O médico Wagner Mauad Avelar, responsável pelo serviço de neurologia vascular do HC da Unicamp e a professora Joyce Maria. A. Bizzacchi do Hemocentro, integraram na última quinta-feira (05-04), a mesa de debates sobre acidente vascular cerebral (AVC), realizado auditório Teotônio Vilela da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O seminário, que aconteceu durante todo dia com vários debatedores, foi proposto pelo deputado Edmir Chedid (União). O HC da Unicamp é credenciado pelo Ministério da Saúde como uma Unidade de AVC nível III.
No Estado, a taxa de mortalidade por causa do AVC é de 17%. No Brasil, o número equivale à média de 12 óbitos por hora, ou 307 vítimas fatais por dia, tornando o AVC a principal causa de morte no país. No mundo são contabilizados anualmente cerca de 12.2 milhões de casos incidentes de AVC, com 6.55 milhões de mortes. Globalmente, o AVC é a segunda causa de morte (cerca de 11% das mortes totais) .
Chedid foi vítima de um AVC e, durante o evento, relembrou o período de recuperação hospitalar. “Muitos médicos que estão aqui me trataram. Foram 60 dias de UTI, 20 dias sem poder levantar a cabeça; apenas olhando para o teto. Sofri quatro AVCs e uma tromboembolia pulmonar. É um momento de alegria poder contribuir de alguma forma com aqueles que já tiveram e por aqueles que um dia poderão ter esse problema”. O deputado é coordenador da Frente Parlamentar pelo Enfrentamento do Acidente Vascular Cerebral e autor da Lei nº 17.891/2024, que institui a Política Estadual de Prevenção do Acidente Vascular Cerebral e de apoio às vítimas.
A importância de uma legislação dedicada ao tema propicia a criação de protocolos para um atendimento mais ágil e eficaz ao paciente. Segundo Elisabete Lino, neurologista e assessora de gabinete na Secretaria Estadual de Saúde (SES), é preciso gerar uma uniformidade no processo. “Por esse motivo, aprovamos uma resolução na secretaria”, comentou Lino. O tempo médio para que um paciente com Acidente Vascular Cerebral (AVCi) seja medicado em uma unidade de saúde e consiga se salvar, em geral, sem graves sequelas, é de 4 horas e 30 minutos.
Wagner Mauad Avelar relatou os avanços nos dignósticos e tratamentos médicos nos últimos 15 anos e ressaltou a importância das pessoas saberem identificar os primeiros sintomas do AVC para que o paciente tenha socorro imediato. Cerca de 80% dos acidentes são do tipo isquêmico, diz, quando há bloqueio do fluxo sanguíneo em alguma veia no cérebro. Apesar da menor taxa de mortalidade é o tipo que mais deixa sequelas. “No caso dos jovens, a reabilitação motora é mais rápida por causa da neuroplasticidade, o cérebro cria caminhos alternativos para recuperar as funções do corpo afetadas pelo AVC nesses casos”, explicou Avelar.
Quando o acidente vascular cerebral é do tipo hemorrágico, há uma ruptura do vaso gerando uma irrigação na área, comprimindo o cérebro. É o que possui maior taxa de mortalidade, porém nos casos de sobrevivência o paciente tem menos sequelas. O neurologista Romeu Tuma falou sobre a importância do protocolo “SAMU” para a identificação do AVC: “S – a pessoa não consegue sorrir por causa da fraqueza (dormência) de um lado da boca; A – não consegue abraçar (perda do movimento de um dos braços); M – de música ou de fala, quando a pessoa não consegue articular palavra; U – quando entendemos que é uma urgência”, informou.
Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC com Assessoria ALESP