O Hospital de Clínicas da Unicamp alcançou a marca de 3.500 transplantes de rins realizados. A paciente 3.500 é a jovem Elida Trindade de 27 anos, nascida no interior de Alagoas e que descobriu sua doença renal, em estágio avançado, pouco depois de mudar-se para a cidade de Arthur Nogueira, na Região de Campinas. Durante 40 meses, Elida dependeu da hemodiálise e no dia 2 de julho recebeu a boa notícia de rim compatível. O transplante foi considerado pela equipe médica bem sucedido e a jovem terá alta nesta quarta-feira depois de 23 dias, acompanhada da mãe.
O serviço de transplante renal da Unicamp é o primeiro no País, fora de uma capital, a alcançar essa marca. O anúncio será feito em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (24) pela superintendente professora Elaine Cristina de Ataíde, pela coordenadora do programa de transplante renal da Unicamp professora Marilda Mazzali e pelo cirurgião transplantador Adriano Fregonesi. “Temos muito orgulho do nosso serviço que situa-se entre os maiores centros transplantadores do Estado e do Brasil, em que nossas avaliações são bem classificadas pelo Ministério da Saúde”, assegurou a superintendente que é cirurgiã transplantadora.
Durante a coletiva de imprensa o coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO-Unicamp) com 127 cidades, Helder Zambelli destacou que o crescimento das doações foi importante na última década. “Porém, a recusa dos familiares ainda é alta estimada em média em quarenta e seis por cento”, explica Zambelli. O transplante de rins melhora qualidade de vida e devolve o paciente à vida normal quando comparado à diálise. “Como hospital universitário, além dos transplantes e benefícios aos pacientes, temos a qualificação e formação de transplantadores em atuação por todo país”, destaca Marilda.
Elida Trindade mudou-se para Nova Odessa há quatro anos. Nascida em Ibateguara, a 100 quilômetros de Maceió, é a mais nova de três irmãs de uma família simples. “Tive uma infância muito feliz, criada apenas pela minha mãe que desempenhou o papel de mãe e pai ao mesmo tempo. Porém nunca nos faltou nada”, salienta. A jovem afirma que os “sonhos” mudaram depois da descoberta da doença. “Se essa pergunta fosse feita a um mês atrás, eu claramente não pensaria e diria que meu maior sonho é meu celular tocar com o anúncio de que ganharei novos rins. Graças a Deus esse sonho agora é a minha realidade, então sonhos eu tenho muitos e peço a Deus que ele me abençoe para que eu possa realizar cada um deles”, relata Elida.
“Tudo começou com muita fadiga e manchas roxas que surgiram no meu corpo. Após passar por consulta com a equipe do HC da Unicamp, os exames revelaram uma anemia muito importante e uma perda da função renal. O meu maior susto foi quando as médicas me disseram que eu teria que começar a dialisar e entrar para a fila do transplante renal. Perdi meu chão mas nunca deixei de acreditar em DEUS, na minha família, nos médicos, nos meus amigos e especialmente nessa abençoada família que autorizou a doação dos órgãos. Fui muito bem tratada aqui na Unicamp”, comentou Elida.
O cirurgião urologista e transplantador Adriano Fregonessi esclarece que a entrada de pacientes é maior do que a saída de pacientes transplantados, o que gera ampliação da fila. “O envelhecimento da população e a expansão das doenças metabólicas como diabetes, hipertensão entre outras estão inserindo cada dia mais pacientes com insuficiência renal para os sistema público e privado de saúde, lembrando que, um paciente transplantado a médio e longo prazo acaba sendo menos oneroso em comparação aquele que necessita da diálise por longo tempo”, detalhou Fregonessi.
O programa de transplante renal do HC realiza em média 150 transplantes renais/ano, sendo cerca de 90% com rins de doadores falecidos. É o único centro transplantador pelo SUS na região, sendo referência para pacientes em diálise, em uma região de abrangência que ultrapassa os limites da Região Metropolitana de Campinas (RMC), englobando as Diretorias Regionais de Saúde (DRS) de Campinas, São João da Boa Vista e Piracicaba.
A lista de espera para o transplante renal, diz Marilda, conta com cerca de 500 pacientes prontos para o procedimento, e quantidade semelhante em preparo para a cirurgia. Esta atividade coloca o serviço da Unicamp entre os 10 mais ativos do país, sendo referência como centro de treinamento de nefrologistas e urologistas especializados em transplante renal. “Cada transplante realizado é uma nova esperança e nada disso seria possível sem os doadores”, ressalta Mazzali. O primeiro transplante renal realizado pelos médicos da Unicamp foi em 1984, na Santa Casa de Saúde.
A professora Marilda Mazzali esclarece que o Serviço de Transplante Renal do Hospital de Clínicas da UNICAMP recebeu no final do ano passado, a certificação Nível A através da avaliação de indicadores do Programa de Qualidade no Processo de Doação e Transplantes (Qualidot) do Ministério da Saúde. A classificação prevê a concessão de incentivo financeiro adicional de 80% nos procedimentos e será renovada a cada 2 anos, pelo hospital junto a Central Estadual de Transplantes e a Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes. “Estamos entre os 10 centros mais ativos do País”, comemora Mazzali.
Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC