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Fast-food, sofá, televisão e videogame substituem exercícios físicos, frutas e verduras no mundo moderno. Com tantos atrativos, o índice de obesidade infantil só tende a crescer. O novo modelo de vida oferecido a crianças e adolescentes preocupa pediatras, endocrinologistas e outros profissionais da área médica. Diante dessa nova realidade, o HC da Unicamp iniciou no último dia 12/04, o atendimento em ambulatório de obesidade infantil. Uma equipe formada por pediatras, nutrólogo, nutricionista, educador físico e psicólogo oferecerá atendimento às quartas-feiras, a partir das 13 horas. O ambulatório será coordenado pelos professores do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) Roberto Teixeira Mendes e Antonio Azevedo Barros Filho.

“O que importa para nós não é a avaliação estética, mas, primeiramente, saber se a pessoa é saudável ou não”, diz Mendes. Mas o especialista reconhece que, inegavelmente, na infância e na adolescência, os pacientes podem sofrer discriminação e receber apelidos dos colegas, daí a importância de o ambulatório funcionar com uma equipe multidisciplinar, na qual não pode faltar a presença do psicólogo.

Gordinho, fofinho, roliço… Alguns adjetivos carinhosos aplicados na infância, se não-vigiados, podem fazer de uma criança uma séria candidata à obesidade. Apesar da ditadura da beleza, não é só a questão estética que preocupa os especialistas. A explosão de casos nos últimos dez anos é responsável pelo aumento de algumas doenças que, no século passado, acometiam mais a população adulta, segundo Barros. Uma delas é a diabete 2. Há alguns anos, praticamente não existiam casos de crianças com esse tipo de diabete. As causas são dieta inadequada, rica em alimentos calóricos, a falta de exercícios e, conseqüentemente, a obesidade. Nesse tipo de diabete, o organismo produz insulina, mas as células se tornam resistentes à sua ação.

A discriminação, segundo Barros, pode ocorrer também no núcleo familiar. Na observação dos pediatras, os hábitos devem ser reavaliados por toda a família, primeiramente pelo fator genético e depois para não haver risco de diferença no próprio lar. “A rotina deve ser reavaliada por todos para que a criança não receba uma alimentação diferente e não tenha de praticar exercícios sozinha”, advertem. Mendes enfatizou que, se um dos pais for obeso, a probabilidade de a criança desenvolver o problema é de 50%. Mas se o pai e a mãe estiverem dentro desse quadro, há 75% de chance de a criança ser obesa.

Muitos outros sintomas e doenças probabilísticas que antigamente não eram problemas de criança hoje levam os pais ao consultório, entre eles enxaqueca, depressão e colesterol alto. Segundo Mendes, na maioria dos casos, os pais buscam atendimento por outras manifestações que não sejam obesidade. Neste caso, os responsáveis são alertados pelo pediatra que encaminham a criança para tratamento.

Além da predisposição genética e da alimentação inadequada, Barros atribui a explosão de obesidade e doenças decorrentes dela ao sedentarismo. “Hoje, os pais levam as crianças para a escola de carro e param na frente do colégio. O ideal é parar um pouco mais longe ou ir a pé, se a distância não for muito grande”, adverte. Pediatra lembra a frase de um amigo: “A obesidade é um preço que o homem paga por não ter que correr mais atrás da comida. Hoje, a comida chega até o homem.”

Comer sem fome

O pediatra Roberto Teixeira Mendes chama atenção para um comportamento quase não questionado. Já na primeira infância, a mãe insiste para que a criança se alimente na hora certa, independentemente de ela ter ou não fome. “Muitas vezes, na preocupação em estabelecer horários para a refeição, a mãe acaba insistindo para que a criança mame. Neste momento, ela estimula a criança a comer sem fome”, analisa.

Maria Alice Cruz – ASCOM 

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