Ontem (06) aconteceu o 1º curso sobre abordagem de usuários de substâncias psicoativas no Hospital de Clínicas da Unicamp. O evento, realizado na sala de telemedicina e no auditório do HC, simultaneamente, reuniu mais de 170 inscritos e teve participação de hospitais dos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, somando oito instituições que assistiram as palestras ministradas, através da videoconferência. O evento foi organizado por uma equipe multidisciplinar que atua no hospital e contou com a participação do pesquisador convidado, Marcelo Ribeiro, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da UNIFESP.
“Esse evento tem dois objetivos principais, disseminar informações sobre a abordagem aos usuários dessas substâncias e principalmente, promover a iniciativa do “Pró – Saúde”, um programa do Ministério da Saúde, que direciona a formação dos profissionais da saúde para as áreas mais críticas”, afirma Renata Azevedo, psiquiatra e uma das palestrantes do evento.
Ela explica que os profissionais da saúde ainda são pouco preparados para fazer a abordagem de usuários de drogas psicoativas. “É necessário investir para formar profissionais mais sensibilizados e capacitados para essa atuação”, completa. Renata abordou o uso de drogas na adolescência em sua palestra, sendo esse um relevante no atual cenário da assistência de saúde, considerando fatores como crescimento nas taxas de uso das substâncias psicoativas lícitas, ilícitas e consumo em idade precoce, que levam a piora no desempenho escolar e a exposição desses jovens a situações de risco.
Dados do 1º Levantamento Nacional sobre Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira (LENAD), apontam que 51% dos entrevistados faz uso de álcool, sendo que 11% consomem de maneira abusiva. Pesquisas indicam que a satisfação de curiosidade, necessidade de participação no grupo social e fuga de sensações desagradáveis são alguns elementos que conduzem os jovens ao consumo dessas substâncias.
Considerando esse cenário, o curso orientou alunos e profissionais da área sobre como fazer a abordagem no atendimento a esses pacientes e também aos familiares. A psiquiatra explica que o constrangimento em fazer perguntas e a negação ou evasiva do usuário dificultam o diagnóstico da doença. As orientações aos profissionais incluem, ouvir todos os familiares do paciente, estabelecer um diagnóstico e discuti-lo com a família, combater estereótipos e mitos sobre a doença, definir o nível de intervenção e a adaptar a abordagem, para garantir um melhor resultado.
A oficina integra uma agenda de projetos de humanização implantados no HC este ano. Ao todo foram dez projetos, resultado da parceira do Grupo de Humanização do HC (GTH) com as equipes das áreas em que são realizadas as atividades. “Apesar deste ser um ano atípico para o GTH, sem reuniões frequentes, os projetos foram colocados em prática e tem dado bons resultados”, afirma Maria Rita Fraga Sthal, diretora do Serviço Social do hospital. Segundo ela, o plano é retomar as reuniões mensais em 2013 e ampliar a oficina de pintura.
PRÓ e PET-SAÚDE
O 1º curso sobre abordagem de usuários de substâncias psicoativas no HC está relacionado a dois programas do Ministério da Saúde, o Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde), cujo objetivo é integrar o ensino e a assistência, assegurando uma abordagem com ênfase na Atenção Básica oferecida pelo SUS. E o PET-Saúde, que fomenta a formação de grupos de aprendizagem em áreas estratégicas, com a qualificação e iniciação ao trabalho de estudantes das graduações em saúde, de acordo com as necessidades do SUS. Especialmente nos hospitais universitários como o HC.
Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner
Assessoria de Imprensa do HC Unicamp