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HC recebe R$ 11 milhões do Ministério da Saúde para tratamento de pacientes com câncer

No total, Governo Federal destinou R$ 19 milhões de recursos entre Unicamp, Mario Gatti e PUC-Campinas

O Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 19.004.879,94 para o tratamento de câncer, em Campinas. Os recursos serão distribuídos entre o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, que receberá R$ 11,2 milhões; o Hospital PUC-Campinas, que receberá R$ 5,6 milhões e o Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, que receberá R$ 2,1 milhões. Os valores serão pagos durante o ano. As verbas devem auxiliar na manutenção do tratamento oncológico nas unidades, mas não são suficientes para ampliar atendimentos, afirmam os representantes dos hospitais.

Veja aqui a Portaria GM/MS nº 1.516 de 5 de outubro de 2023 com o repasse total de R$ 306.414.308,28 do Ministério da Saúde aos hospitais de média e alta complexidade de São Paulo.

Para o HC, o montante total será de R$ 11.240.751,24, divididos em parcelas mensais de R$ 936.729,25. De acordo com a superintendente do HC da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, embora o valor total pareça alto, ele não será capaz de ampliar os serviços de oncologia oferecidos.

“Atualmente, o HC realiza mil quimioterapias por mês. O dinheiro ministerial que vem é um dinheiro que já tenta auxiliar os atendimentos para fazer com que eles continuem se mantendo”, destaca a superintendente do HC.

Esse recurso, explica Elaine, será dividido entre todas as áreas que atendem oncologia na Unicamp – o HC, o Hemocentro, o Hospital da Mulher (Caism) e o Gastrocentro. A divisão da verba será feita de acordo com a produção de cada uma das unidades. A superintendente afirma que o próprio Governo Federal vê com bons olhos a iniciativa de partilhar o recurso desta maneira.

Elaine Cristina de Ataíde, superintendente do HC da Unicamp

“No âmbito da saúde, essa verba não é suficiente para ampliação, é suficiente para manutenção, uma vez que somos contratados, atualmente, para fazer 300 quimioterapias e já fazemos mil. E mesmo com essas mil, nós temos um déficit populacional. Poderíamos aumentar para dois mil para tentar diminuir a taxa de represamento”, explica Elaine.

A superintendente do HC da Unicamp aponta que seria necessário um aporte maior para suportar uma ampliação de vagas e realizar novas cirurgias e explica que isso se faz necessário porque o HC ainda lida com o represamento causado na pandemia, o que gerou aumento na fila de espera.

“O HC já possui um projeto para isso, apresentado ao governo do Estado de São Paulo. É por meio desse projeto que temos o objetivo de dobrar as quimioterapias, passando de mil para duas mil”, reforça Elaine.

Para a Rede Mário Gatti de Urgência, Emergência e Hospitalar, o valor a ser recebido será de R$ 2.158.582,64. O presidente da Rede, Sérgio Bisogni, tem uma visão semelhante à da superintendente do HC, de que o aporte não será suficiente para ampliar os atendimentos.

“O recurso é bem-vindo, mas não resolverá os problemas de financiamento”, afirma.

Esse valor, segundo Bisogni, equivale praticamente ao custo mensal do tratamento oncológico, que gira em torno de R$ 2,3 milhões, contando despesas com pessoal, medicação, manutenção predial, entre outros.

Perfil de casos

O tratamento do câncer pode ser feito através da cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos casos, é necessário combinar mais de uma modalidade. Maria da Silva Pereira, de 60 anos, mora em Sumaré e fazia sua última quimioterapia no HC na tarde de quinta-feira (19), quando foi entrevista pela equipe de reportagem do jornal Correio Popular. Ela começou o procedimento no mês de julho, após descobrir um câncer no intestino. Desde então, ela precisava ir ao HC da Unicamp a cada 21 dias.

“Hoje é minha última sessão, mas agora vou começar com a radioterapia”, conta, sentada em uma das cadeiras em que realizava o procedimento.

Desde que descobriu o câncer, Maria precisou mudar os hábitos. Ela sentia muito enjoo e precisou se livrar dos temperos na comida, além de precisar contar ainda mais com apoio das filhas.

“Vivo com uma filha e ela faz tudo. Fico longe do fogão. Como descobri o câncer, também tive que parar de trabalhar e ainda não me aposentei, mas tenho sido bem atendida toda vez que venho aqui”, disse à reportagem.

Dados

De acordo com dados de 2017, o câncer, como grupo de doenças, foi responsável por cerca de 20% das mortes em Campinas, ficando atrás somente das doenças cardiovasculares. Os casos mais comuns, conforme a Secretaria Municipal de Saúde de Campinas apresentou em 2018, foram o câncer de próstata, de mama, de cólon e reto.

Entre as mulheres, o câncer de mama correspondia, na época, a 28,7% dos casos da doença na cidade, seguido de cólon e reto (12,6%) e glândula tireoide (8,25).

Nos homens, o de próstata representava 29,1% dos casos. O câncer de cólon e reto é o segundo tipo que mais atingiu os homens, correspondendo a 11,3% dos casos da doença e, em terceiro lugar na população masculina, aparece o câncer de traqueia, brônquios e pulmões (6,7%).


Matéria originalmente publicada por Isadora Stentzler no jornal Correio Popular


Edição de texto: Edimilson Montalti – Núcleo de Comunicação HC Unicamp
Fotografia: Julia Erler – Núcleo de Comunicação HC Unicamp

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