Evento comemora 25 anos de transplantes hepáticos no HC


O Hospital de Clínicas da Unicamp comemorou 25 anos do primeiro transplante hepático na unidade, realizado em setembro de 1991. O evento de celebração da data aconteceu no dia 27/09, com a presença de profissionais, pacientes transplantados e autoridades do governo Estadual e Federal, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A data foi escolhida em homenagem ao Dia Nacional da Doação de Órgãos e ao mês da doação de órgãos, denominado “Setembro Verde”.

Até agosto de 2016, o HC registrou 790 transplantes de fígado realizados com sucesso. “É de grande importância comemorar essa data, pois somente dois serviços de transplantes do Brasil têm 25 anos: O Hospital de Clínicas da Unicamp e o Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Existem outros 55 atuantes na área”, afirma a coordenadora da Unidade de Transplantes Hepáticos do HC, professora Ilka Boin.

Compareceram ao evento a coordenadora do Sistema nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, o Secretário Municipal de Saúde, o diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, o coordenador de Assistência do Hospital de Clínicas, o diretor do Gastrocentro e o coordenador da Organização de Procura de Órgãos da Unicamp (OPO). O médico e professor aposentado, Luiz Sergio Leonardi, pioneiro nos transplantes de fígado na Unicamp foi homenageado.

O fígado é uma glândula constituída por milhões de células – os hepatócitos, localizada no lado direito do abdômen, que produz substâncias essenciais para o equilíbrio do organismo. Embora tenha uma capacidade extraordinária de recuperação, certas doenças provocam insuficiência hepática aguda ou crônica grave que podem levar ao óbito.

“Nesses casos, o único recurso terapêutico é a substituição do fígado doente por um fígado sadio retirado de um doador compatível com morte cerebral ou de um doador vivo que aceite doar parte de seu órgão para ser transplantado”, esclarece Boin. Dados do Ministério da Saúde demonstram que no Brasil, existem cerca de 8 mil candidatos a transplante de fígado. No Estado de São Paulo, são mais de 4 mil.

Os transplantes são realizados pela equipe da Disciplina de Gastrocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas. A média é de 50 transplantes de fígado por ano, com sobrevida de 75%. Atualmente, são realizados em média cinco transplantes de fígado por mês no HC. “A média de internação é de 11 dias, e em três meses o paciente pode retornar às atividades laborais”, explica Ilka. No Brasil 13 estados atuam nos transplantes de fígado com 57 centros atuantes.

A professora agradeceu a todas as famílias dos doadores, aos pacientes transplantados e a confiança dos receptores nos serviços prestados pelo HC. Além disso, ressalta que a doação de órgãos ainda é o maior problema para a realização de novos transplantes. “Temos 50% de recusa na doação de órgãos, e cerca de 45% de pacientes com risco de morte em lista de espera por esse problema”, conclui Boin. A cirurgia de transplante de fígado dura em média, entre 6 a 8 horas, podendo se estender até 12 horas dependendo da complexidade de cada paciente.

Transplantes

O HC da Unicamp é um dos maiores centros transplantadores do País. Até agosto de 2016, o Hospital de Clínicas da Unicamp atingiu a marca de 6824 transplantes de órgãos e tecidos realizados desde 1984. Ao todo, foram 1272 transplantes de medula óssea, 2467 renais, 790 hepáticos, 2223 de córnea e 79 cardíacos.

Outro destaque nos transplantes é a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Clínicas da Unicamp, que vem recebendo seguidos prêmios de destaques pela atuação no interior do Estado de São Paulo. De janeiro até o momento, a OPO-HC Unicamp recebeu 253 notificações e 73 foram doações viabilizadas pelas equipes de captação sendo 10 corações, 3 pâncreas, 133 rins, 50 fígados e 8 pulmões.

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), de todas as mortes encefálicas notificadas em que os órgãos poderiam ser transferidos para pacientes que correm risco de morte, pouco mais da metade se transforma em doação efetiva. O número cresceu de 41%, em 2012, para 47% em 2013 e se mantém nessa média.
 
Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extra-corpórea: de 4 a 6 horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida com tempo máximo para transplante de 12 a 24 horas e os rins podem levar até 48 horas para ser transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos até cinco anos.
 
No cenário mundial, a Espanha, é considerada campeã mundial em doação de órgãos, a taxa é de 30 doadores em morte encefálica por milhão de habitantes. Em São Paulo, estado com maior população do Brasil, a taxa é de 10, 12 doadores por milhão de habitantes, portanto um terço do número de doadores espanhóis.

Caius Lucilius com Isabela Mancini – Assessoria de Imprensa HC

Ouça a entrevista com a Professora Ilka Boin

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