A Campanha Nacional da Voz, promovida pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz, de 11 a 16 de abril, chega à Unicamp na quarta-feira, dia 12. Neste dia, sob a coordenação da disciplina de Otorrinolaringologia, a campanha vai oferecer atendimento à população da Região Metropolitana de Campinas. Interessados devem procurar o Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, das 8 às 16 horas. Os participantes com diagnóstico de câncer inicial de laringe serão agendados e tratados no HC.
A Unicamp participou da criação da campanha desde o início e coordenou nacionalmente as campanhas nos anos 2001 e 2002, quando foi alcançada a maior extensão nacional. Já em sua oitava edição, a campanha será representada neste ano pela atriz Andréa Beltrão e promoverá ações de conscientização em todo o país.
O uso inadequado e abusivo é, em geral, a principal causa dos problemas da voz. O fumo é outro grande vilão, responsável por 97% dos casos de câncer de laringe, como explica o médico Agrício Nubiato Crespo, chefe do Departamento de Oftalmo-Otorrinolaringologia, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
Assim como qualquer estrutura de nosso corpo, as cordas vocais – responsáveis pela vibração que produz a voz – ficam sobrecarregadas quando são muito exigidas. Por isso, as pessoas mais afetadas por problemas de voz são os profissionais que dependem dela para trabalhar, como os professores, por exemplo.
Alguns sintomas podem ser indicativos de que algo não vai bem. Rouquidão persistente por mais de 15 dias, pigarros, dores constantes de garganta, sensação de incômodo ao engolir alimentos e perda da voz são alguns dos sinais que servem de alerta. Laringites ou o surgimento de pequenos cistos, ou ainda de nódulos ou pólipos são alguns dos problemas mais comuns que podem causar distúrbios vocais.
Apesar de apresentar um significativo aumento no nível de consciência das pessoas sobre os problemas relacionados à voz, o Brasil ainda está entre os países que têm as maiores incidências de câncer de laringe. São, ao todo, 15 mil casos diagnosticados por ano, mais da metade deles fatais.
Segundo Agrício Crespo, o número de mortes poderia ser menor se as pessoas prestassem mais atenção nas alterações da voz e procurassem avaliação médica nas fases iniciais do problema, o que aumentaria as chances de cura. Quem fica rouco sem melhora por mais de 15 dias deve procurar um especialista, alerta o otorrinolaringologista. Cerca de 3 mil profissionais, entre otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos, devem participar ativamente da campanha neste ano.
O câncer de laringe é mais freqüente na população masculina e, quando diagnosticado precocemente, possibilita taxa de cura acima de 90% através de métodos conservadores. A Disciplina de Otorrinolaringologia da Unicamp é pioneira nacional no tratamento endoscópico do câncer de laringe em instituições públicas. Este serviço esta disponível à comunidade. A campanha da viz 2006 está sendo divulgada nas emissoras de rádio e pela distribuição de outdoor nas principais vias de circulação.
Diagnóstico precoce aumenta em 95% as chances de cura em casos de câncer de laringe
É muito comum esquecer-se da saúde vocal até que ela esteja comprometida. Entre os brasileiros, o problema vocal mais comum é a rouquidão. Para os especialistas, este sintoma pode ser um dos indicadores do câncer da laringe – se a rouquidão persistir por mais de duas semanas, há motivos para preocupação.
Infelizmente, médicos e especialistas só são procurados quando os problemas vocais já estão bastante agravados. A grande maioria esquece da prevenção e não dá atenção a sinais de que algo está errado na garganta. Ardor, pigarro, rouquidão, irritabilidade, dor no pescoço, dificuldade em engolir e a sensação de que existe “uma bola na garganta” são os principais sintomas. A prevenção pode passar por atitudes simples como não falar alto, não beber líquidos gelados, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas, tomar bastante água e dar pequenas pausas para as cordas vocais durante o dia.
Quando diagnosticados precocemente, a maioria dos problemas de saúde vocal tem grandes chances de ser solucionado. O tratamento de problemas vocais pode ser realizado através da fonoterapia, da medicação, da cirurgia ou da associação destas. Quanto mais cedo acontecer o diagnóstico, maiores as chances de tratamento através da fonoterapia ou de medicamentos. Por isso, para quem faz uso profissional de sua voz, a prevenção se torna ainda mais importante.
