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A equipe médica da Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da Unicamp, comemora nesta quarta-feira (17/08), às 17 horas, no ambulatório de otorrino do hospital, a centésima cirurgia de implante coclear, que é destinado a pacientes com deficiência auditiva de origem neurosensorial profunda. Com parte da comemoração, será ativado o aparelho de uma das últimas pacientes, que há vários anos vinha apresentando surdez progressiva. Hoje, a Unicamp é um dos cinco centros de referência de implante coclear no Brasil e desde o início das atividades, em 2001, já recebeu pacientes quase todos os estados.

O coordenador do programa na Unicamp, Paulo Porto, explica que o implante coclear é um aparelho que fornece a possibilidade de reabilitar pacientes com deficiência auditiva, que não conseguem benefícios dos aparelhos auditivos disponíveis. Pode ser implantado em crianças que nasceram com o problema de audição ou em adultos que sofreram algum tipo de acidente (alguma infecção ou ainda com alguma patologia grave), que ocasionou a perda da audição. Na Unicamp, 49 % dos pacientes implantados são adultos e 51% crianças.

A partir de 2003, começaram os procedimentos em crianças com até cinco anos de idade. O primeiro foi M.P.K, 4 anos, que veio de Curitiba, onde recebeu os primeiros cuidados desde o seu nascimento por surdez idiopática (sem causa aparente). A cirurgia foi muito bem-sucedida. “ A escolha do paciente infantil é mais difícil e é importante dizer que nem todas as crianças são candidatas a essa forma de reabilitação”, diz Porto.

Segundo o coordenador do Serviço, os resultados têm sido surpreendentes. Todos as pacientes ativados melhoraram sua capacidade de comunicação. Dos pacientes que já ouviram antes e perderam a audição (chamados pós-linguais) cerca de 65 % tem utilizado o telefone, alguns com desenvoltura impressionante, diz Porto. A equipe tem recebido relatos emocionantes dos pacientes: ouvindo a voz da filha pela primeira vez, ouvindo o som de passarinhos, ouvindo o som da chuva pela primeira vez; falando em ambientes diversos, entre outros

A deficiência auditiva afeta cerca de 10% da população mundial, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Só no Brasil, 350.000 pessoas têm perdas severas ou profundas de audição, a maioria necessitando de implante coclear. A cirurgia consiste em implantar um grupo de eletrodos na cóclea (parte interna do ouvido), para realizar as funções das células auditivas danificadas ou ausentes, através do estímulo elétrico das terminações remanescentes do nervo auditivo. O aparelho só é ligado 40 dias após a cirurgia.

A cirurgia é 100 por cento financiada pelo SUS e leva em média três horas. No ambulatório de implante coclear da Unicamp, todos os candidatos ao implante coclear passam por avaliações rigorosas realizadas por uma equipe multidisciplinar do HC. O objetivo é determinar se os pacientes se encaixam nos critérios para realização desse tipo de cirurgia. O implante coclear foi desenvolvido em 1977 nos Estados Unidos e no Brasil, a Unicamp foi uma das primeiras a disponibilizar o serviço em 2001.

Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC

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