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 A Unicamp cedeu ao Ministério da Saúde (MS) o direito de uso do Programa de Informações sobre Atendimento a Pacientes com Infecção por HIV (Piaph), um software que funcionará como um prontuário eletrônico a soropositivos.

A concessão permitirá a utilização da ferramenta em todos as unidades públicas de tratamento de pessoas com Aids. De acordo com o autor do software, o infectologista da Unicamp, William Barros de Abreu, o MS demonstrou interesse em estender o uso do software em outras unidades públicas de tratamento, desde que decidiu financiar a instalação das máquinas para desenvolvimento da pesquisa na Unicamp. “Tivemos uma reunião em Brasília, na qual eu realizei treinamento a médicos de mais cinco centros de atendimento a pessoas com HIV. Até então, o Ministério estava interessado em analisar a possibilidade de utilizar o software como ferramenta em outras unidades”, diz.

O prontuário eletrônico foi desenvolvido com respostas padronizadas, que podem ser consultadas com apenas um toque do infectologista no computador. Isso, segundo Abreu, permite melhorar a qualidade no atendimento, substituindo o tempo gasto com as inúmeras pastas do prontuário pela qualidade da atenção ao paciente. Além de qualificar o tempo, o novo programa pode tornar mais eficientes as campanhas de prevenção à doença, dada a capacidade de armazenar dados sobre comportamento epidemiológico. “É possível saber quais eram os hábitos do paciente para saber como foi infectado”, revela.

O programa pode ter impacto também na redução de gastos com exames laboratoriais, pois permite o registro de receituários e resultado de exames. Ele acrescenta que o volume de papéis acumulados no prontuário manual pode fazer com que algum exame já realizado passe despercebido pelo médico. “Com a avanço no tratamento, a sobrevida é longa, e isso faz com que o prontuário manual acumule várias pastas e algumas informações passem a ser vistas pelo infectologista”, constata.

Hoje, na Unicamp, numa manhã ou tarde, cerca de 25 a 40 pacientes são atendidos e, se aparece alguém que não esteja passando bem, é atendido pelo mesmo número de médicos. O atendimento acaba sendo mais rápido, diante da demanda, e esta necessidade de apressar o atendimento pode fazer com que o médico deixe de fazer outros questionamentos e também não tenha tempo de consultar adequadamente o histórico para saber a evolução do paciente. A nova ferramenta permite uma consulta rápida a toda a evolução do paciente e a impressão desses documentos, que eram manuscritos

Abreu enfatiza que o Brasil gasta em média 600 milhões por ano na aquisição de medicações antirretrovirais. “Quanto mais dados fidedignos o governo tiver para se embasar, melhor a utilização de recursos. O software pode contribuir bastante neste sentido”, afirma.

Entre as principais aplicações do prontuário eletrônico, o infctologista cita que o software permite aos especialistas o preenchimento de todos os documentos exigidos a cada consulta, entre eles relatório de consultas, pedidos de exames, receitas, formulários de solicitações de remédios que devem ser enviados para controle do MS. Enquanto utiliza o software para atendimento, o infectologista pode alimentar a base de dados. O número de dados a serem armazenados em um prontuário é muito grande porque pacientes com HIV têm sobrevida longa. “Existem pacientes com quinze anos de atendimento e cada consulta obriga o preenchimento de muito papel. Isso gera a primeira dificuldade, pois um prontuário chega a somar quatro pastas diferentes”, ressalta William Barros de Abreu.

Maria Alice Cruz – ASCOM

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