A pesquisa “Coarctation of the aorta: a case series from a tertiary hospital”, publicada na revista International Journal of Cardiovascular Sciences, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, recebeu o “Prêmio de Melhores Artigos Originais” durante o 75º Congresso Brasileiro de Cardiologia, realizado virtualmente nos dias 14 e 15 de novembro. O orientador do estudo foi o cardiologista e ecodardiografista do HC Unicamp, Thiago Quinaglia.
A coarctação de aorta é o estreitamento segmentar da aorta e corresponde à 7% das cardiopatias congênitas. Se não operada, a doença cursa com hipertensão arterial secundária e elevado risco de doenças cardiovasculares. Hoje, um grande desafio é a detecção e tratamento precoce desta doença, como forma de otimizar o benefício de longo prazo da intervenção terapêutica. Estudos prévios estimam que até 60% dos doentes são diagnosticados de maneira tardia, o que se relaciona com desfechos clínicos piores.
Os pesquisadores avaliaram com que frequência os pacientes foram operados de maneira tardia – mais de 1 ano de vida -, os fatores relacionados a este atraso, bem como as principais complicações no seguimento pós-operatório de longo prazo. Para tanto estudaram, retrospectivamente, prontuários de 72 pacientes operados por coarctação de aorta no HC Unicamp entre 1996 e 2016.
Dentre os resultados encontrados, eles demonstram que metade dos indivíduos avaliados foram operados de maneira tardia – após 1 ano de vida. As principais cardiopatias congênitas associadas foram valva aórtica bicúspide (33%) e comunicação interventricular (19%). No pré-operatório, 60% dos doentes apresentavam hipertensão arterial secundária. Ao longo de cinco anos de seguimento pós-operatório, eles observaram a persistência de hipertensão arterial secundária em 38% dos pacientes e a ocorrência de recoarctação de aorta em 27% dos pacientes avaliados.
“Em linha com os dados da literatura, nosso trabalho reforça a necessidade de um seguimento cardiológico de longo prazo dos doentes com coarctação de aorta corrigida, além de reforçar a importância de pensar neste diagnóstico quando diante de um paciente com suspeita de hipertensão arterial secundária”, explica Joaquim Barreto, aluno do sexto ano do curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e primeiro autor do artigo.
Os demais autores são: Juliana Ribeiro Roda, médica formada pela PUCCamp em 2019; Carlos W Germano, médico formado pela Unicamp em 2019 e Ana Paula Damiano, cardiopediatra do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp.
Matéria originalmente publicada no site da FCM Unicamp.
Texto: Edimilson Montalti
Assessoria de imprensa da FCM Unicamp