Pioneirismo e inovação marcam os 30 anos do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp


Comemoração aconteceu durante o XVI Simpósio Edwaldo Camargo

Na sexta-feira (24), durante o XVI Simpósio Edwaldo Camargo, aconteceu a cerimônia de comemoração dos 30 anos do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp. O simpósio leva o nome do médico nuclear, idealizador e fundador do Serviço de Medicina Nuclear da Unicamp. O evento foi realizado no Instituto de Otorrinolaringologia Cabeça e Pescoço da Unicamp (IOU).

De acordo com médica nuclear do HC da Unicamp, Elba Etchebehere, filha de Edwaldo, o Serviço de Medicina Nuclear da Unicamp foi inaugurado, oficialmente, em 11 de novembro de 1992, mas sua criação iniciou-se muito tempo antes, com uma conversa entre dois amigos: o médico Eleuses Paiva, hoje Secretário de Saúde do Estado de São Paulo e Edwaldo Camargo, na época professor adjunto de Radiologia e diretor clínico da Divisão de Medicina Nuclear da Universidade John Hopkins, Estados Unidos.

“Eleuses convidou meu pai para retornar ao Brasil para impulsionar a medicina nuclear no setor privado. Porém, sabendo que a grande paixão dele era o meio acadêmico, o ensino e a pesquisa, ele não mediu esforços para que Edwaldo viesse para a Unicamp”, recorda Elba.

Em 1991, Edwaldo Camargo apresentou à Unicamp o projeto inicial da Medicina Nuclear e, em 1992, ele foi contratado e convidado para assumir o cargo de diretor do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital das Clínicas, onde ficou até 2008. E já no ano de 1991, a Unicamp criou o Curso de Especialização em Medicina Nuclear. Em 1994, a residência em medicina nuclear foi aprovada pela Comissão Nacional de Residência Médica, o que possibilitou ao Serviço de Medicina Nuclear formar ao longo dos anos mais de 100 médicos nucleares brasileiros e até estrangeiros.

Pioneirismo e inovação

Durante a cerimônia, Elba apresentou dados históricos que reforçam o pioneirismo e a inovação do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp. Em agosto de 1993, durante o XV Encontro Brasileiro de Medicina Nuclear, o Serviço de Medicina Nuclear fez a primeira transmissão de imagens de medicina nuclear no Brasil, de Campinas para Belo Horizonte; também fizeram a primeira imagem de FDG-18f no Brasil num equipamento Helix, que é uma câmera de cintilação de alta energia.

O Serviço de Medicina Nuclear da Unicamp foi a unidade a ter o primeiro PET/CT e SPECT/CT no Brasil e também os pioneiros em captar a primeira imagem de PSMA-18f PET/CT e a primeira imagem de IA em PET/CT no país. Isso aconteceu, recorda-se Elba, principalmente a partir de 2009, na gestão do médico nuclear Celso Dario Ramos à frente do Serviço de Medicina Nuclear.

“Dos cerca de 300 exames mensais que fazíamos até 1992, passamos para 1.100 exames mensais feitos aqui no HC da Unicamp e já publicamos mais de 400 artigos científicos nacionais e internacionais”, ressalta Elba.

Atualmente, a equipe médica do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp é composta por seis médicos nucleares. Mesmo assim, segundo Elba, os profissionais que atuam dentro do Serviço – residentes, técnicos, biólogos, biomédicos, radiofarmacêuticos, físicos, enfermeiras, administrativos, e outros profissionais de áreas afins à medicina nuclear – continuam ensinando, pesquisando e dando assistência gratuita de qualidade para a população de Campinas e região.

“Mantemos nossos valores com foco no crescimento, desenvolvimento e inovação, nas esferas já citadas do ensino, da pesquisa e da extensão, com muita interdisciplinaridade. Por isso, hoje buscamos agregar outros valores às nossas missões, como a internacionalização e a inclusão social, em todas as suas dimensões”, ressalta Elba.

Internacionalização

Dentro do processo de internacionalização e inovação, o Serviço de Medicina Nuclear será o responsável na Unicamp pela implantação do Centro Nacional de Ensino e Treinamento em Radiofarmácia em Medicina Nuclear (NNM-RTC, sigla em inglês). O projeto, em parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) terá a duração de quatro anos e aporte financeiro de 485 mil euros. A AIEA é um dos braços da Organização das Nações Unidas (ONU), localizada em Viena, Áustria.

