Mais de um milhão morrem de hepatite no mundo


Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO), o Dia Mundial da Hepatite chama a atenção da população para os riscos da hepatite viral, uma das doenças infecciosas mais frequentes em todo o mundo. Estima-se que mais de 2 bilhões de pessoas são infectadas e cerca de 1 milhão morrem todos os anos por causa da doença. No Hospital de Clínicas da Unicamp, os pacientes encaminhados realizam os exames e tratamentos custeados pelo SUS. Todo ano mais de 200 novos pacientes são atendidos e cerca de três mil fazem acompanhamento nas especialidades do HC.
 
A hepatite é uma doença do fígado causada pelo vírus de mesmo nome e segundo dados da OMS, quase um de cada três habitantes do planeta está infectado pelo vírus da hepatite B e um de cada doze, mais de 520 milhões de pessoas, possuem infecção crônica por pelos tipos B e C da doença, a principal causa de casos de câncer de fígado (78%). Existem cinco tipos da doença, a hepatite A é transmitida através da ingestão de água e alimentos contaminados ou contato direto com a pessoa infectada. Ela pode causar doença crônica no fígado e levar a morte na fase aguda. A vacina e os investimentos em saneamento básico são as formas mais eficazes de combater a proliferação da doença. A OMS estima que 1,4 milhões de casos de hepatite sejam registrados todos os anos.
 
O vírus da hepatite B é transmitido pelo contato com o sangue ou fluídos corporais de uma pessoa infectada, sendo até 100 vezes mais infeccioso que o vírus HIV. Esse tipo representa um risco especialmente para as pessoas que trabalham com atendimento hospitalar. Sendo a variação mais grave da doença, pode levar a morte por cirrose hepática e câncer no fígado. Cerca de 600 mil pessoas morrem todos os anos vítimas da hepatite B.
 
Assim como a hepatite B, a variação do tipo C pode levar à cirrose hepática ou câncer de fígado e é transmitida através do contato com o sangue de uma pessoa infectada. Diferentemente da A e B, não há vacina preventiva para a hepatite C e o tratamento pode ser feito com medicamentos antivirais. O número de pessoas infectadas é estimado em 150 milhões e o índice de mortes por ano é superior a 350 mil. Diferentemente da hepatite A, esse tipo não é transmitido através do leite materno ou água.
 
A última variação da doença, a hepatite E é transmitida principalmente pelo consumo de água contaminada. Responsável por 70 mil mortes todos os anos, há uma forma de hepatite fulminante que causa insuficiência hepática aguda. A primeira vacina contra a doença foi registrada na China no ano passado, mas ainda não está disponível em outros países. “Até a disseminação e comprovação da funcionalidade dessa nova vacina, a prevenção é o método mais eficaz para combatê-la”, afirma Fernando Lopes Gonçales Jr., Chefe do Grupo de Estudos das Hepatites Virais do HC.
 
Para a hepatite A e B já existem vacinas que previnem a contaminação pelo vírus. Elas são encontradas em centros de referência imunobiológica e nos postos de saúde. No caso da hepatite B são necessárias três doses da vacina, com intervalos de aplicação pré-determinados. Amplamente recomendada para imunização de crianças, a vacina só deve ser ministrada a partir do primeiro ano de idade.
 
Na presença de sintomas como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras, recomenda-se procurar um posto de pronto-atendimento. A hepatite C é assintomática, mas através de um teste de sangue simples é possível identificar a presença do vírus no sangue. O diagnóstico precoce evita as complicações comuns ao avanço da doença e previne a transmissão do vírus aos familiares.
 
O tratamento, disponível na rede pública de saúde, pode ter duração de seis meses a um ano, dependendo do tipo da doença. Podem ocorrer efeitos colaterais, como dores musculares e queda de cabelo, mas a taxa de abandono da terapia é baixa. Os medicamentos mais usados são o Interferon (injeção subcutânea) e a Ribavirina (comprimidos). Na rede privada, o tratamento pode chegar a custar R$ 50 mil.
 
Dados do Ministério da Saúde apontam a existência de 5 milhões de brasileiros infectados pelos vírus B e C da hepatite. Segundo entidades da sociedade civil, mais de 90% desconhecem ter a doença. Entre 1999 a 2009, foram confirmados mais de 284 mil casos dos cinco tipos de hepatite (A,B,C,D e E) no país e nesse mesmo período, mais de 20 mil mortes foram registradas, sendo 70% delas devido à hepatite C, a mais agressiva.
 
Hepatite C
 
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou ontem (25/7) a inclusão de dois novos medicamentos contra hepatite C no Sistema Único de Saúde (SUS). O Telaprevir e o Boceprevir apresentam maior eficácia e deve beneficiar principalmente os pacientes portadores de cirrose e fibrose avançadas, conseqüências da doença. A ação deve beneficiar mais de cinco mil pacientes a partir de 2013. Os novos medicamentos são inibidores de protease e tem eficácia de até 80%. Segundo o ministro, 33 mil novos casos de hepatite são notificados todos os anos.
 
 

Caius Lucilius com Jéssica Kruckenfellner

Assessoria de Imprensa do HC Unicamp