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Pesquisa realizada com 57 pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica (redução do estômago), no Ambulatório de Obesidade Mórbida do Hospital das Clínicas da Unicamp, apontou índice de comprometimento da saúde bucal acima da média regional e da nacional nessa população. A constatação foi feita pela cirurgiã-dentista Beatriz Balduino Ferraz da Silva em sua dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP). A pesquisa foi orientada pela professora Dagmar de Paula Queluz.

Segundo a pesquisadora, a necessidade de um acompanhamento especializado antes e após a cirurgia se faz necessário por vários motivos. Primeiro, porque o paciente que se submete ao procedimento necessita mastigar muito bem os alimentos devido à capacidade gástrica reduzida. O que Beatriz observou, no entanto, é que na amostra da pesquisa 87,7% dos pacientes apresentaram necessidade de prótese dentária. “Constatei a ausência de dentes ou próteses em condições inadequadas, o que pode levar a dificuldades na mastigação”.

Outro fator refere-se às condições pós-operatórias. Na maioria das vezes, a pessoa sofre com vômitos freqüentes por um período. “Para eliminar o gosto ruim da boca, o paciente acaba escovando os dentes na seqüência, quando na verdade o recomendado é utilizar soluções alcalinas para neutralizar a acidez salivar antes da escovação. A acidez amolece a superfície dos dentes, causando a erosão dental”, explica.

Além de fazer a avaliação clínica e identificar os principais problemas dentários desses pacientes, a cirurgiã dentista também aplicou questionário avaliando a autopercepção que possuem da saúde bucal. Há relatos, destaca Beatriz, que a pessoa não procurava o dentista por conta do excesso de peso. “Eles diziam que tinham medo de sentar na cadeira e quebrá-la ou ainda passar por outros tipos de constrangimento pelo excesso de peso. Eles procuram o tratamento apenas em situações emergenciais, entre as quais quebra de dente ou dor”, esclarece.

A partir destes resultados, Beatriz destaca a importância de se incluir um cirurgião-dentista na equipe multidisciplinar que realiza a cirurgia de redução de estômago. Para ela, tanto no pré quanto no pós-cirúrgico as orientações especializadas associadas à reabilitação protética poderiam auxiliar muito na redução dos índices de comprometimento e minimizar os riscos pós-operatórios a que esses pacientes estão sujeitos. Ela justifica argumentando sobre o aumento significativo deste tipo de intervenção no Brasil. Só o Hospital da Unicamp realiza quatro cirurgias por semana.

(Colaborou César Maia, da FOP)

RAQUEL DO CARMO SANTOS

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