Projeto ficou em primeiro lugar na categoria A3 do XI Lean Six Sigma Congress
O Serviço de Medicina Nuclear do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp começou em janeiro de 2022 a desenvolver um projeto de sustentabilidade para a diminuição do consumo de lençóis de tecido, panos multiuso e materiais descartáveis – como toucas cirúrgicas, propés, copos plásticos – e recicláveis (tampas de garrafa descartável e lacres de latas de alumínio) e também o correto descarte de resíduos sólidos, produzidos durante o atendimento dos pacientes.
De acordo com a biomédica Natália Tobar, idealizadora do projeto: Nova gestão de recursos materiais e resíduos sólidos – uma proposta de manejo sustentável, tudo partiu de quatro principais dimensões propostas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU): social, ambiental, econômica e institucional.
O projeto foi acolhido pela equipe do Serviço de Medicina Nuclear (SMN) e elaborado em parceria com a equipe do Escritório de Projetos do Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde (NQSS) do HC da Unicamp, com o apoio do professor Paulo Ignácio, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) de Limeira. Ele foi apresentado durante o XI Lean Six Sigma Congress, realizado no final do mês de maio na Unicamp, e ficou em primeiro lugar na categoria A3.
“É necessário levar o hospital e o mundo a um caminho sustentável com medidas transformadoras, mas que podem ser simples, começando apenas com uma readequação de hábitos”, revela Natália.
Após um ano da implantação do projeto, o Serviço de Medicina Nuclear conseguiu reduzir em 60% o consumo de lençóis de pano adultos e 72% pediátricos por mês, o que gerou uma economia de quase R$ 14 mil em despesas com lençóis no ano, referentes a lavagens e compras emergenciais. Houve, também, uma redução 82% no consumo de panos multiuso, com uma redução dos custos de R$ 2.125,00, em 2021, para R$ 375 reais, em 2022.
No caso dos lençóis adultos, para se chegar a essa redução, as macas dos equipamentos passaram e ser forradas somente com lençol de papel e o lençol de tecido passou a acompanhar o paciente desde o momento que ele é atendido na Medicina Nuclear até ele ser liberado.
“Por mais que ele retorne várias vezes para novas imagens nos equipamentos até o final do exame, ele sempre estará carregando o seu próprio lençol”, explica Natália.
No caso das crianças, a diminuição do uso de lençóis foi ainda maior: caiu de 214 para 60 lençóis por mês. Foram comprados coxins de espuma para a imobilização dos pacientes pediátricos e feitos suportes para as braçadeiras, apelidados de travesseirinhos.
“Como as crianças têm o braço pequeno, era necessário colocar lençol em cima da braçadeira para uma altura adequada para a injeção de radiofármaco. Com o uso desse travesseirinho, isso já não é mais necessário. Passamos a poupar lençóis com essa dinâmica também”, diz Natália.
Panos multiuso demoram aproximadamente 400 anos para se decompor. Assim, a diminuição do consumo reduz o impacto negativo que esse descarte provocava no meio ambiente. Para se chegar à redução de 82% do consumo de panos multiuso, o Serviço de Medicina Nuclear passou a utilizar papel toalha ou lençol de papel para limpar as macas e partes do equipamento. Outra mudança foi a utilização de garrote de tecido para pacientes sensíveis ao látex.
“Antes, a enfermagem protegia o braço desses pacientes com pano multiuso. Agora, com o garrote de tecido, não é mais necessário usar o pano multiuso para proteger a pele de ninguém”, explica Natália.
Meio ambiente
Para os resíduos sólidos e recicláveis, as lixeiras do SMN foram remanejadas para que todos os ambientes – desde a assistência até a administração – tivessem lixeiras adequadas a sua dinâmica, ou seja, descarte de resíduo orgânico, infectante e reciclável. As lixeiras foram identificadas com adesivos desenvolvidos pela equipe do projeto e semanalmente, é feita uma vistoria e um acompanhamento para mapear se há alguma dificuldade de adaptação à nova rotina.
“Com essa mudança, conseguimos respeitar a natureza de cada resíduo e passamos a colaborar mais com as cooperativas de reciclagem que vem duas vezes por semana retirar os resíduos do hospital”, informa Natália.
Alceny Nogueira Sobrinho recolhe as tampas de garrafas PET do hospital
O Serviço não usa mais copos descartáveis, pois cada colaborador tem a sua caneca. As toucas e propés são distribuídos, semanalmente, para um uso racional desses materiais. Tudo o que não é documento oficial se transforma em papel de rascunho. Foram criados pontos de coleta de lacres de latas de alumínio e tampas de garrafas PET.
A mais empenhada em coletar as tampinhas de garrafa é Alceny Nogueira Sobrinho, da empresa de limpeza terceirizada que atua dentro do hospital. Ela coleta as tampas em todos os ambientes e leva tudo para a Medicina Nuclear.
“Em breve, o HC será um ponto de coleta de lacres e tampinhas de garrafas PET. O que seria descartado será revertido para a compra de cadeiras de rodas para os pacientes, uma das necessidades primárias e mais antigas do hospital”, diz Natália, que também faz parte da equipe do Projeto Wishes.
De acordo com a médica responsável pelo Serviço de Medicina Nuclear e assessora da área de assistência do HC, Bárbara Juarez Amorim, o projeto foi avaliado pela Superintendência e indicado para ser disseminado para todas as demais áreas e setores do hospital.
“Podemos adiantar que já estamos em tratativas com o Núcleo de Qualidade e Segurança em Saúde e com o Núcleo de Comunicação do hospital para iniciarmos isso no segundo semestre e irmos implantando aos poucos as ações de sustentabilidade”, revela Bárbara.
O projeto de sustentabilidade tem o apoio e a participação de profissionais da enfermagem, biomédicos e radiofarmacêutica do próprio SMN, e de profissionais da empresa Centro, NQSS, Divisão de Serviços Gerais (DSG), Divisão de Nutrição e Dietética (DND).
Projeto Wishes
O Planejamento Estratégico do Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp definiu dez valores para atingir a excelência em assistência, ensino e pesquisa até o ano de 2026. Dois desses valores são a empatia e a sustentabilidade. Para atingir esses valores com foco na humanização institucional entre pacientes, familiares e colaboradores, o HC desenvolveu o Projeto Wishes.
Projeto Wishes foca na empatia e na sustentabilidade
Estruturado sobre esses dois pilares – empatia e sustentabilidade – o hospital irá agregar ações executadas por iniciativas individuais ou coletivas que impactam na satisfação e bem-estar dos colaboradores, pacientes ou seus familiares, além de criar e divulgar campanhas para valorizar a harmonia nas relações internas e desenvolver atitudes saudáveis entre todos que trabalham e necessitam do hospital.
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Texto e fotografia: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp