam exames oftalmológicos de rotina a cada dois anos. Pessoas com histórico da doença na família também integram o grupo de risco. Assim como indivíduos de etnia negra ou afrodescendente, pois a incidência nesse grupo é quatro vezes maior em relação aos demais. “Nós observamos na população negra uma incidência maior e uma manifestação mais agressiva da doença”, completa o médico.
 
O tratamento é indicado de acordo com o estágio da patologia. Para a forma mais comum do glaucoma, diz, há três tipos de tratamento: medicação através de colírios e comprimidos, laser e cirurgia. “É preciso que o paciente entenda o glaucoma e quais problemas um tratamento inadequado pode causar”, alerta o médico da Unicamp. A eficácia do tratamento com colírio, por exemplo, depende da disciplina do paciente. Estudos comprovam que menos da metade dos pacientes segue corretamente as instruções médicas para aplicação do colírio. Quando esse método não é eficaz, o laser é aplicado. E em último caso a cirurgia é indicada, por se tratar de um método invasivo. Segundo informações levantadas pela The Glaucoma Foundation, pelo menos 90% dos casos de glaucoma não levariam a cegueira se diagnosticados e tratados corretamente.
 
Mutirão de tratamento
 
Em setembro do ano passado, o HC da Unicamp realizou um mutirão de cirurgias de glaucoma. Foram usadas três modalidades cirúrgicas: a facotrabeculectomia (catarata + glaucoma), a trabeculectomia (TREC) e o implante de válvula de drenagem Ahmed. “Nós tínhamos uma fila grande de espera para a cirurgia de glaucoma. Com esse mutirão nós realizamos 35 cirurgias em um único dia e com isso reduzimos consideravelmente a fila de espera pelo procedimento”, lembra o oftalmologista.
 
9º Curso Internacional de Glaucoma
 
No último final de semana (18 e 19/05), o Departamento de Oftalmologia da Unicamp com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), realizou o 9º Curso Internacional de Glaucoma da Unicamp. O evento foi sediado em São Paulo e contou com a presença de referências da glaucomatologia nacional e convidados internacionais. Ao todo, 650 oftalmologistas participaram do curso. “Um evento como esse atesta que a Unicamp realmente é um centro de excelência no tratamento e no diagnóstico do glaucoma”, enfatiza o médico. Integraram a programação do curso, atividades para discussão das inovações na área cirúrgica do glaucoma e os resultados dos estudos que avaliam o uso dos implantes.
 
 
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp