HC retoma cirurgias de implantes cocleares


O HC da Unicamp retomou oficialmente na última quarta-feira (15/3) as cirurgias de implante coclear que é destinado a pacientes com deficiência auditiva de origem neurosensorial profunda e que estavam paralisadas desde dezembro. O reinicio dos procedimentos foi possível graças a uma negociação direta da superintendência do HC com a empresa PoliTec, representante no Brasil da empresa norte-americana Cochlear Corporation que fabrica os aparelhos.

A negociação prevê que serão fornecidos os equipamentos em estoque na Poli Tec pelo custo pago atualmente pelo SUS, de R$ 43,8 mil. Até novembro, o HC recebia do SUS cerca de R$ 55 mil por implante realizado. Para esta semana serão operados uma criança e um adulto. Hoje, a Unicamp é um dos cinco centros de referência de implante coclear no Brasil e desde o início das atividades, em 2001, já recebeu pacientes quase todos os estados.

O coordenador do programa na Unicamp, prof. Paulo Porto, explica que o implante coclear é um aparelho que fornece a possibilidade de reabilitar pacientes com deficiência auditiva, que não conseguem benefícios dos aparelhos auditivos disponíveis. Pode ser implantado em crianças que nasceram com o problema de audição ou em adultos que sofreram algum tipo de acidente (alguma infecção ou ainda com alguma patologia grave), que ocasionou a perda da audição. Na Unicamp, 49 % dos pacientes implantados são adultos e 51% crianças.

Segundo o coordenador do Serviço, os resultados têm sido surpreendentes. Todos as pacientes ativados melhoraram sua capacidade de comunicação. Dos pacientes que já ouviram antes e perderam a audição (chamados pós-linguais) cerca de 65 % tem utilizado o telefone, alguns com desenvoltura impressionante, diz Porto. A equipe tem recebido relatos emocionantes dos pacientes: ouvindo a voz da filha pela primeira vez, ouvindo o som de passarinhos, ouvindo o som da chuva pela primeira vez; falando em ambientes diversos, entre outros

A deficiência auditiva afeta cerca de 10% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Só no Brasil, 350.000 pessoas têm perdas severas ou profundas de audição, a maioria necessitando de implante coclear. A cirurgia consiste em implantar um grupo de eletrodos na cóclea (parte interna do ouvido), para realizar as funções das células auditivas danificadas ou ausentes, através do estímulo elétrico das terminações remanescentes do nervo auditivo. O aparelho só é ligado 40 dias após a cirurgia.

A cirurgia é 100 por cento financiada pelo SUS e leva em média três horas. No ambulatório de implante coclear da Unicamp, todos os candidatos ao implante coclear passam por avaliações rigorosas realizadas por uma equipe multidisciplinar do HC. O objetivo é determinar se os pacientes se encaixam nos critérios para realização desse tipo de cirurgia. O implante coclear foi desenvolvido em 1977 nos Estados Unidos e no Brasil, a Unicamp foi uma das primeiras a disponibilizar o serviço em 2001.

Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC