HC inaugura oito leitos de UTI para transplantados


O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp inaugurou na manhã desta segunda-feira (23) oito leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) destinados especificamente ao atendimento de pacientes submetidos a transplantes de órgãos. “Com esse incremento, vamos poder não somente oferecer uma melhor assistência aos pacientes e aumentar o número de cirurgias, mas qualificar ainda mais as atividades de ensino e pesquisa nessa área”, analisou o superintendente do HC, Luiz Carlos Zeferino. Os oito leitos integram um conjunto de 14. Destes, quatro são destinados a pacientes semi-intensivos e outros dois deverão ser colocados em operação em 2010. Participaram da cerimônia de inauguração, além de Zeferino, o reitor Fernando Ferreira Costa; o pró-reitor de Extensão, Mohamed Habib; o diretor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), José Antonio Rocha Gontijo; e o médico Luís Sérgio Leonardi, responsável pelo primeiro transplante de fígado realizado no hospital.

De acordo com Zeferino, este ano o HC teve que recusar dezenas de órgãos porque não tinha leitos de UTI suficientes para dar suporte às cirurgias. “Calculo que tivemos que renunciar, por exemplo, a 40 fígados, que foram obviamente aproveitados por outros hospitais. Agora, com a entrada em operação desses oito leitos, acredito que poderemos ampliar o número de transplantes, o que trará grandes benefícios à sociedade”, previu. Além de melhorar o atendimento aos pacientes, acrescentou o superintendente do HC, a nova unidade de terapia intensiva também trará um ganho importante para as atividades de ensino e pesquisa. “São raríssimos os hospitais que têm competência e realizam transplantes em número suficiente para fomentar o ensino e a pesquisa. Felizmente, o HC preenche esses requisitos”.

Em sua fala, o reitor Fernando Ferreira Costa destacou a importância da área da saúde em geral e do HC em especial para o atendimento de uma população que extrapola os limites do Estado de São Paulo. “O transplante é um procedimento complexo, que exige estrutura e dedicação de equipes multidisciplinares, como médicos, enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas. A entrada em operação desses oito leitos eleva o patamar da assistência prestada pelo HC e contribui para a formação de pessoal qualificado e a produção de pesquisa e conhecimento. É um importante esforço para que a população não fique privada de boa atenção na área da saúde, visto que esse tipo de investimento dificilmente seria feito por um hospital privado”, analisou. Na mesma linha, o pró-reitor de Extensão afirmou que o HC e toda a área de saúde da Unicamp são responsáveis, em grande medida, pela credibilidade que a Universidade goza junto à população.

De acordo com a Superintendência do HC, a Secretaria de Estado da Saúde destinou ao hospital nos últimos anos cerca de R$ 3 milhões para serem aplicados em terapia intensiva. Metade do valor foi destinada à UTI de transplantes. Os recursos foram gastos principalmente na compra de equipamentos, a maioria importada. A principal característica de um leito de UTI para transplantados é o quarto individualizado por especialidade cirúrgica e seus equipamentos. O HC conta atualmente com 45 leitos de UTI, assim divididos: 35 destinados a adultos (21 para UTI geral e pós-operatório, seis para unidade coronariana, oito para transplantes) e dez para pediatria. Para 2010, a previsão é colocar em operação mais 25 leitos de UTI adulto e duplicar os leitos de UTI pediátrica.

O HC é o hospital que mais faz transplantes de órgãos no interior de São Paulo. A experiência começou com transplantes de córneas, no final da década de 70, quando a Unicamp ainda utilizava a estrutura da Santa Casa de Misericórdia, no Centro de Campinas. De lá para cá, foram efetivados até a semana passada 4.420 cirurgias, sem incluir os transplantes de medula óssea. Depois das córneas, com 2.284 procedimentos, os rins são os órgãos mais transplantados no hospital (1.650). Segundo o superintendente do HC, Luiz Carlos Zeferino, o hospital está trabalhando para incluir na lista de intervenções, a partir de 2010, o transplante de pulmão.

 

Manuel Alves Filho (texto), Antoninho Perri (fotos) e Everaldo Silva (edição das imagens)
ASCOM