O NNM-RTC será instalado na Medicina Nuclear do HC da Unicamp para a produção de radiofármacos ainda não disponíveis no Brasil para aplicações médicas. O projeto abordará a síntese de cerca de 11 novos radiotraçadores para diagnóstico e tratamento em oncologia, neurologia, cardiopneumologia e infectologia. A síntese de radiofármacos que une aplicações diagnósticas e terapêuticas num único fármaco, modelo chamado de teranóstico, será um dos objetivos para o tratamento do câncer de próstata e de tumores neuroendócrinos.

“Quando recebemos a proposta do projeto com a Unicamp, achamos que seria uma loucura, mas depois de alguns ajustes, decidimos apoiar e apostar nisso, pois tem muita relevância. Queremos tornar o NNM-RTC uma referência para o desenvolvimento de radiofármacos no Brasil e na América Latina. Isso trará benefício para muitas pessoas. Teremos muitos anos de colaboração”, revelou Enrique Estrada Lobato, diretor técnico da AIEA, durante a comemoração dos 30 anos do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp.

Percepções

“São 30 anos de um processo feito por pessoas que idealizaram, lutaram e tiveram que exceder para dar algo essencial para nossos pacientes, para nosso hospital. E tudo foi feito com uma dose extra de boa vontade” – Pastor Silvio Rocha

“A Medicina Nuclear vai ter cada vez mais espaço no HC da Unicamp. Vamos dar apoio para que a Medicina Nuclear seja protagonista na região e continue trilhando esse crescimento tão bonito” – José Barreto C. Carvalheira, coordenador de assistência do HC da Unicamp

“Sonho que se sonha junto é realidade. Na disso seria possível se não fossem as pessoas que trabalham no Serviço de Medicina Nuclear, fazem tudo com amor e aproveitam cada gota de radiofármaco, que vale ouro para os pacientes” – Bárbara Juarez Amorim, coordenadora do Serviço de Medicina Nuclear do HC da Unicamp

“O Serviço de Medicina Nuclear da Unicamp faz parte da história da Medicina Nuclear brasileira. Ele cumpre sua função social, por que faz uma assistência de qualidade, devolve médicos formados e faz ciência com inúmeras publicações” – Rafael Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear

“A gente não discute o laudo da Medicina Nuclear. São bons e ponto. A FCM tem orgulho de ter um serviço dessa potência. O professor Edwaldo deixou um legado enorme e vejo um futuro brilhante” – Claudio Saddy Rodrigues Coy, diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp

“O Serviço de Medicina Nuclear acrescentou qualidade no tratamento de oncologia e no tempo de sobrevida dos pacientes” – Ivan Toro, pró-reitor de Graduação da Unicamp

“Cada pessoa que constrói um pouco em torno de si, constrói muito para um grupo. O professor Edwaldo deve estar muito orgulhoso do serviço que montou. Valeu a pena ele ter saído da John Hopkins e ter vindo para a Unicamp. O futuro é feito agora, e vocês fazem parte dessa história” – Maria Luiza Moretti, coordenadora geral da Unicamp e reitora em exercício

Homenagens

Durante a cerimônia, Elba Etchebehere, Eduardo Felipe Sá de Camargo e Elba Neisa Sá de Camargo, respectivamente filhos e esposa de Edwaldo Camargo, foram homenageados. Os outros dois homenageados foram Eleuses Paiva e Paulo Eduardo Moreira Rodrigues, que foi superintende do HC da Unicamp de 1991 a 1994; 1997 a 2000 e de 2000 a 2002, até tomar posse como pró-reitor de Desenvolvimento Universitário da Unicamp, onde ficou até 2013.

Eleuses foi o articulador da vinda de Edwaldo para a Unicamp e Paulo Eduardo teve um papel importante na contratação do fundador do Serviço de Medicina Nuclear e na implantação de uma medicina nuclear de ponta no HC da Unicamp. Por compromissos assumidos anteriormente, ambos não estiveram presentes na cerimônia e receberam, posteriormente, as homenagens.


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Texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Felipe Bezerra – SEC/Unicamp, João Marques – Reitoria/Unicamp e Edimilson Montalti – HC/Unicamp