OPO da Unicamp dá cobertura a 124 cidades da região para notificação e captação de órgãos


Até 2022, o HC da Unicamp realizou 8.860 transplantes de rim, córnea, coração, fígado e medula óssea

O agravamento do quadro de insuficiência cardíaca do apresentador de televisão Fausto Silva, conhecido como Faustão, e a necessidade de um transplante de coração noticiado por diversos veículos de comunicação, trouxe à tona a questão da lista de espera por doação de órgãos do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde.

De acordo com o STN, com 45,5 mil procedimentos feitos nos dois últimos anos, o Brasil possui o maior sistema público de transplantes de órgãos no mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 90% dos transplantes no país. Em 2021, foram feitos mais de 23,5 mil procedimentos, desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, 2 mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão.

Apesar dos transplantes realizados, a quantidade de pessoas em lista de espera para receber um órgão ainda é grande. Hoje, no Brasil, há 386 pessoas esperando por um transplante de coração, 173 pessoas esperando por um transplante de pulmão e quase 37 mil a espera de um transplante de rim. Veja aqui a lista completa.

Ainda segundo o STN, para vencer a desproporção entre número de pacientes na lista e o número de transplantes realizados, é importante identificar e notificar os óbitos, principalmente os de morte encefálica, preparar os profissionais de saúde e conscientizar a população sobre o processo de doação e transplante, fazendo com que estes últimos autorizem a doação.

“Atualmente, a doação de órgãos deve ser consentida. Portanto, não vigora mais a lei que só considerava efetivamente doadores aqueles que tivessem no RG ou na Carteira Nacional de Habilitação a inscrição de Doador de Órgãos e Tecidos. Hoje, quem autoriza a doação são os familiares com até o segundo grau de parentesco”, explica o médico neurologista e coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) e Tecidos do Hospital de Clinicas (HC) da Unicamp, Luiz Antônio da Costa Sardinha.

A OPO Unicamp é responsável por dar cobertura a 124 cidades da região, para notificação de potencial doador e captação de órgãos. O serviço da Unicamp já assegurou diversas premiações no Prêmio “Destaque – Transplante e Captação de Órgãos”, criado pelo Governo do Estado de São Paulo que é dividido nas categorias de transplantes realizados, melhor organização de procura de órgãos e melhor comissão intra-hospitalar.

Nos meses de maio e agosto desse ano, o HC da Unicamp captou e realizou o transplante de dois corações, com o apoio da Polícia Civil para o transporte aéreo dos órgãos das cidades de São Vicente e de Piracicaba para o hospital. Veja abaixo as matérias de ambas as captações e transplantes.

Entre os órgãos que podem ser doados, o coração e o pulmão são os que possuem o menor tempo de preservação extracorpórea: de 4 a 6 horas. Fígado e pâncreas vêm em seguida com tempo máximo para transplante de 8 a 16 horas e os rins podem levar até 48 horas para ser transplantados. Já as córneas podem permanecer em boas condições por até sete dias e os ossos até cinco anos.

Desde 1984, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp é credenciado pelo Ministério da Saúde para a realização de transplantes. Até 2022, o HC da Unicamp realizou 8.860 transplantes de rim, córnea, coração, fígado e medula óssea.

Podcast Ressonância

Sardinha é o entrevistado do podcast Ressonância do mês de setembro, mês de conscientização e incentivo para a doação de órgãos. O médico esclarece e tira dúvidas sobre como é feita a doação, a retirada dos órgãos e a convocação de quem aguarda por um transplante. “Doar é um ato de bondade. Um único doador pode salvar a vida de várias pessoas, pois é possível doar mais de um órgão e também tecidos”, ressalta Sardinha durante a entrevista.


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Texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: HC Unicamp