HC se prepara para fazer gastroplastias videolaparoscópicas em cirurgias bariátricas


A equipe de gastrocirurgia do Hospital de Clínicas da Unicamp, coordenada pelo professor Elinton Chaim, vai realizar cerca de 60 cirurgias bariátricas através da técnica de gastroplastia videolaparoscópica, que diminui entre 70% e 80% o tamanho do estômago através de grampos cirúrgicos. A técnica é mais segura, permite um menor tempo de internação, menos sangramento, menor necessidade de UTI e menor incidência de complicações pós-operatórias.

O projeto começou no último dia 1 de junho e até agora foram realizados sete procedimentos – três somente nesta quinta-feira. O projeto conta com a participação do professor Almino Ramos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O cirurgião Chaim diz que até o momento, todos os pacientes submetidos à gastroplastia videolaparoscópica no Hospital de Clínicas apresentaram ótimos resultados.

Segundo Chaim, a cirurgia não tem indicação como tratamento estético e sim para melhora de doenças associadas à obesidade e qualidade de vida. Deve ser recomendada apenas para pacientes com IMC igual ou maior que 40kg/m² e pode ser realizada em casos de IMC entre 35kg/m² e 40kg/m², desde que o paciente tenha comorbidades como, por exemplo, diabetes e hipertensão. “A técnica é excelente, porém, não há cobertura do SUS para os grampos. Nesse caso os gastos do hospital serão zero com esse projeto”, salienta Chaim.

Antes da cirurgia, diz, vale destacar que a primeira recomendação para o tratamento da obesidade deve ser o tratamento clínico pela mudança de estilo de vida, com reeducação alimentar, a adoção de hábitos saudáveis e exercícios físicos regulares. “Quando o paciente após as orientações do ambulatório conseguiu reduzir no mínimo 20 por cento exclusivamente pela mudança do estilo de vida, ele está pronto para a cirurgia bariátrica”, explica Chaim.

Aberta x Laparoscópica
As diferenças começam nos dias de internação. Na cirurgia aberta são necessários de três a quatro dias de internação na enfermaria, enquanto no procedimento laparoscópico geralmente são apenas dois dias. Na cirurgia realizada por videolaparoscopia são feitas cinco ou seis pequenas incisões no abdômen de 0,5cm e 1cm para a introdução das cânulas por onde são introduzidas as pinças para realizar o procedimento com apoio de uma câmera de alta resolução.

Já na cirurgia aberta esta incisão pode variar de 15cm a 30cm. Enquanto na cirurgia aberta os pacientes levam de 30 a 60 dias para voltarem as suas atividades de trabalho, na cirurgia laparoscópica eles estão liberados entre 10 e 15 dias. Dentre as vantagens estão a diminuição do risco de hérnias de parede intestinal, infecção da ferida cirúrgica, retorno precoce às atividades, diminuição do risco de complicações pulmonares e menor dor pós-operatória.
 
De acordo com a SBCBM, o ano passado foram realizadas cerca de 100 mil cirurgias bariátricas em todo País, que é o segundo no mundo com mais cirurgias realizadas. Desse total, apenas 10% dos procedimentos foram feitos na rede pública. Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde oficializou a incorporação da videolaparoscopia nos procedimentos de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS – Sistema Único de Saúde, porém não oferta o custeio dos grampos cirúrgicos.

Caius Lucilius e Caroline Roque Assessoria de Imprensa do HC