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A disciplina de Dermatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo promove neste sábado (05/05), das 9h às 15h, a Campanha Regional de Hanseníase. As consultas do mutirão acontecerão no ambulatório de Dermatologia do HC com exames físico dermato-neurológico e orientações sobre a transmissão, diagnóstico e tratamento da doença.

A hanseníase, conhecida popularmente como lepra, é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae, também chamado de bacilo de Hansen. Trata-se de uma doença endêmica que registra 47 mil novos casos todo ano, três mil apenas no estado de São Paulo. A transmissão é resultado do contato direto e prolongado com doentes sem tratamento, que eliminam bacilos através de suas vias respiratórias. “O diagnóstico precoce evita tanto as manifestações mais graves da própria doença, quanto às complicações, que podem ser graves. E o tratamento adequado, apesar de longo, cura a doença”, informa a dermatologista Letícia Fogagnolo (foto) do Hospital de Clínicas da Unicamp.

Embora o bacilo tenha capacidade de infectar um grande número de pessoas, apenas uma parcela da população desenvolve a doença, que pode acometer o paciente de duas formas: a hanseníase paucibacilar, em que o doente apresenta poucos bacilos e não é capaz de transmitir a doença e hanseníase multibacilar, em que o doente apresenta muitos bacilos e transmite a doença.

Os sintomas demoram a aparecer, entre dois e dez anos. O doente pode apresentar manchas na pele de cor esbranquiçada, avermelhada ou acastanhada, diminuição de sensibilidade ao calor e frio, ao tato e à dor, em qualquer parte do corpo. As lesões nos nervos causam formigamento, dor e choque nos membros. Em alguns casos, pode ocorrer a perda de força nos músculos das mãos, pés, face e olhos. Outros sintomas, menos comuns são sangramento, entupimento ou crostas no nariz, queda dos cílios e das sobrancelhas, ínguas indolores no pescoço, nas axilas e nas virilhas, aumento do baço e do fígado.

Se não tratada, a doença pode levar a sequelas graves, como deformidades e feridas que não cicatrizam nas mãos e nos pés, paralisia facial e limitação do fechamento dos olhos. Além disso, podem surgir nódulos (hansenomas) em todo o corpo. Segundo a dermatologista, “durante o curso da doença e principalmente no tratamento, podem surgir reações em que as lesões tendem a ficar mais avermelhadas e inchadas“. Caroços dolorosos ou feridas acompanhadas de mal estar e dores articulares, acompanhas de neurites são as principais manifestações que causam deformidades e incapacidades.

Informar o paciente antes do início do tratamento sobre os aspectos e possíveis reações é fundamental. Pois mesmo após o fim do tratamento o paciente pode apresentar alguma reação, uma resposta do sistema imunológico à presença do bacilo no organismo, mesmo que ele já esteja morto. A dermatologista ainda esclarece, “na maioria dos casos não ocorrem essas reações, os pacientes vão bem durante todo o processo ou apresentam uma reação branda”. O tratamento é realizado através de vários medicamentos e ainda há preocupação de examinar os familiares dos pacientes que tem a forma contaminante, para avaliar se eles também foram infectados, completa a médica.

A hanseníase tem cura e o tratamento é oferecido gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O tratamento cessa a transmissão da doença e quando feito precocemente e de maneira regular evita as sequelas.

No Brasil

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, no ano passado o coeficiente de prevalência da hanseníase no país apresentou uma queda de mais de 3 pontos por 10 mil/hab. Em 2003 o índice era de 4,52 por 10 mil/hab e em 2011 caiu para 1,24 por 10 mil/hab.

O estado de São Paulo registra um dos quatro menores índices de prevalência no país, com 0,36 por 10mil/hab, já o Mato Grosso lidera a lista com 7,52 por 10 mil/hab.

Para combater a doença, o ministério e os demais órgãos envolvidos adotaram estratégias como a definição dos municípios prioritários para combate a doença, a busca ativa de novos casos de hanseníase e a ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento. Os primeiros registros dessa doença datam de 1350 a.C.. Apesar de ser muito antiga, o tratamento eficaz da doença só foi descoberto no começo dos anos 80, com o desenvolvimento da poliquimioterapia.

No HC

O ambulatório de Dermatologia do HC atende 60 pacientes com hanseníase todo mês e durante a campanha uma equipe com 12 profissionais – formada por médicos, enfermeiros e residentes – ficará responsável pelo atendimento à população. Os pacientes cujo diagnóstico caracterizar a forma simples da doença, serão encaminhados à Unidade Básica de Saúde mais próxima. Os casos mais graves terão o acompanhamento feito no HC, seguindo a hierarquia de atendimento terciário.

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp

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