As chances de cura do câncer de laringe, por exemplo, chegam a 95% quando há diagnóstico precoce.
A falta de conscientização é tão grande que, mesmo quando a saúde vocal já está bastante comprometida, a maioria das pessoas apela para gargarejos, pastilhas e sprays, pensando que o tratamento está concluído. Na verdade, essas soluções caseiras podem agravar o quadro e devem ser evitadas.
Dia Mundial da Voz, iniciativa brasileira com reconhecimento internacional
A Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz criou a “Semana Nacional da Voz” em 1999. O sucesso da campanha brasileira foi tão grande que outros países resolveram adotar a idéia brasileira. Esse trabalho foi reconhecido pelos mais importantes órgãos da Otorrinolaringologia mundial, como a Federação Internacional das Sociedades de Otorrinolaringologia, a Academia Americana de Otorrinolaringologia e a Sociedade Européia de Otorrinolaringologia. O reconhecimento gerou a aliança responsável pela homologação do “1º Dia Mundial da Voz”, instituído em 2003. Portugal, Espanha, Bélgica, Suíça, Itália, Argentina, Chile, Venezuela, Panamá e Estados Unidos já participaram das duas primeiras edições internacionais da campanha. Neste ano, mais países devem aderir ao evento.
Histórico
1999 – A Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz lança a Campanha Nacional da Voz, voltada para atender e orientar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde vocal. Acontece a 1ª Semana Nacional da Voz, com atendimento gratuito em todo o país.
2000 – Em todo o Brasil foram realizadas palestras sobre mecanismos de produção vocal, higiene da voz, principais doenças na região de laringe e de seus respectivos meios de prevenção. A campanha foi amplamente divulgada pela mídia.
2001 – Apresentadores, atores e cantores participaram de espetáculos, shows, e peças de teatro para divulgar a campanha. No total, 41.052 exames foram realizados – em 44,12% dos casos foram encontradas evidências de alteração da voz e em 26,33%, evidências de lesão na faringe ou laringe.
2002 – Nessa edição da campanha, a voz profissional mereceu destaque. Enfermidades vocais têm grande impacto social, psicológico, biológico e econômico. Mais de R$ 100 milhões são gastos por ano com licenças, afastamentos e readaptações por disfonia (rouquidão). Em todo o país foram realizadas atividades informativas, sempre sob a coordenação de um otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo. Mais uma vez, a divulgação na mídia foi ampla.
2003 – A campanha ganhou reconhecimento internacional e o dia 16 de abril entrou para o calendário como o Dia Mundial da Voz, com a adesão de países como Portugal, Espanha, Bélgica, Suíça, Itália, Argentina, Chile, Venezuela, Panamá e Estados Unidos. No Brasil, a Semana da Voz atendeu cerca de 45 mil pessoas em todo o País e teve Pelé e Assíria como os grandes ícones de divulgação.
2004 – O 2º Dia Mundial da Voz foi marcado por uma grande cobertura da imprensa, com repercussão nos principais veículos de comunicação do País. Ações de conscientização sobre os cuidados com a saúde vocal foram realizadas, tendo como principal representante o ator Lima Duarte.
2005 – Em sua última edição, a Campanha Nacional da Voz contou com a participação de mais de 5 mil profissionais nos 250 centros de saúde, hospitais e consultórios cadastrados na campanha, que promoveu atendimento e teve o importante apoio do casal de atores Cláudia Raia de Edson Celulari em sua divulgação.
2006 – Afine a sua saúde. Cuide da sua Voz. Este é o tema da campanha que será realizada pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz, entre os dias 11 e 16 de abril, com o objetivo de orientar e prevenir contra as doenças que atingem o aparelho vocal. Já em sua oitava edição, a Campanha Nacional da Voz será representada neste ano pela atriz Andréa Beltrão e promoverá ações de conscientização em todo o País.
(Fonte: Portal da Unicamp)
Caius Lucilius – Assessoria de Imprensa HC