O Hospital de Clínicas da Unicamp (HC) iniciou os trabalhos para que a instituição seja um centro nacional multiplicador de técnicas e protocolos terapêuticos para os Transtornos do Espectro Autista (TEA). Ontem (05/03) aconteceu a primeira reunião do grupo de trabalho presidida pela vice-reitora da Unicamp, Teresa Atvars, pelo coordenador de Assistência do HC, Antônio Gonçalves Filho e pelo deputado federal Paulo Freire, vice-presidente da Frente Parlamentar do Autismo no Congresso Nacional. A coordenação técnica do grupo de trabalho é dos professores Paulo Dalgalarondo e Eloísa Helena Rubello Valler Celeri, da disciplina de Psiquiatria da FCM.
A ideia encampada pelo deputado federal Paulo Freire é que a Câmara dos Deputados, através da Frente Parlamentar do Autismo – com 269 parlamentares – e de suas comissões técnicas proponham ao Ministério da Saúde a unificação de todas as propostas e projetos de lei em um Programa Nacional de Autismo. Com protocolos e custeio definidos, o centro piloto funcionará no Hospital de Clínicas da Unicamp. A área da Psiquiatria do HC da Unicamp atua com a patologia há mais de 30 anos, inclusive possui diversas publicações de trabalhos e orientações de pós-graduandos na área.
A reunião aconteceu no anfiteatro da superintendência com presença de vários profissionais ligados ao autismo. Nessa reunião, foi discutido o projeto preparado pelos docentes da Psiquiatria Paulo Dalgalarondo e Eloísa Helena Rubello Valler Celeri, que será ajustado nos próximos 30 dias, antes de uma apresentação especial no plenário da Câmara, na semana Mundial do Autismo, celebrada em abril. Estudos da literatura internacional demonstram que cerca de 0,6% da população mundial possui algum distúrbio relacionado ao transtorno de TEA.
De acordo com Paulo Dalgalarondo o TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios, diz, se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos e o quanto antes forem diagnosticados, melhores os resultados para uma boa qualidade de vida no futuro. “Estamos falando de uma doença de difícil diagnóstico, já que a percepção dos primeiros sinais do TEA no primeiro ano de vida, na maioria das vezes, passa despercebido por médicos da rede pública e privada”, destaca.
Eloisa Celere enfatiza que a experiência nos ambulatórios do HC demonstra que, na abordagem dos transtornos de TEA é fundamental a participação da família, que será o principal fator de uma terapia bem-sucedida. “Hoje temos um ambulatório para crianças com 0 a 4 anos, outro de 5 aos 13 e outro para adolescentes. Entretanto, as intervenções precoces confirmam a melhoria na escola e em casa nos problemas como a síndrome de déficit de atenção, hiperatividade, dislexia ou dispraxia”, informa Eloisa.
Os psiquiatras Elsoisa e Dalgalarondo destacaram ao parlamentar que o convite para integrar um projeto dessa magnitude é uma grande honra para a disciplina da FCM e para o HC. Os docentes coordenadores do projeto não tem dúvida do avanço que este centro nacional multiplicador de técnicas e protocolos terapêuticos para os Transtornos do Espectro Autista (TEA) vai trazer para o País, especialmente, na formação de profissionais. “Vimos a percepção sobre autismo mudar nessas últimas décadas, em que surgiram novas intervenções terapêuticas e novos fármacos. Isso é um sinal que poderemos fazer muito mais pelos transtornos de TEA no Brasil”, atestam os médicos.
Integraram a reunião do GT o chefe de gabinete da reitoria, prof. Joaquim bustorff, o diretor da Diretoria Executiva da Área da Saúde (DEAS), prof. Manoel Barros Bertolo e o assessor especial da reitoria, prof. Otávio Rizzi Coelho. As próximas etapas do GT é a incorporação de novas propostas ao projeto, a formalização pela Câmara dos Deputados do projeto para avaliação nas comissões e a preparação de audiências públicas em Brasília e em outros estados.
Caius Lucilius com Barbara Camilotti – Assessoria de Imprensa HC